Norte da Argentina
O Norte da Argentina, mais precisamente, noroeste, é dotado de uma beleza natural dramática e ímpar.
Totalmente diferente das regiões frias e com picos nevados, a paisagem dali se assemelha ao deserto boliviano, com salinas, cânions coloridos e muitas formações rochosas interessantíssimas.
A ação do vento, das chuvas e dos rios provocou nesse terreno erosões, que deram origem a formações com diversos contornos e em uma paleta de cores que varia de branco a vermelho ocre, passando, ainda, pelo verde e o azulado.
A região tem forte influência indígena e foi palco das primeiras batalhas pela independência do país.
Para visitar as atrações do norte da Argentina, o ideal é voar até as cidades de Salta ou Jujuy, que são excelentes bases de exploração.
Salta e Jujuy ficam a uma hora de distância uma da outra. Em qualquer uma delas, é possível alugar um carro e fazer os passeios por conta própria (nossa opção) ou, então, contratar excursões.
A partir de Jujuy, seguindo a Rodovia RN 9 em linha reta em direção ao norte, chega-se às principais atrações da região, que são, em suma, as Salinas Grandes e a Quebrada de Humahuaca.
A Quebrada de Humahuaca (ou seja, Cânion de Humahuaca) conta com aproximadamente 70 km de extensão e é formada pelas seguintes atrações: Purmamarca, Maimará (Paleta do Pintor), La posta se Hornillos, Tilcara, Quebrada de las Señoritas e El Hornocal (ou Cerro 14 Colores).
É possível visitar todas estas atrações em 2 ou 3 dias, dependendo do ritmo do viajante.
Salinas Grandes
As “Salinas Grandes”, situadas na província de Jujuy, no norte da Argentina, formam o segundo maior deserto de sal do mundo, perdendo, apenas para o Salar de Uyuni, na Bolívia.
Aliás, estes dois corpos de sal não estão tão distantes um do outro.
Como chegar:
Tive grande dificuldade para descobrir como visitar as Salinas Grandes. Tudo que eu achava eram tours caros, que levavam o dia todo e incluíam mais coisas do que as salinas.
Porém, ao chegar em Jujuy, descobri tudo o que eu precisava saber.
Primeiramente, é importante ressaltar que ninguém pode entrar nas Salinas Grandes sem um guia local.
Então, as opções são apanhar uma excursão (o que a gente não queria) ou ir em veículo próprio, acompanhado de um guia local.
Nós estávamos com um carro alugado, então elegemos a opção do guia local.
Este guia você pode encontrar nas comunidades situadas na entrada das salinas. Ele vai de moto, ou em veículo próprio, na frente do seu carro, e você o segue.
Para chegar às Salinas Grandes em veículo próprio, em primeiro lugar, você deve ir até a vila de Purmamarca. Lá, você apanha a Ruta 52 e nela permanece por cerca de duas horas, após o que você chega às salinas.
A estrada para as salinas é, por si só, uma atração à parte, devido a seus belos cânions e formações rochosas.
Chegando nas imediações das salinas, há três postos onde você pode conseguir guias locais.
O primeiro destes postos é o Parador La Curva. Ali já é possível obter um guia. Mais à frente, há o Parador 3 Pozos, onde também é possível obter guias.
O guia local cobra, em média, de 500 a 1000 pesos, por pessoa (ou seja, de R$3,50 a R$7,00 – valores relativos a setembro de 2023).
Nós fechamos com os guias Florêncio e Lorena, contato +543884758664, que geralmente ficam no primeiro Parador. Eles fazem parte das comunidades originárias locais de San Miguel de Colorado e Pozo Colorado.
Eles foram em um veículo próprio e nós os seguimos, até os pontos de interesse do salar.
Atrações das Salinas Grandes:
O passeio, em si, dura em torno de uma hora.
Durante a visitação, os guias nos explicavam detalhes sobre a formação do deserto de sal.
Em uma altitude de 3350 m acima do nível do mar e com cerca de meio metro de profundidade, a crosta de sal formou-se após um lago secar, no período holoceno. Ou seja, ele existe há 5 milhões de anos.
Este deserto de sal é bem menor do que o da Bolívia, mas é muito belo.
A extração de sal dá causa à formação de “filetas”, que, com a água da chuva, vão se enchendo e passam a apresentar uma coloração azulada.
Há, ainda, olhos d’água, que brotam naturalmente das profundezas do solo.
Por fim, caso o visitante continue reto por mais um par de horas, ele chega à Laguna Guayatsyok, que fica repleta de flamingos em algumas épocas do ano, sobretudo durante as chuvas.
Purmamarca
Em Purmamarca, situa-se o Cerro 7 Colores. É possível avistar o morro colorido a partir de um mirante, acessível por escadas.
Por outro lado, se você tiver tempo e ânimo, vale a pena dar a volta ao redor do morro colorido, para apreciar as nuances de suas cores. A caminhada leva cerca de 45 minutos e conta com 3 km.
O melhor horário para visitar a atração é pela manhã, em razão da incidência dos raios solares.
Além disso, a pitoresca vila de Purmamarca conta com uma pracinha principal, onde encontramos prédios históricos.
Esta pracinha sedia, ainda, uma colorida feira de rua.
Ali, se vendem tecidos, mantas, roupas, instrumentos musicais, lembrancinhas e muito mais.
Maimará
A pequena vila de Maimará situa-se cerca de 20 km de Purmamarca, na RN 9, e sedia a bela formação rochosa conhecida como Paleta do Pintor.
Siga o GPS até Paleta do Pintor, estacione o carro na rua e suba o mirante, para uma vista desta colorida atração.
O mirante, por sua vez, é coroado por uma imagem de Jesus Cristo.
La Posta se Hornillos
Esta atração não é dotada de beleza, mas sim de importância histórica.
Isso porque o local foi palco de diversas batalhas durante as guerras da independência.
Atualmente, ali se encontra um museu, com artefatos de guerra.
Tilcara
Em minha opinião, Tilcara é a vila mais charmosa da Quebrada.
Inclusive, é o melhor lugar para usar de base para explorar as outras atrações da região.
Com uma atmosfera “good vibes”, ela é repleta de bares, cervejarias, restaurantes, lojinhas e galerias.
Aliás, os bares e restaurantes, em sua grande maioria, contam com música ao vivo, quase todas as noites, tornando a cidade muito agradável e descontraída.
Geralmente a partir das 21h00, começa a música ao vivo, sobretudo as “peñas” – música típica da região, com instrumentos de cordas e flautas, de todos os tamanhos.
Um dos restaurantes que oferece essa apresentação é o Sirviñacu, na rua principal da cidade.
Além de bem localizada, Tilcara conta com suas próprias atrações.
São elas Pucará de Tilcara, Jardim de Cactos e Garganta do Diabo.
Pucará de Tilcara e Jardim de Alta Montanha
Essas atrações são contíguas.
Pucará de Tilcara são as ruínas incaicas mais antigas e bem preservadas do Norte da Argentina.
“Pucará” significa “vila fortificada” e se trata de uma construção pré-colombiana, erigida por povos incaicos, entre os séculos XI e XV.
Encontramos diversos cactos espalhados pelas ruínas e, segundo a lenda, cada cacto equivale à alma de alguém que viveu na cidadela.
O Jardim de Alta Montanha, por sua vez, reúne diversos espécimes de cactos, desde cactos com metros de altura até cactos do tamanho de bonsais.
Garganta do Diabo
A Garganta do Diabo é um desfiladeiro, um cânion, de cujas paredes escorre uma bela queda d’água.
Para chegar à Garganta do Diabo, é possível ir caminhando a partir de Tilcara (o que dá 4 km) ou então fazer o percurso de carro (o que dá 6km).
Chegando à portaria de entrada da atração, há uma caminhada de 800 metros (1,6 km total) pelo fundo desfiladeiro, até chegar à cachoeira.
Uquía
Em Uquía, que mais parece uma vila abandonada, encontra-se a famosa atração Quebrada de las Señoritas.
Para chegar ao ponto principal, é preciso percorrer uma trilha de 2 km, que deve obrigatoriamente ser acompanhada por um guia local (eles ficam na portaria de entrada da atração).
No entanto, é possível chegar até o mirante, que fica logo na entrada, sem precisar caminhar.
Por outro lado, é recomendável fazer a trilha completa, para ver o ponto mais bonito da atração.
Humahuaca
A vila de Humahuaca dá nome também à região, ou seja, Quebrada de Humahuaca.
A vila, em si, conta com uma praça e uma bela igrejinha.
O Cabildo de Humahuaca se destaca no centro histórico, pois é um charmoso edifício que já sediou a prefeitura do local.
El Hornocal ou Cerro 14 Colores
Um pouco depois da vila de Humahuaca, situa-se a principal atração de toda a Quebrada e também do Norte da Argentina, ou seja, o Cerro 14 Colores, igualmente conhecido como El Hornocal ou Serranías de Hornocal.
É uma das coisas mais bonitas que já vi na vida. Trata-se de uma montanha com mais de 14 variações cromáticas, em camadas que lembram dentes de tubarão.
Essas variações de cores decorrem dos minerais existentes no solo.
O horário de funcionamento da atração é das 10h00 às 18h00, mas o melhor horário para ir até a montanha é depois das 15h00, em razão da incidência dos raios solares.
Como chegar:
A sinalização é ruim e meu GPS não me levou ao local correto. Porém, basta pegar a primeira entrada para a cidade de Humahuaca, seguir até a estação de Polícia, passar pelo terminal rodoviário, passar pela rotatória e apanhar a primeira direita.
Depois de cruzar a ponte do Rio Grande, siga por 30 minutos em uma estrada de terra, que você chegará à entrada do Cerro 14 Colores. A entrada custa algo entre 2 e 5 reais (valores relativos a setembro de 2023).
Não é preciso caminhar para visitar a atração.
Por fim, deve-se tomar cuidado com o mal de altitude, pois ali estamos a mais de 4.000 m., e vi algumas pessoas com tontura e mal-estar.
SUGESTÃO DE ROTEIRO NO NORTE DA ARGENTINA:
1o Dia: Salinas Grandes, Purmamarca e Paleta do Pintor em Maimará.
2o Dia: Ruínas de Tilcara e Jardim de Cactos, Garganta do Diabo e cascata, Posta de Hornillos.
3o Dia: Quebrada das Senhoritas, Humahuaca e Cerro 14 Colores.
Por fim, não deixe de conferir nossos posts sobre MENDOZA, ROTEIRO NA PATAGÔNIA, BARILOCHE E REGIÃO DOS LAGOS e USHUAIA.
Quer viajar para este destino? Pergunte-me o preço da passagem, por mensagem! Eu trabalho em pareceria com uma agência de viagens e consigo pesquisar o melhor preço para você! Além disso, traço um roteiro personalizado, sem custo adicional!
Estou chocada! Cho-ca-da! Que região linda! Que fotos maravilhosas! Amei o post! É irresistível Como não imaginar um planejamento para uma viagem para o nordeste da Argentina?! Muito obrigada!!!
Sim é realmente surpreendente! Obrigada, fico feliz por ter gostado!
Muito legal esse roteiro do Norte da Argentina, não sabia que era assim, nem que tinha outro deserto de sal rs, me lembrou a viagem pelo Atacama, amo roteiros assim.
Eu também adoro passeios por desertos! São paisagens maravilhosas!
Conheço bem outras partes da Argentina, mas o Norte é uma região que ainda tenho muita vontade de ir :3 seu post me deixou inspirada a planejar uma viagem pra lá agora mesmo rsrs obrigada por compartilhar!
Marcella, vocês vão adorar, é a cara de vocês, porque vocês gostam de lugares exóticos e diferentes!
Que maravilha esse Norte, ou melhor, Noroeste da Argentina. Nunca tinha ouvido falar nesses lugares. Já coloquei no topo da minha lista.
É um lugar muito exótico! Vale a pena conhecer!