Confira esse post sobre Khiva, uma cidade medieval situada no Uzbequistão, na Ásia Central.
Khiva
Khiva é uma cidade medieval, situada nas estepes do Uzbequistão, que teve grande importância na Rota da Seda.
Cercada por muralhas, ela existe desde o Século VIII e foi capital do antigo Reino ou Khanato de Khorezm.
Atualmente, é considerada uma “cidade museu” e te transporta diretamente ao passado, sendo um dos principais pontos de turismo no Uzbequistão.
Em Khiva nasceu o matemático Al-Khorezmi, que na Europa era conhecido como “Algorismi”, um dos criadores da álgebra. Nesse sentido, seu livro mais proeminente foi Al-Jebr (ou seja, álgebra), onde descreveu solução para equações lineares e quadráticas. Os termos algoritmo e algarismo derivam, portanto, de seu nome.
Confira, a seguir, as principais atrações de Khiva:
Ichon Qala
“Ichon Qala” é o nome do centro histórico de Khiva.
Todo cercado por muralhas de adobe, que serviam de proteção contra as tribos turcomenas, o Ichon Qala é considerado um museu a céu aberto e patrimônio mundial.
No interior das muralhas, encontramos um labirinto de ruelas, coloridas pelos tecidos pendurados nas tendas do bazar.
No bazar, encontramos tecidos, mantas, vestimentas, chapéus, especiarias, além de souvenires.
Os vendedores são extremamente simpáticos e receptivos.
Os homens usam chapéus típicos, ao passo que as mulheres cobrem os dentes com ouro, para se embelezarem.
No interior do Ichon Qala, situam-se, ainda, diversas mesquitas, madraças e mausoléus.
“Madraças” são escolas islâmicas, destinadas sobretudo a homens, onde há aulas sobre o Corão, caligrafia árabe, entre outras ciências. Algumas permitem alunas mulheres, mas são poucas.
Madraça e Minarete Islom Hoja
A Madraça Islom Hoja data do século XIX e foi nomeada em homenagem ao então vizir do reino.
Islom Hoja era um político liberal que trouxe muito progresso a Khiva, por exemplo, fundando uma escola europeia, trazendo o telégrafo e construindo um hospital.
Como resultado, sua popularidade despertou a inveja do rei, o qual acabou por ordenar seu assassinato.
A Madraça Islom Hoja ostenta, ainda, um colorido minarete, que leva o mesmo nome, ou seja, Minarete Islom Hoja.
Contando com 57 metros de altura, ele é o minarete mais alto do país, além de ser um dos símbolos de Khiva.
Kalta Minor
Kalta Minor é a gorda base de um minarete azulado, cuja construção se iniciou em 1851.
Quando o governante Mohammed Amin Khan deu início à edificação do Minarete Kalta Minor, ele pretendia que fosse o mais alto da Ásia Central. Entretanto, ele faleceu antes de ver sua obra concluída e, na realidade, ninguém jamais deu continuidade a ela.
Ao lado do minarete está a bela madraça Mohamed Amin Khan.
Assim como a base do minarete, ela é toda azulada, em razão dos azulejos de sua fachada.
Kuhna Ark
O Kuhna Ark era o Palácio do Khan, ou seja, do rei. Embora suas primeiras edificações datem do Século XII, os governantes do Século XVII o ampliaram bastante.
Em seu interior, encontramos o harém, a sala do trono, a mesquita de verão e um mirante.
Este último é o mais interessante, pois proporciona uma vista panorâmica da cidade.
A Mesquita de Verão conta com delicados azulejos, pintados à mão.
Era na Mesquita de Verão que as mulheres da corte geralmente oravam.
A Sala do Trono era o lugar a partir de onde o khan proferia julgamentos. Ela conta com uma área interna e um pátio.
A interna é delicadamente ornamentada com pinturas florais sobre madeira, ao passo que o pátio é ricamente decorado com azulejos azuis.
No inverno, eles montavam uma yurta no pátio externo do trono, que era mais fácil de ser aquecida.
“Yurtas” são tendas que até hoje são usadas como moradias móveis na Ásia central, sobretudo pelos nômades.
Em frente ao Palácio Kuhna Ark, há uma praça onde eram levadas a cabo execuções públicas.
Além disso, nesta mesma praça, situa-se a Madraça de Mohammed Rakhim Khan, governante e poeta de codinome Feruz.
Este mesmo governante, no ano 1873, entregou Khiva aos russos.
Juma Mosque
Essa tímida mesquita conta com 218 pilares de madeira, cada qual entalhado de forma distinta, com desenhos que não se repetem.
Alguns desses pilares datam do Século X, quando ocorreu a primeira edificação da mesquita.
Ali encontramos, ainda, o Minarete Juma, que é igualmente um marco na cidade.
Mausoléu de Pahlavon Mahmud
Pahlavon Mahmud ou Sayid Alauddin era um poeta, filósofo e lutador do Século XIII, que se tornou padroeiro da cidade.
Seu mausoléu, em estilo persa, é uma das atrações mais bonitas de Khiva.
O monumento atrai muitos fiéis, que se ajoelham defronte sua tumba, oram, imploram por milagres e choram.
Posteriormente, outras pessoas, sobretudo da realeza, passaram a ser sepultadas no local e o mausoléu acabou sendo reformado.
No local, fica um imam (um religioso), que entoa cânticos de oração, de tempos em tempos.
Assim como em qualquer local sagrado, devemos retirar os sapatos ao entrar.
Tosh Hovli Palace
O Tosh Hovli também era um palácio dos governantes de Khiva, porém, muito mais rico em termos de decoração interna. Foi construído entre 1832 e 1841, a mando do rei Allakuli Khan, contando com nove pátios, um harém e 150 quartos.
O harém é especialmente bonito:
As concubinas e esposas reais viviam nos diversos dormitórios que rodeiam o pátio.
No harém situava-se, ainda, o quarto do khan, para onde ele levava suas concubinas.
Tentaram reproduzir no local a decoração existente àquela época.
Madraça Allakuli Khan e Madraça Mohamed Inoq
A bela Madraça Allakuli Khan, que é toda recoberta de azulejos azuis, funcionava antigamente como escola islâmica.
Atualmente, apenas abriga o Khorezm Art Restaurant, um dos melhores da cidade.
Em frente a ela, situa-se a Madraça Mohamed Inoq, com a fachada principal branca.
Os monumentos, até hoje, estão em constante renovação.
Caravançarais
No Uzbequistão, ou melhor, ao longo de toda a Rota da Seda, encontramos diversos Caravançarais.
“Caravançarais” eram lugares de repouso dos viajantes das caravanas, sendo que lá eles encontravam lugar para dormir, refeições, estábulo para cavalos e camelos, etc. As portas de entrada dos Caravançarais são, em regra, bem altas e largas, para possibilitar a passagem dos camelos.
Atualmente, onde havia Caravançarais, geralmente encontramos mercados de artesanato.
Por vezes, encontramos artistas de rua enquanto perambulamos pelo centro histórico de Khiva e o espetáculo mais comum é o show de marionetes:
Enquanto estiver em Khiva, vale a pena provar o prato típico da cidade, que é macarrão de endro, servido com carne de panela e iogurte temperado:
O restaurante Terrassa é especialmente agradável para saborear a iguaria, pois conta com uma bela vista.
Além disso, o ideal e se hospedar no interior da cidade murada, para uma vivência mais completa da estadia.
E, assim, terminou nossa mágica experiência em Khiva!
Onde fica o Uzbequistão?
Situado na Ásia Central, o Uzbequistão está a meio caminho entre a Europa e o Extremo Oriente.
Essa localização geográfica transformou o país em um ponto extremamente estratégico da Rota da Seda.
Como resultado, no Uzbequistão floresceram os 3 entrepostos mais importantes daquela rota comercial, os quais posteriormente se tornaram as cidades de Khiva, Bukhara e Samarcanda (ou Samarcand).
Caravanas de comerciantes vinham de ambos os lados, ou seja, do ocidente e do oriente, e se encontravam no Uzbequistão, sobretudo em Samarcanda. Os ocidentais traziam da Europa joias e tecidos, ao passo que os orientais traziam seda e especiarias, entre outras mercadorias exóticas.
Em seguida, todos se reuniam nos grandes mercados de rua, para intercambiar esses bens.
Em suma, o Uzbequistão já fez parte da Pérsia, já foi invadida pelos gregos, árabes, turcos, seljúcidas, mongóis, timuridas e russos.
E, claro, essa sucessão de trocas no poder fez do país um caldeirão cultural e étnico. Por essa razão, podemos encontrar uzbeques de feições loiras, morenas, turcas, com olhos orientais ou não.
Os uzbeques são os descendentes islamizados do mongol Gengis Khan, vindos do sul da Sibéria, sua terra natal, em busca de conquistas.
No Século XV, se estabeleceram na região e se mesclaram com os turcomenos.
Da mesma forma, ali encontramos cristãos, islâmicos e até mesmo zoroastristas e budistas.
Esse caleidoscópio cultural reflete inclusive na arquitetura dos monumentos e edifícios.
Aliás, o Uzbequistão ostenta algumas das mais preciosas joias arquitetônicas do mundo islâmico.
Por fim, não deixe de conferir nosso roteiro completo no Uzbequistão, bem como nossos posts sobre Bukhara, Samarkanda e Tashkent.