Roteiro no EGITO

Uma terra encantada

Quem não se encanta com as histórias do Antigo Egito? Histórias de faraós, deuses, seres mitológicos, tapetes mágicos, pirâmides, templos faraônicos, romances e intrigas?

A mim, definitivamente encanta.

Eu já havia ido previamente ao Egito, quando era criança, com meus pais. Como ficou aquele gostinho de quero mais, resolvi retornar a esse país mágico, depois que me tornei adulta.

Transcrevo, assim, nesta postagem minhas anotações feitas à mão em meu diário de bordo, sobre o roteiro no Egito, que eu fiz no ano de 2006, juntamente com meu namorado, que depois se tornou meu marido.

Porém, por pouco, eu não fiquei viúva mesmo antes que casasse. Por que? Porque quis matar essa bênção de marido. Por que? Porque logo depois que terminamos nosso roteiro no Egito e deixamos o país, ele, sem querer, apagou todas as nossas fotos de lá. Como resultado, quase enfartei.

Felizmente, fizemos algumas amizades durante a viagem e um casal, Sra. Madeleine e Sr. Alfred Samuel Andrawis, nos enviou posteriormente as fotos do cruzeiro que fizemos no rio Nilo.

Dessa forma, as fotos deste blog não são nossas, e sim de gentis amigos que nos enviaram. As demais fotos, por outro lado, foram extraídas de um banco gratuito, cujos créditos serão devidamente mencionados.

Dia 1 - Início do roteiro no Egito: Cairo

Dando início ao nosso roteiro no Egito, chegamos ao Cairo por volta das 16h00 e em seguida apanhamos uma van até o Hotel Intercontinental Semiramis, na beira do rio Nilo. O hotel era muito bonito e agradável. Antes de mais nada, passamos na agência de turismo que ficava dentro do próprio hotel e reservamos um cruzeiro pelo rio Nilo, além do voo para Abu Simbel (ambos, passeios imperdíveis). 

Por fim, fomos jantar dentro de um barco que navegava pelo Nilo, com um buffet de comida árabe e apresentações de danças ao vivo – dança do ventre e dança “sufi”. A primeira é bastante conhecida, claro. A segunda, nem tanto, e se trata de uma dança egípcia típica, apresentada por homens, que rodam e fazem piruetas com uma espécie de manto colorido, em forma de saia.

Dia 2 - Cairo e arredores

Neste dia, contratamos um guia,  para nos levar às ruínas faraônicas que ficam ao redor do Cairo. 

A primeira parada foi a região das grandiosas pirâmides de Gizé, principal ponto de um roteiro no Egito. Visitamos as milenares pirâmides, caminhando pelas imediações. Além disso, andamos de camelo ao lado delas (meio assustador, mas divertido).

Cada pirâmide leva o nome do faraó que a construiu para que lhe servisse de câmara mortuária. 

A maior das pirâmides é Quéops (ou Khufu, na língua original), com 146 m de altura, e data do ano 2.570 antes de Cristo (a.C.). 

A segunda em ordem de tamanho é Quéfren (ou Khafre, sendo que este faraó era filho de Quéops), com 136 m de altura.

A terceira pirâmide é Miquerinos (ou Menkaur), com 62 m de altura.

Todas são igualmente da 4ª dinastia de faraós do Egito.

Alguns milênios mais tarde, as pirâmides foram depredadas pelos islâmicos, que durante a construção do Cairo, retiraram pedras para serem utilizadas na construção de mosques e palácios.

Pirâmides de Gizé:
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Foto de Pete Linforth - Pixabay

Saindo das pirâmides, o guia nos levou a uma fábrica de perfumes e logo depois à Esfinge.

Ela é a guardiã da pirâmide de Quéfren e foi erigida porque, durante a construção da pirâmide, foi encontrada uma rocha mais resistente, que tinha o formado do corpo de um leão. Dessa forma, o faraó decidiu mandar esculpir seu rosto naquilo que parecia ser um leão.

Ao contrário do que se diz, não foi Napoleão quem quebrou o nariz da esfinge, mas sim os árabes, entre o século XI e XV.

Esfinge:
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Foto de Nadine Doerle - Pixabay
Pirâmide de Saqqara:

Em seguida, o guia nos levou a uma fábrica caseira de papiros, cujo proprietário demonstrou como ele é feito. Primeiramente, o junco é colhido e picado no tamanho desejado. Posteriormente, ele é fatiado, martelado e prensado com um rolo para extração da água. Além disso, ele é deixado de molho por uma semana, até criar uma espécie de cola. Logo depois, as tiras são dispostas lado a lado e cruzadas e deixadas sob uma prensa. Finalmente, o papiro estará pronto para ser pintado.

Fomos, então, para Mênfis, primeira capital do Egito unificado, fundada pelo primeiro imperador das duas terras, Menes, da 3ª Dinastia, em 3.100 a.C. Ali se encontram algumas estátuas que eram do antigo templo de Ptah, deus egípcio da escuridão. 

A próxima parada foi a pirâmide de Saqqara, ainda em Menfis, que tem um formato diferente (ela foi feita em “camadas”). Essa pirâmide é mais antiga do que as pirâmides de Gizé e se destinava a ser a tumba do faraó Zozer. Quem a erigiu foi seu vizir e arquiteto real, Imotep, no ano de 2.650 a.C. 

Saqqara:
Egito Saqqara
Foto de Squirrel - Pixabay

Ao fundo de Saqqara (cerca de 15 km de distância), é possível avistar a pirâmide curva de dois ângulos, bem como a Pirâmide Vermelha (esta última, a mais antiga pirâmide lisa do Egito).

Ainda dentro da necrópole de Saqqara, visitamos outras tumbas, dentre elas, as de:

Kha-Gmni, também conhecido como Ti, um ministro. As inscrições nas paredes são belas e bem preservadas, sobretudo nas cores, e representam cenas de sua vida;

Teti (ou Titi): primeiro faraó da 6ª dinastia. Descemos um estreito corredor até o interior e chegamos até seu sepulcro, feito em alabastro.

Mereruka: também com belas inscrições, coloridas e bem preservadas.

Saímos de Saqqara e fomos em seguida almoçar em um restaurante aberto, em um lindo jardim, que servia comida árabe (hommus, babaghanouge, coalhada etc.), com músicos tocando ao vivo derbaqui, bem como flauta.

Por fim, retornamos ao Cairo.

Fim de tarde no Cairo

Na parte da tarde, apanhamos um metrô e fomos até o bairro Copta do Cairo. Os coptas são cristãos egípcios que se desvincularam de Roma por divergências de credo (entendem que Jesus é uma divindade, e não humano).

No Séc. II d.C., os romanos construíram uma fortaleza neste bairro, da qual sobrou somente uma torre, localizada logo na entrada do bairro. Demos uma volta pelas redondezas, passando pelo museu, pela Torre Romana, pela Igreja Suspensa (que foi construída sobre uma ponte da fortaleza), igreja, bem como mosteiro de São Jorge.

Saindo de lá, fomos visitar a parte externa do mosque Amir Ibn al-As. Neste local foi construído o primeiro mosque islâmico do Cairo, em 642 d.C. Porém, o atual edifício tem muito pouco da construção original. O nome do mosque foi dado em homenagem do invasor Amir Ibn al-As, de etnia árabe, o qual impôs a religião islâmica ao Egito.

Repare que os faraós egípcios da antiguidade não eram árabes e não se confundem com eles: os egípcios tinham uma etnia própria, uma língua própria e uma escrita própria! A cultura árabe apenas foi imposta séculos depois, no ano de 639 d.C., por invasores árabes, vindos do oriente médio e que encontraram um império que já havia sido conquistado por gregos e por bizantinos. Contudo, a cultura árabe perdura até os dias de hoje, na religião, na língua, nos costumes, na comida etc.

Em frente ao mosque, havia um grupo de garotinhos jogando futebol e o Pedro se juntou a eles, no bate bola. Eles adoraram!

Retornamos ao hotel e tomamos uma cerveja na sacada, apreciando a vista do rio Nilo.

Dança do ventre no Cairo

Eu adoro dança do ventre, então, resolvemos incluir uma apresentação em nosso roteiro no Egito. No Cairo, há apresentações tradicionais, normalmente feitas em cabarés e congêneres (porque não é algo bem aceito pelos islâmicos), mas também há shows para turistas, em hotéis luxuosos, de redes internacionais.

Optamos pela segunda modalidade, porque era nosso aniversário de dois anos de namoro e queríamos um jantar especial. Fomos, então, à apresentação do restaurante do Hotel Sheraton, assistir, segundo eles, à melhor dançarina do ventre do Egito. A surpresa foi que ela era justamente brasileira!

Dia 3 - Cairo

Museu Egípcio

Neste dia, em primeiro lugar, visitamos o incrível Museu Egípcio, imperdível em um roteiro no Egito. Lá encontram-se diversas estátuas de faraós, sarcófagos, inscrições, entre outros objetos históricos, datados de alguns milênios antes de Cristo.

O ponto alto do museu é definitivamente a galeria de Tutankhamon, o jovem faraó que governou o Egito de 1.336 a.C. a 1.327 a.C., e morreu com 18 anos de idade, e cuja tumba foi descoberta em 1922, pelo arqueólogo Howard Carter.

Todos os objetos encontrados em sua tumba foram levados a este museu e estão praticamente intactos: peças lindíssimas em ouro maciço, como amuletos, colares, sandálias, cadeiras e também algumas roupas. As peças mais belas são seu sarcófago e sua máscara mortuária, ambas em ouro maciço e adornadas de pedras preciosas. 

Cairo
Foto de Gerhart G. - Pixabay

Outro ponto interessantíssimo é a sala das múmias reais, onde podemos ver onze múmias perfeitamente preservadas de faraós, tal qual  a de Sethi I e a de Ramsés II.

Egito Mumia
Foto de Jensie de Gheest - Pixabay

Para verificar os horários de funcionamento do museu, confira o site https://egymonuments.gov.eg/en/museums/egyptian-museum.

Citadel do Cairo

Depois que deixamos o museu, apanhamos um taxi até a Citadel do Cairo (Cidadela), um dos pontos mais bonitos da capital. Ela é, em síntese, uma espécie de vila fortificada.

A Citadel foi centro do governo egípcio por 700 anos. Quem começou sua construção foi o islâmico Saladino, no ano de 1.176 d.C., para protegê-la sobretudo contra os cruzados.

Posteriormente à dinastia de Saladino, os Mamluks estenderam ainda mais a cidadela. Os “Mamluks” eram uma milícia constituída por escravos turcos e que formaram uma casta militar, governando o Egito de 1.250 a 1.517.

Por outro lado, após os Mamluks, a cidadela foi tomada pelos turcos-otomanos, em 1.517, os quais a controlaram até 1.798, quando Napoleão Bonaparte tomou o Egito e passou a controlar aquela fortificação.

Por fim, Mohamed Ali, que era um tenente do contingente albanês do exército turco-otomano, libertou o Egito da dominação francesa  e tornou-se o primeiro pachá do Egito.

Ele coroou a Citadel com uma mesquita em estilo turco-otomano, construída no ano de 1.830.

Subimos, então, até a Citadel, cruzando seus portões de entrada. A vista do pátio era maravilhosa, pois podíamos ver todo o Cairo.

Cairo
Foto de Dezalb - Pixabay

Fomos, primeiramente, à lindíssima mesquita de Mohamed Ali. Precisamos tirar os sapatos para entrar e ali ficamos um tempo, apreciando a beleza dos detalhes do teto e da tumba de Mohamed Ali

Cairo
Foto de Makalu - Pixabay

Em contrapartida, ao lado da mesquita, está o mosque de Na-Nasir Mohammed, com um domo verde, em estilo mamluk, cuja construção data do ano de 1.318.

Mesquita Al-Rifa'i e Mosque-Madrassa do Sultão Hassan

Saindo da Citadel, caminhamos até a mesquita de Al-Rifa’i, que data de 1.867 e é o local onde estão enterrados os membros da família real, entre eles, o Rei Farouk, bem como último xá do Irã, Reza Pahlevi.

Ao lado desta última, está o Mosque-madrassa do Sultão Hassan (mosque e escola), em estilo mamluk, cuja construção data do ano de 1.356. O Sultão Hassan subiu ao trono aos 13 anos, mas foi assassinado, porém, antes de terminar a construção do mosque. 

No interior do mosque, há quatro “iwans”, ou seja, espaços onde funcionavam as quatro escolas do ensinamento islâmico sunita.

Cairo
Foto de Shady Shaker - Pixabay
Mosque Ibn Tulum

Em seguida, caminhamos mais um pouco e chegamos ao mosque Ibn Tulum, uma imensa construção retangular, que data do ano 876. O estilo arquitetônico do mosque é tal qual o iraquiano, pois o governante Ibn Tulum, que ordenou sua construção, era proveniente do califado de Baghdad (capital do Iraque).

Cairo
Foto de Simon Steinberger - Pixabay
Cairo
Foto de lapping - Pixabay
Outras mesquitas e mosques

Saindo dali, apanhamos um taxi que nos levou ao escondido e modesto mosque de Qaitbey, construído em 1.474, cuja imagem está impressa nas notas de uma Libra Egípcia.

O taxista igualmente nos levou ao mosque Barquq.

Por fim, desembarcamos na mesquita de Al-Azhar, que data do ano 970, onde analogamente funciona uma universidade. Nesta mesquita está a mais alta autoridade teológica do Egito. 

Ao lado de fora da mesquita está a Praça Midan Hussein. Ali paramos por um tempinho e ficamos observando a arquitetura, o movimento dos veículos, bem como das pessoas, tudo regido pelo som do muezzin (é ele quem faz o chamado para a oração). Achamos tudo aquilo muito emocionante.

Do outro lado da praça, fica a mesquita Sayyidna Al- Hussein, onde está enterrado Al-Hussein, neto de Maomé. A entrada, porém, é limitada a muçulmanos.

Mercado árabe Khan-el-Khalili

Ali perto também fica o souq Khan-el-Khalili (mercado árabe) e passamos o resto da tarde fazendo compras e barganhando muito! Faz parte da cultura árabe o ato de barganhar, então, não se iniba!

No meio das compras, fizemos uma pausa para tomar um café no centenário Fishawi’s Coffeehouse, que tem mais de 200 anos de existência. Além disso, fumamos shisha (narguilé), de tabaco aromatizado. 

egito

Dia 4 - Abu Simbel - sul do Egito.

O despertador tocou às 3h30 da manhã para que pudéssemos acordar e apanhar um voo do Cairo até Abu Simbel, no extremo sul do Egito, perto da fronteira com o Sudão.

Os turistas que vão a Abu Simbel para visitar os templos passam normalmente metade de um dia lá e esse tempo é mais do que o suficiente para conhecer as atrações da pequena vila. 

Havíamos comprado de antemão as passagens naquela agência de turismo que mencionei no início, que ficava dentro do hotel Intercontinental Semiramis (à época, aproximadamente R$200,00 por pessoa, pela Cia aérea EgyptAir).

Vale muito a pena fazer esse passeio e conhecer esses suntuosos templos.

Chegamos a Abu Simbel às 8h00 e um transfer da própria EgyptAir nos levou até a entrada do templo.

Em Abu Simbel existem dois templos magníficos construídos pelo famoso faraó Ramsés II, sendo um deles em homenagem a si próprio e outro em homenagem à sua mais amada esposa, Nefertari. Ambos datam o ano 1.244 a.C (antes de Cristo!).

Templo de Ramsés II

O templo de Ramsés conta com 35 metros de altura e em sua fachada está esculpido o próprio Ramsés II, por quatro vezes, bem como sua esposa Nefertari (em tamanho menor, batendo em seu joelho), sua mãe Tuya e seus filhos.

No interior, havia inscrições nas paredes, representando várias batalhas, dentre elas, a de Kadesh, na Síria, e a batalha contra os Hititas, na Líbia. Nesta última, Ramsés II foi pintado com quatro braços e dois pares de arcos e flechas.

Ao fundo, há uma sala com quatro deuses egípcios. O sol apenas ilumina o interior desta sala duas vezes por ano, no equinócio e no solstício, e nunca ilumina o deus da escuridão, Ptah.

Egito Abu Simbel
Foto de Loretta Rossiter - Pixabay
Templo de Nefertari

O templo menor, dedicado a Nefertari, possui quatro estátuas de Ramsés II e Nefertari, em tamanhos iguais. 

Egito Abu Simbel
Foto de Marina Perevalova - Pixabay

Esses dois templos iam ser destruídos, pois ficariam submersos pela ocasião da construção da represa de Aswan. Porém, diversas organizações internacionais se uniram e, em um esforço conjunto (mas principalmente da Unesco), removeram o templo, pedra por pedra, para uma região um pouco mais alta da margem, a cerca de 120 metros de distância do lugar original. Assim, o templo ficou a salvo da inundação. O processo durou quatro anos e ocorreu nos anos 70.

Depois de visitar os magníficos templos, demos um tempo em um café ali ao lado, até o horário de nosso voo.

Preparativos para o cruzeiro

Como íamos fazer um cruzeiro no rio Nilo, triangulamos nosso voo, para que na volta desembarcássemos em Aswan, de onde sairia o barco. O final do cruzeiro seria em Luxor, e de lá voaríamos para o Cairo.

Conforme eu disse acima, contratamos esse cruzeiro na agência de viagens que fica dentro do hotel.

Normalmente, os cruzeiros saem da cidade de Luxor e chegam a Aswan ou vice-versa, pois no trecho que fica entre estas duas cidades estão os principais e mais belos templos, às margens do Nilo. Há cruzeiros de 3, 4, 7 dias etc. Optamos pelo de 4 dias, passando por: Aswan, Templo de Philae, Templo de Kom Ombo, Templo de Edfu, Templos de Luxor e Karnak, Vale dos Reis (onde está a tumba de TutankAmon), Templo de Hatchepsut e Colossos de Mnemon

Assim que chegamos a Aswan, fomos direto ao porto e embarcamos no navio Rá I. Ele conta com cabines privativas, equipadas com camas e banheiro. Os passeios e as refeições estão incluídos no preço do cruzeiro. 

Todas as fotos relacionadas ao cruzeiro foram gentilmente cedidas pela Sra. Madeleine e Sr. Alfred Samuel Andrawis.

Nilo

Almoçamos no barco e descansamos. À noite, houve uma apresentação de dança núbia.

Dia 5 - Cruzeiro no Nilo, frustrado por uma intoxicação alimentar

Acordei com sintomas de intoxicação alimentar e mal consegui sair da cama. Eu passei muito mal, e depois deste dia, nunca mais viajei sem uma pequena “farmácia” em minha mala. Felizmente, meu marido conseguiu, juntamente com o funcionário do barco, ir a uma farmácia e comprar um medicamento forte para mim (porque os que eu tinha levado não estavam fazendo efeito). Somente consegui levantar de noite, para ver à apresentação de dança do ventre no barco. 

Dia 6 - Cruzeiro no Nilo (agora sim!)

Templo de Isis

Antes de mais nada, devo dizer que fazer um cruzeiro pelo Nilo é algo absolutamente imprescindível em um roteiro no Egito. Dessa forma, você poderá visitar os templos à beira do rio.

Pela manhã, enquanto o barco ainda estava aportado em Aswan, fomos ao Templo de Isis, na ilha de Philae. Para chegar à ilha, apanhamos um pequeno barquinho.

Este templo foi construído  no ano de 690 a.C., na era dos faraós ptolomaicos (faraó Ptolomeu II). Ele estava parcialmente submerso devido à construção da represa de Aswan e foi removido de seu lugar original e posteriormente restaurado. 

O templo é todo esculpido com desenhos em baixo relevo dos deuses Isis, Osiris, entre outros. 

Egito Philae
Egito Philae
Egito Philae
Egito Philae
Egito Philae
Kom Ombo

O barco zarpou no início da tarde e depois de algumas horas chegou ao imponente templo Kom Ombo, um dos mais bonitos que visitamos durante o roteiro no Egito. Foi uma cena impressionante ver, ao entardecer, o barco se aproximando lentamente deste templo, que fica na beira do Nilo. 

Kom Ombo foi construído no ano 200 a.C., época dos faraós ptolomaicos. É dedicado ao deus-crocodilo Sobek e ao deus-falcão Horus. Ali funcionava um centro médico e as técnicas medicinais deles eram bastante avançadas, para a época. Eles realizavam até cirurgias, usando bisturis feitos da pedra obsidiana. 

Kom Ombo
Kom Ombo
Kom Ombo
Egito Kom Ombo
Egito Kom Ombo
Egito Kom Ombo
Egito Kom Ombo
Egito Kom Ombo
Egito Kom Ombo
Egito Kom Ombo
Kom Ombo

Dia 7 - Cruzeiro no Nilo

Templo de Edfu

Durante a madrugada, o barco navegou até a cidadezinha de Edfu. Após o café da manhã no barco, fomos visitar o Templo de Edfu, que também é dedicado ao deus-falcão Horus, que é filho de Isis e Osíris. Este é o templo mais bem preservado do Egito. Foi construído por volta de 237 a.C., também na era ptolomaica.

As paredes e colunas do templo eram repletas de hieróglifos em baixo relevo.

Egito Edfu
Egito Edfu
Egito Edfu
Egito Edfu
Egito Edfu
Egito Edfu
Edfu
Egito Edfu

Quem eram os faraós ptolomaicos? Bem, em 332 a.C., Alexandre o Grande, que era grego, conquistou o Egito e deu início a uma nova dinastia de faraós, respeitando os costumes já existentes ali. Seus sucessores foram denominados faraós ptolomaicos e a capital do Egito, nesta época, era Alexandria, cidade que levou o nome em homenagem ao conquistador grego.

Retornamos ao barco e navegamos até a cidadezinha de Esna, onde há uma represa. 

Nilo
Karnak

De lá, apanhamos um ônibus para Luxor, atual nome da cidade, dado pelos árabes à antiga Tebas, que já foi capital do império egípcio. Ali se situam templos que são definitivamente imperdíveis em um roteiro no Egito.

Em Luxor, o primeiro templo que visitamos foi Karnak, o maior templo do Egito. Na verdade, é um complexo de templos, contendo uns maiores e outros menores. Eles foram dedicados ao deus Amon, sua esposa Mut e seu filho Khonsu

Passa-se primeiro pela avenida de esfinges (que tinha, antigamente, 3 km de extensão e ligava o templo de Karnak ao templo de Luxor). Depois, passa-se a uma imensa sala com 134 colunas, erigidas pelo faraó Sethi I e ornamentadas com altos relevos de plantas e flores de lótus por Ramsés II, seu filho.

Luxor_Karnak
Luxor_Karnak
Egito Luxor_Karnak
Egito Luxor_Karnak
Egito Luxor_Karnak

Karnak começou a ser construído no ano 2.200 a.C. e terminou por volta de 360 a.C., pelos faraós da 18ª a 20ª dinastia. Entre os que adicionaram partes novas ao templo estavam os faraós Sethi I, Ramsés II, Hatchepsut, Horembheb, Amenothep III e Tutmosis I

Cada faraó erigia estátuas de si mesmo, além de obeliscos, pilastras, paredões, muros, etc., tudo gravado com hieróglifos em alto relevo, relatando suas histórias – verdadeiros livros em pedra. 

 

Egito Luxor_Karnak
Egito Luxor_Karnak
Egito Luxor_Karnak
Egito Luxor_Karnak
Egito Luxor_Karnak
Egito Luxor_Karnak
Luxor_Karnak
Luxor_Karnak
Luxor_Karnak

Felizmente, consegui aparecer, por acaso, em ao menos uma foto! Sou a de boné azul.

Egito Luxor_Karnak
Egito Luxor_Karnak
Egito Luxor_Karnak
Luxor_Karnak
Egito Luxor_Karnak
Egito Luxor_Karnak
Luxor_Karnak

Uma peça que chama atenção é um grande escaravelho, construído pelo faraó Akhenaton, em homenagem ao deus disco-solar: 

Egito Luxor_Karnak
Egito Luxor_Karnak

Algumas partes do templo, não sujeitas à incidência direta da luz solar, apresentam resquícios da pintura original.

Egito Luxor_Karnak
Luxor_Karnak
Luxor_Karnak
Egito Luxor_Karnak
Egito Luxor_Karnak
Luxor

Após perambular pelo templo de Karnak, seguimos, de ônibus, para o templo de Luxor.

Este último foi construído pelo faraó Amenhotep III, em 1.390 a.C, e é dedicado à sua família (esposa Mut e filho Khonsu) e também ao deus Amon-Rá. Foi aumentado por outros faraós, dentre eles, por Ramsés II.

Na entrada do templo de Luxor também vemos a mesma avenida, que outrora o ligou ao templo de Karnak, com esfinges a ladeando, por toda sua extensão. 

Na frente do templo há um lindo obelisco, sendo que seu par foi doado à França, em 1829, por Mohamed Ali. O obelisco doado está atualmente na Praça de la Concorde, em Paris, no exato local antigamente ocupado pela guilhotina, durante a Revolução Francesa.

Luxor_Karnak
Luxor_Karnak
Egito Luxor_Karnak
Egito Luxor_Karnak
Egito Luxor_Karnak
Egito Luxor_Karnak
Egito Luxor_Karnak
Egito Luxor_Karnak
Luxor_Karnak
Luxor_Karnak
Egito Luxor_Karnak
Egito Luxor_Karnak

Dia 8 - Cruzeiro no Nilo

Neste dia, que era o último de nosso roteiro no Egito, acordamos enquanto ainda era madrugada e fomos visitar o Vale dos Reis, onde estão as tumbas de diversos faraós do Novo Império Egípcio.

Entramos nas tumbas de Ramsés I, Ramsés III, Ramsés IV, bem como na de Tutankhamon (nesta última, você precisa pagar um valor à parte). 

As tumbas dos diversos Ramsés são lindíssimas, com afrescos preservadíssimos nas paredes da cripta onde se encontram.

Tumbas de Ramsés (fotos cedidas pelo amigo Frederico Belculfine Mazza):

Egito Vale dos Reis
Egito Vale dos Reis
Egito Vale dos Reis
Egito Vale dos Reis
Vale dos Reis
Vale dos Reis
Vale dos Reis
Egito Vale dos Reis

Contudo, a mais impressionante foi a de Tutankhamon. A pintura e os afrescos dourados estão completamente preservados e não aparentam contar com milhares de anos (há apenas alguns fungos nas paredes). Um dos sarcófagos (o externo) está ali, sendo que os demais (os internos) estão no Museu do Cairo, conforme eu disse no início da postagem.

Egito Vale dos Reis
Foto de Gerhard G. - Pixabay

Passamos também em frente à residência de Howard Carter, o arqueólogo que descobriu a tumba de Tutankhamon, conforme eu comentei acima.

Templo de Hatchepsut

Depois que deixamos o Vale dos Reis, seguimos para o templo funerário de Hatchepsut, também chamado de Deir El Bahri.

Hatchepsut era filha legítima do faraó Tutmosis I, que só teve filhas mulheres com sua esposa legítima, conseguindo apenas com sua concubina ter um filho do sexo masculino, Tutmosis II. Hatchepsut foi obrigada a se casar com seu meio-irmão e eles também tiveram somente filhas mulheres. Por outro lado, Tutmosis II teve um filho, Tutmosis III, também com uma concubina. 

Como apenas homens poderiam ser faraós, Tutmosis III assumiu o trono após a morte do pai, sob a tutela de sua madrasta, Hatchepsut

Inconformada com essa regra sexista e ambicionando ser igualmente uma faraó, ainda mais porque ela era herdeira e filha legítima de um deles, Hatchepsut deu um golpe de estado e tomou o trono para si, usurpando-o de seu enteado. 

Hatchepsut reinou como faraó do sexo feminino por muitos anos e neste meio tempo ela incentivou fortemente as artes e o comércio. Mandou trazer ao Egito, por exemplo, hena, plantas medicinais, chiclete, animais, entre outros. Todavia, seu enteado Tutmosis III retomou o trono e ordenou a morte da madrasta.

Egito templo de Hatchepsut
Egito templo de Hatchepsut
Egito templo de Hatchepsut
Colossos de Mnemon - fim do roteiro no Egito

Deixamos o templo e, por fim, passamos pelos Colossos de Mnemon, que são enormes estátuas do faraó Amenhotep III, último ponto de nosso roteiro no Egito. 

Egito colosso de Mnemon

Fomos levados ao aeroporto de Luxor e de lá voamos para o Cairo, finalizando, portanto, nosso roteiro no Egito. Em seguida, apanhamos um voo para a Itália.

Agradeço aos amigos que gentilmente me cederam imagens para este post, sobretudo o amigo Frederico Belculfine Mazza, e ao casal de egípcios, residentes dos Estados Unidos, professores na universidade de South Dakota, Sra. Madeleine e Sr. Alfred Samuel Andrawis!

Resumo do roteiro do Egito:

CAIRO – de 3 a 4 dias 

Primeiro Dia – Arredores do Cairo: Pirâmides; Mênfis e Saqqara. À noite, ver um espetáculo de dança do ventre em um dos hotéis do Cairo (nós vimos no Sheraton).

Segundo Dia – Região central do Cairo: Museu Egípcio; Citadel; Mosque/Madrassa do Sultão Hassan; Mesquita Al-Rifa; e Mosque de Ibn Tulum.

Terceiro Dia – Região central do Cairo: Mosques de Quaitbey, Barquq e Al-Azhar, Praça Midan Hussein e Mesquita Sayyidna al-Hussein; fazer compras no Souq Khan el Khalili (não deixar de tomar um café no Fishawi’s Coffe House, dentro do Souq, um café que tem mais de 200 anos).

Quarto Dia – usar para conhecer algo que não tenha dado tempo nos dias anteriores.

ABU SIMBEL – ½ dia

Templos de Ramsés e Nefertari. É uma atração imperdível. Os turistas geralmente apanham um voo de manhã, saindo do Cairo, e voltam à tarde, pois metade de um dia é suficiente para conhecer o lugar.

CRUZEIRO NO NILO – 3 noites e 4 dias

Tem cruzeiros de 3, 4, 7 noites etc. Fizemos o de 3 noites, passando por:

Aswan

– Templo de Isis, na ilha de Philae

Kom Ombo

Edfu

Luxor e Karnak

– Vale dos Reis (onde está a tumba de Tutankhamon)

– Mausoléu de Hatchepsut

– Colossos de Mnemon

Se sobrar tempo, pode incluir no roteiro a cidade de Alexandria, Tel Amarna e um acampamento no deserto.

Para mais roteiros no continente africano, veja também MarrocosÁfrica do Sul.

28 comentários em “Egito”

  1. Ahhh que incrivel reviver essa viagem pelos teus olhos! Sou muito muito grata pela indicação. O Egito me deixa sem palavras e cheia de saudades até hoje!
    Tbm tive intoxicação alimentar lá, mas em Sharm el Sheik, região do Mar Vermelho.

  2. Roberto Caravieri

    Eu sou louco pela história do Egito, quero muito poder ir pra lá um dia! Adorei seu texto, uma delícia!

  3. MOISES BATISTA

    Maravilhoso o post, ai está um lugar que sempre tive vontade de conhecer, o Egito. Mas infelizmente com este dolar a quase seis reais está fora de cogitação.

  4. Que post maravilhoso! O Egito é um dos meus maiores sonhos de viagem e poder ler teus relatos, nossa, que coisa mais incrível!!

  5. Uau que sonho esse lugar! Encantada com seu roteiro, adorei todos os detalhes e achei hilário a “melhor dançarina de dança do ventre do Egito” ser brasileira, essas experiências são fantásticas. Obrigada por compartilhar suas memórias conosco! Parabéns pelo post! ?

    1. alexandramorcos

      Obrigada minha querida!!! Foi uma viagem realmente inesquecível, com muitas aventuras e coisas engraçadas (e tristes também kkkkk)

  6. Assim que a pandemia acabar vou visitar o Egito! E com certeza vou me basear pelo seu roteiro! Simplesmente incrível! Parabéns

  7. GISELE PROSDOCIMI

    Realmente o Egito é uma terra encantada, cheia de mistérios e história, adoraria fazer esta viagem. Acompanhei seu roteiro e fiquei muito impressionada com tudo que viu, pena que teve aquela intoxicação alimentar, fora isto, teria sido perfeito.
    Eu teria matado esse futuro marido por ter perdido todas as fotos da viagem, faça ele pagar outra para fotografar tudo de novo, rsrs. Ele merece esse castigo!

    1. alexandramorcos

      HAHAHAHA vontade de socar, né? Pois é, vou fazer ele me levar lá de novo e dessa próxima vez, por conta dele kkkkk

  8. Uau!!! Realmente, o Egito é um destino incrível, maravilhoso, e até difícil de montar um roteiro, por tanta coisa bacana para se conhecer e aproveitar. Vou guardar seu post para minha viagem, que espero que seja breve! Obrigada!

  9. Moisés Batista

    Adorei este conteudo sobre o Egito e que roteiro mais que legal. Dá muita vontade de fazer um roteiro deste por este pais maravilhoso. Depois voce poderia fazer um conteúdo sobre quanto custa o preço de um passeio deste, pois tive sempre essa curiosidade. Abraços

    1. alexandramorcos

      Já faz um tempinho que fui, mas as coisas não eram caras por lá não. Nem os hotéis luxuosos não eram caros.

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