Confira esse post sobre o turismo no Quirguistão, um exótico país na Ásia Central.

Turismo no Quirguistão

O Quirguistão, um país que poucas pessoas ouviram falar, fica naquele ponto meio obscuro do mapa-múndi, que quase ninguém olha.

Situado na Ásia Central, ele fazia parte de um emaranhado de nações que mal tinham suas fronteiras traçadas até o início do Século XX e que posteriormente passaram a fazer parte da União Soviética.

A meio caminho entre a Europa e o Extremo Oriente, o Quirguistão era cortado pela Rota da Seda.

Dessa forma, uma vez que o país fazia fronteira com a China, ele era ponto obrigatório de passagem e parada das caravanas.

Um pouco sobre o Quirguistão

“Stan” significa país. Assim, Kyrgyzstan significa “país dos kyrgyz”.

Os atuais habitantes do Quirguistão descendem de um clã de guerreiros Saka (ou Scythians), que existiram entre os Século VI a.C. e V d.C.

No ano 330 antes de Cristo, Alexandre o Grande conquistou grande parte da Ásia Central e lançou as primeiras sementes da Rota da Seda. Naquela época, houve um expressivo aumento no intercâmbio cultural entre leste e oeste, o que deu início a migrações nômades e ajudou a povoar a região.

No que se refere especificamente ao Quirguistão, a Rota da Seda passava pela capital Bishkek e pela orla do Lago Issyk-kul, chegando até a fronteira da China.

Mais tarde, entre os Séculos I e X, os povos turco-persas passaram a habitar as estepes do Quirguistão, sobretudo em tribos nômades.

Já no Séc. X, muitos habitantes da Sibéria migraram para o Quirguistão, fugindo dos mongóis, e se mesclaram com os turco-persas, sendo, nesse sentido, os ancestrais dos atuais quirguiz.

O Islã, por sua vez, chegou na região entre os Séculos IX e XII, com os turcos da dinastia Karakhanids.

Por outro lado, no Século XIII, praticamente todas as vilas da Ásia Central foram completamente dizimadas pelos mongóis, a comando do brutal Gengis Khan.

No Século XVIII, o Quirguistão foi subjugado pela China e, não bastasse, no Século XIX, tornou-se possessão russa.

Como consequência, no Século XX, passou a fazer parte da União Soviética, juntamente com mais outros 14 países.

Por fim, em 1991, a União Soviética se dissolveu, com os planos de abertura de Mikhail Gorbatchev, e o Quirguistão se tornou independente.

Atrações do Quirguistão

Ostentando uma natureza exuberante e bruta, o Quirguistão ainda é pouco explorado, em termos turísticos.

Confira, a seguir, algumas de suas atrações:

Bishkek

A capital do país, Bishkek, é normalmente o ponto de partida dos roteiros de turismo no Quirguistão.

Ela conta com um estilo urbanístico totalmente pós-soviético, com massivas construções de concreto, quadradas e austeras.

O ponto turístico mais bonito de Bishkek é a Praça da Vitória (Victory Square), que ostenta um arco, em forma de yurta, sob o qual há um fogo eterno. A construção do monumento teve como objetivo celebrar o aniversário de 40 anos do final da 2ª Guerra Mundial.

“Yurtas” são tendas utilizadas pelas tribos nômades, feitas de couro de animais e forradas com tapeçaria.

Outro local interessantíssimo de Bishkek é a Praça Ala Too, que ostenta a estátua equestre do herói do épico Manas. Esse épico, que conta a saga do povo quirguiz, contém centenas de lendas recitadas e é 20 vezes maior que a Odisseia, de Homero.

No mesmo local, ocorre a Troca da Guarda dos soldados que velam pela bandeira nacional:

Nas imediações da praça, encontramos, ainda, a colossal Estátua do Lenin.

Há, ainda, a Filarmônica de Bishkek, que também conta com uma estátua do Manas.

Vale a pena visitar, ainda, a Ópera Russa, o Parque Dubovy, com diversas esculturas ao ar livre, o Parlamento, bem como o contíguo Monumento em homenagem aos mortos na revolução de 2010.

Bishkek é repleta da bares e restaurantes, sendo que a Vinoteka é um lugar fabuloso para se tomar um vinho e comer uma pizza.

O restaurante serve, ainda, pratos à la carte, além de contar com uma vasta carta de excelentes vinhos.

Tokmok

A principal atração da vila de Tokmok é a Torre Burana, única ruína que sobrou da antiga cidade fortificada de Balasagun, capital do império Karakhanida.

Essa torre, datada do Século XI, é um minarete de 24 metros de altura, que pende para o lado, graças a um terremoto.

Em Tokmok é possível, ainda, assistir ao interessantíssimo jogo cocboru (chamado de bushaki em alguns lugares).

Nessa competição desportiva tradicional do Quirguistão, dois times de jogadores montados a cavalo tentam marcar gols, usando como “bola” a carcaça de um cabrito e como gol pneus de tratores.

O time vencedor leva o cabrito para casa e o assa para o almoço.

Entretanto, é preciso organizar com uma agência para poder assistir à apresentação.

Lago Issyk-kul

O Lago Issyk-kul parece um cenário de filme. Com águas profundamente azuis, ele é emoldurado por picos nevados.

As montanhas que o cercam fazem parte da cordilheira Tian Shan, que significa “montanhas celestiais” e são uma extensão da cordilheira dos Himalaias.

Muitos mitos giram em torno desse lago, como civilizações submersas, monstros e tesouros perdidos. Por outro lado, fato notório é que a marinha soviética usou o lago para testar torpedos de alta precisão.

Não somente montanhas nevadas enfeitam o lago, como também intrincados cânions coloridos.

Na orla do lago, encontramos diversos resorts e praias particulares, razão pela qual ele é um dos mais procurados destinos de turismo no Quirguistão.

Karakol

A principal base para explorar o lago Issyk-kul é a cidade de Karakol.

Fundada por militares russos no Século XIX, seus imóveis ainda guardam muito do estilo arquitetônico daquele país.

O principal ponto turístico de Karakol é a Igreja da Santa Trindade, cuja estrutura é completamente feita de tábuas de madeira encaixadas, sem nenhum prego.

Por sua vez, a Mesquita Dungan, embora seja uma mesquita, parece um templo budista.

Repare que apenas muçulmanos podem entrar na mesquita.

Arredores de Karakol

Nas imediações de Karakol, podemos ver os montanheses desempenhando uma de suas atividades mais tradicionais, ou seja, o treino de águias.

Os camponeses exibem aos visitantes como treinam essas grandes aves de rapina para a caça e usam até mesmo iscas vivas (um coelho) para demonstração.

Os adestradores trazem para a exibição não somente a águia, como também o coelho (ou seja, o jantar).

Felizmente, o alvo conseguiu escapar quando estávamos observando, pois meu coração não ia aguentar ver o coelhinho ser devorado por seu algoz aviário.

Ainda nos arredores de Karakol, situam-se as curiosas Montanhas Jety-Oghuz, que abrangem a Montanha do Coração Partido e as Montanhas 7 Touros.

É possível fazer caminhadas pelo local, que, além disso, oferece uma bela vista da cordilheira Tian Shan.

Mesmo no outono, a região estava praticamente toda coberta de neve.

Altyn Arashan

Altyn Arashan é uma região dotada de águas termais, onde podemos nos banhar.

Mas os locais para banho são bem “espartanos”, como dizem:

Por outro lado, a beleza natural do lugar compensa sua falta de estrutura.

Na realidade, a parte mais interessante é o caminho até lá, que é uma atração por si só, pois ele somente pode ser percorrido em veículos 4×4, para debelar a neve.

Esse foi indubitavelmente um dos momentos de maior diversão durante nosso turismo no Quirguistão.

Castelos de Eol

Os Castelos de Eol não são castelos propriamente ditos, mas são paredões de rocha, diuturnamente esculpidos pela obra do vento.

Daí seu nome, “Castelos de Eol”, já que Eol é o deus mitológico do vento.

Chega-se até os cânions a pé, por uma trilha que leva em média uma hora e meia.

Por fim, não deixe de conferir nosso post sobre o Uzbequistão, também na Ásia Central.