ÍNDIA
Confira esse roteiro pela Índia, essa terra mágica.
Definindo a Índia
Certa vez, vi em um filme uma personagem descrevendo a Índia como “um lugar incrivelmente agressivo para os sentidos”. Não poderia haver melhor descrição – no bom e no mau sentido.
Os ruídos, os odores, as cores, os sabores… tudo é extremo, tudo é contraditório, até mesmo um simples caminhar: andar pelas ruas é ver fabulosas e coloridas construções históricas e, ao mesmo tempo, ver o esgoto que corre a céu aberto; é sentir o aroma de incenso e de temperos, misturado com o cheiro de fezes de animais; é ouvir o lindo som de mantras e de música indiana, sufocados pelo irritante ruído das buzinas que te levam à loucura (não, eles não respeitam as mais elementares regras de trânsito). A comida é um espetáculo à parte: provoca em nós sensações até dantes desconhecidas e, uma vez longe dela, você se pergunta se poderá viver sem ela.
E o tato não fica de fora: as pessoas indiscretamente te tocam, seja para pedir dinheiro, seja porque nunca viram uma cor de pele igual à sua.
As ruas nos centros antigos são estreitas e comportam desde pedestres, motocicletas, riquexás e carros, a vacas. Cada um precisa lutar pelo seu espaço: há que ser paciente e esperar aquela vaca sair do seu caminho; há que refugiar das motocicletas que constantemente aparecem de inopino. E não adianta entrar em desespero: é melhor se resignar.
O povo também é algo de controverso. Vemos, nas ruas, muitas pessoas portadoras de deformidades (talvez em razão de um sistema de saúde falho), porém, sempre com um sorriso no rosto, já que encaram seus problemas como sendo parte de seu kharma. E, embora seja um povo dócil, é um dos lugares com um dos maiores índices de violência contra a mulher.
Conclusão:
Definitivamente, um fato é incontestável: foi uma das melhores, se não A MELHOR viagem de minha vida. E tenho a impressão de que quem faz um roteiro pela Índia nunca mais volta a ser a mesma pessoa.
Visto para a Índia
Antes da viagem: é necessário um visto para entrar na Índia, mas o site oficial do governo é muito confuso. Há a possibilidade de se obter um visto eletrônico, que é mais prático e muito mais barato. Porém, como não consegui perceber isso com facilidade na página, acabei por obter o visto convencional, pagando muito mais caro por isso, além de ter de ir até o consulado indiano, em São Paulo, para fazer a biometria (vistos convencionais exigem prévio cadastro biométrico). Então, sugiro que pesquisem com calma, até encontrar a opção do visto eletrônico (e-visa), o qual, inclusive, tem validade por um período razoável. Por outro lado, é preciso ter cautela, pois ouvi relatos de sites falsos oferecendo vistos indianos, e de pessoas enganadas que acabaram por perder seu dinheiro.
Dia 1 – Nova Delhi – início de nosso roteiro pela Índia
Saímos do aeroporto de Guarulhos, no dia 03/10/2017, viajando pela companhia aérea Emirates. A viagem foi longa e um pouco cansativa, com conexão em Dubai.
Logo que cheguei em Nova Delhi, fiquei impressionada com o plano da cidade. Há avenidas espaçosas e grandes vias – embora o trânsito seja caótico. Há milhares de veículos lutando por um espaço, buzinando sem parar – aliás, não importa em qual cidade indiana você esteja, perceberá que os motoristas dirigem com a mão na buzina, para avisar que “estão chegando”. É uma poluição sonora sem igual. Nosso hotel (Hotel Perfect) ficava no centro antigo, em uma área com um comércio intenso, chamada Karol Bagh. Nessa região da velha Delhi, as ruas são mais estreitas, sujas e caóticas.
Chegando ao hotel e depois de descansar um pouco, saímos para conhecer a cidade, dando início, portanto, ao nosso roteiro pela Índia. O próprio hotel organizou um táxi que nos levou a alguns pontos turísticos, por um preço previamente combinado de 1.200 rúpias para o casal (o que equivale a uma média de R$60,00 – sessenta reais).
Humayun Tomb
A primeira parada foi Humayun Tomb, mausoléu do imperador mogul Humayun, do Séc. 16. Sua arquitetura inspirou a construção do Taj Mahal.
No mesmo complexo está a Tumba de Isa Khan, igualmente do Séc. XVI:
Índia Gate, Casa Presidencial e Parlamento
Em seguida, passamos pelo Índia Gate, caminhando um pouco pela praça. Este memorial, em forma de arco, homenageia os 90.000 soldados indianos que pereceram na Segunda Guerra Mundial e em outras batalhas.
Sem descer do táxi, por ser área de segurança nacional, passamos diante da casa presidencial da Índia (House of President), bem como do Parlamento, ambos com arquitetura totalmente europeia (construção datada de 1914/1931).
Birla Temple
Por fim, fomos ao Birla Temple, um templo hindu, de cor amarela e laranja, pouco turístico, frequentado somente por indianos.
Jantamos no agradável terraço aberto do nosso hotel, decorado com estátuas, pergolados, plantas e muitas luzes. Foi nossa primeira refeição em nosso roteiro pela Índia e ficamos inebriados pela explosão de mil sabores diferentes em nossas papilas gustativas.
Dia 2 – Delhi
Qutb Minar
Fizemos novamente um passeio com um táxi organizado pelo hotel, que durou o dia todo, pelo preço fechado de 2.000 rúpias (aproximadamente R$100,00).
O primeiro destino foi o Qutb Minar (entrada 500 rúpias), um pouco afastado do centro de Delhi. Caminhamos pelo complexo, cuja atração principal é o imponente minarete. Os primeiros monumentos erigidos datam da época do sultanato (quando a Índia ficou sob o jugo dos islâmicos), no Século 12. O minarete, em estilo arquitetônico afegão, foi construído pelo sultão Qutb-ud-din, no ano de 1193, para proclamar sua vitória sobre os hindus. Conta com 73 metros de altura, contendo escritos do Alcorão, em alto relevo. Aos pés do minarete está a primeira mesquita construída na Índia.
Residência do Gandhi
Em seguida, fomos ao Gandhi Smriti (gratuito), residência onde Mahatma Gandhi passou seus últimos dias, antes de seu assassinato, em 1948. No imóvel, podemos ver seu quarto, seus pertences (que eram poucos, pois ele era um homem de hábitos austeros), diversos painéis fotográficos e muitas de suas frases imortalizadas. Uma trilha de pegadas em cimento leva ao local onde ele foi alvejado, quando ia fazer suas orações diárias.
Para o almoço, o taxista nos levou a um restaurante muito tradicional, que é assustador por fora, mas oferece uma comida deliciosa. Confesso que fiquei mais tranquila ao avistar o selo do Trip Advisor na porta. Comemos batata recheada com queijo cottage e molho de castanha de caju. Mais uma deliciosa e surpreendente refeição na Índia, com sabores indecifráveis.
Red Fort
À tarde, fomos visitar o grandioso Red Fort (entrada 500,00 rúpias), construído entre 1638 e 1648, para fins de proteção, pelo imperador mogul Shah Jahan (o mesmo que construiu o Taj Mahal), no ápice de seu reinado. O último imperador da era mogul na Índia, Shah Zafar, viveu neste forte, até ser exilado pelos britânicos em 1857. Este é um ponto definitivamente imperdível em um roteiro pela Índia.
A principal entrada do forte é o “Lahore Gate“.
Em seguida, passa-se ao “bazar” e à “casa dos músicos”, que abrigava, além dos músicos reais, também cavalos e elefantes dos visitantes.
Depois, vê-se o “hall de audiências públicas”, que são grandes arcadas cobertas, feitas em arenito vermelho, e “hall de audiências privadas”, feito em mármore branco, onde o imperador recebia dignitários e hóspedes.
Trono de mármore do hall de audiências públicas:
Hall de audiências privadas:
Detalhe da “pietradura”, que é um trabalho de entalhe, bastante comum na Índia, feito no mármore e preenchido com pedras preciosas ou semipreciosas:
É possível ver, também, o que restou dos aposentos privados do imperador:
Conhecendo o grupo
Retornamos ao hotel e a partir deste momento, estaríamos acompanhados por um grupo.
Isso porque para o restante do nosso roteiro pela Índia resolvemos fazer com uma agência de turismo australiana chamada Intrepid Travel, que tem uma proposta bem diferente de roteiros (grupos pequenos, pessoas jovens e destinos exóticos) e que organiza, principalmente, o transporte entre uma cidade e outra, acomodação, alimentação, alguns passeios e atividades extras. Naquela noite, tivemos nosso primeiro encontro, que aconteceu no hotel, ocasião em que o guia e líder do grupo passou instruções gerais da viagem e do roteiro pela Índia. Após, todos saímos para jantar e tomar uma cerveja.
Dicas para evitar uma intoxicação alimentar em um roteiro pela Índia:
Dicas sobre a comida: cada lugar tem tradições e hábitos diferentes no que tange à alimentação e higiene e, se não estamos acostumados, podemos passar mal. Isso vale para qualquer lugar!
Algumas dicas que posso dar são: não comer nada cru (saladas, vegetais) e comer somente frutas que você mesmo descasca; ingerir alimentos sempre cozidos; evitar carnes (frango, peixe, vaca e porco) e recusar alimentos que as pessoas te entregam após tocarem diretamente com as mãos (na realidade, acho que essa é a principal fonte de contaminação: tocar os alimentos com as mãos sujas); evitar laticínios.
Não se preocupe… ainda sobra muita coisa deliciosa para comer! Os cozidos de vegetais, bem como os vegetais assados no forno tandoori (forno de argila) são absolutamente deliciosos e satisfazem a fome.
Eu escovei meus dentes com água da torneira e não tive problema nenhum. Mas, para beber, a água dever ser mineral (de garrafa, e não de galão).
Felizmente, com os cuidados que tomei, não tive nenhuma intoxicação alimentar e nenhum problema de saúde durante o meio roteiro pela Índia, fora uma leve dor de garganta.
Dia 3 – Delhi
Após o interessante café da manhã no terraço do hotel (no qual, em suma, um corvo furtou a omelete do meu prato), fomos com o grupo caminhar pelo centro histórico de Delhi (Old Delhi). As ruas são bastante estreitas e apinhadas de lojas e barracas, sem mencionar o trânsito caótico e os animais buscando um espaço para se locomover. Pudemos ver até mesmo pessoas tomando banho nas ruas, usando bacias e caneco. Tudo é muito colorido e os odores assaltam seu olfato. Os cheiros, bons e ruins, se mesclam, tal qual o de incenso com fezes de animais.
Mesquita Jahma Mashid
Fomos, em primeiro lugar, à mesquita Jahma Mashid. Esta é a maior mesquita da Índia e foi a última grandiosa obra arquitetônica de Shah Jahan, construída entre 1644 e 1658. A entrada é gratuita, porém, você precisa pagar 100,00 rúpias se quiser usar sua máquina fotográfica (ou celular) para tirar fotos. Sapatos devem ser removidos na entrada, ao passo que é preciso usar uma espécie de túnica por cima de sua roupa, cedida gratuitamente no próprio local.
Templo Sikh
Em seguida, fomos a um templo pertencente à religião sikh, em Old Delhi. Muitos perseguiam os sikhs, sendo que um dos imperadores moguls, chamado Aurengzeb (que era, em suma, filho de Shah Jahan e um dos líderes mais sanguinários do império mogul), certa vez, convocou o líder e guru sikh para uma reunião e o decapitou, diante dos olhos de seus próprios seguidores.
Como resultado deste evento, os sikhs criaram uma irmandade e um exército próprio. Todos eles andam armados de uma faca, inclusive atualmente. Além disso, usam um aro de prata no pulso, não cortam seus cabelos ou barba e usam turbantes coloridos. Por outro lado, angariaram fundos e detêm muita riqueza. Seus templos são muito confortáveis, possuindo, até mesmo, ar condicionado. Lá são preparadas refeições comunitárias e gratuitas, por voluntários. Eu igualmente ajudei, na cozinha comunitária, a fazer chapati (pão).
O pernoite no trem
Por fim, retornamos ao hotel, compramos lanches e fomos até a estação de trem, para apanhar o trem noturno que nos levaria ao Rajastão, região desértica da Índia.
Dormir no trem foi algo muito assustador para mim. Achei desconfortável, principalmente pelo fato de que a cabine é aberta e pessoas ficam transitando madrugada afora, perto de sua cama. Além disso, o banheiro é bastante fétido. A viagem durou 19 intermináveis horas, das quais dormi, no máximo 3. Quando eu quase pegava no sono, o bendito vendedor de chá passava gritando “chai, chai, chayaaa“… e todo esforço para conseguir dormir ia por água abaixo. Seja como for, é uma experiência inevitável em um roteiro pela Índia.
Rajastão -a região mais bela de nosso roteiro pela Índia
O guia Lonely Planet descreve esta mágica região como “terra de reis e reinos, de marajás e fábulas, e de fortes majestosos e generosos palácios”. As fortalezas são magnificentes e nascem do plano deserto, como em contos de fadas. É uma das regiões mais incríveis da Índia, com belezas arquitetônicas, naturais e com uma cultura intensa e vibrante, tanto quanto as cores das roupas de seus habitantes.
O Rajastão foi o berço da dinastia Rajput, um clã de guerreiros destemidos que controlaram esta parte da Índia por mais de 1000 anos. Eram guiados por ideais de honra e bravura, e quando a derrota pelo inimigo era certa, a regra era o suicídio (inclusive suas esposas e filhos, os quais se atiravam ao fogo para encontrar a morte).
Os Rajputs firmaram alianças com os Britânicos, o que permitiu que eles continuassem independentes e fortes, embora sujeitos a certas limitações políticas e econômicas. Por outro lado, os Britânicos foram responsáveis pela corrupção dos governantes: no século 20, muitos dos marajás se entregaram ao consumismo e aos hábitos ocidentais e passaram a se dedicar menos às suas funções. Como resultado, após a independência em relação à Grã-Bretanha, o Rajastão passou a ser uma das regiões mais pobres da Índia.
Nesta ocasião, o Congresso indiano fez um trato com os autônomos estados do Rajastão, para que se juntassem à nova Índia: perderiam boa parte de sua autonomia, mas, em contrapartida, os marajás poderiam manter seus títulos e propriedades e passariam a receber uma mesada anual. Apenas nos anos 70 Indira Gandhi aboliu esses benefícios e também sequestrou os direitos de propriedade dos marajás.
Dia 4 – Rajastão
Jaisalmer – a cidade dourada
Senti-me hipnotizada quando cheguei à fantástica cidade de Jaisalmer, no mais remoto recôndito do Rajastão. Trata-se de uma cidade fortificada e uma das poucas onde há habitantes vivendo dentro das muralhas. A fortaleza foi construída em arenito amarelo, dando uma tonalidade dourada à cidade (dessa forma, é chamada de “a cidade dourada”). Jaisalmer foi definitivamente a cidade que mais gostei em meu roteiro pela Índia.
A cidadela foi fundada no ano de 1156, por Jaisal, líder da dinastia Bhati Rajput, que permaneceu no poder até 1947, ano da independência em relação aos britânicos. Os habitantes acreditam ser descendentes diretos do deus Krishna. Jaisalmer tinha uma posição estratégica na rota comercial entre Índia e Ásia Central, sendo local de parada das caravanas, contudo, com o advento do trem, a cidade perdeu muito de sua importância e começou a decair. Atualmente, a pequena cidade vive basicamente do turismo e das atividades militares levadas a cabo na região.
Deserto de Thar
Deixamos as coisas no hotel Deepak Rest House – hotel razoável, com boa localização e boa comida, mas muito quente, pois não tinha ar condicionado. Em seguida, partimos para um safari de camelo, no deserto de Thar, que é uma experiência bem interessante quando se faz um roteiro pela Índia. O trajeto sobre o camelo durou 1h30, quando finalmente chegamos à tenda onde passaríamos a noite. Assistimos a um pôr-do-sol magnífico. Em seguida, comemos um tradicional jantar rajastani, preparado pelos condutores de camelos, que também entoavam cânticos. A areia, de repente, ficou coberta de besouros, que eram, todavia, inofensivos, embora assustadores. Dormimos, assim, ao ar livre.
Dia 5 – Jaisalmer
De volta a Jaisalmer, um guia local nos levou para conhecer o interior da linda cidade fortificada, passando por diversas construções ornamentadas com havelis (fachadas esculpidas em pedra, que parecem um bordado, de tão detalhadas). Passamos, dessa forma, por diversas residências de dignitários, nobres e homens de grande poder aquisitivo, quais sejam:
Fort Palace
O Fort Palace (Raja-Ka-Mahal e Rani-Ka-Mahal) era antigamente a residência oficial do reino, sendo que o Raja-Ka Mahal era o palácio do próprio governante e o Rani-Ka-Mahal era o palácio das mulheres (esposas e concubinas).
Muralhas
Uma das principais atrações da cidade são definitivamente suas muralhas. Dessa forma, subimos as muralhas, onde ainda encontramos canhões e que igualmente proporcionam uma vista panorâmica.
Nathmaljiki Haveli
Este palácio foi construída no Século 19, como casa do primeiro ministro. O exterior foi esculpido ao mesmo tempo por dois irmãos, em uma espécie de competição entre eles. No interior, há afrescos feitos em ouro folheado e igualmente uma loja de souvenirs, dirigida pelos descendentes do proprietário original (com preços totalmente acima da média – cerca de 3 x mais).
Patwa ki Haveli
Já este palácio é o maior imóvel esculpido em havelis, com intrincado trabalho na pedra, fazendo lembrar uma colmeia. Nesse sentido, é dividido em cinco seções e foi construído entre os anos de 1800 e 1860, por cinco irmãos que fizeram fortuna no ramo de jóias. Defronte ao prédio, havia um vendedor de coloridos marionetes (teatro de marionetes é uma arte muito popular em Jaisalmer).
Almoçamos no Restaurante da Mônica, um prato delicioso chamado “malai kofta”, que foi o prato típico que mais gostamos em nosso roteiro pela Índia.
Depois que terminamos a refeição, fomos à cooperativa da agência de turismo, onde são vendidos tecidos, tapetes, colchas, capas de almofada, tudo feito em patchwork, trabalho que é tradição da cidade de Jaisalmer. Porém, os preços dos produtos na cooperativa estavam muito acima da média do restante da cidade.
Uma das coisas interessantes das vilas indianas é que as vacas circulam livremente e em grande quantidade pela via pública, sendo alimentadas pelos populares. Do mesmo modo, elas dão um toque ainda mais exótico às coloridas ruas.
Jantar temático
Nosso jantar em Jaisalmer foi muito divertido. Foi um jantar temático, sendo que a dona do hotel gentilmente emprestou seus lindos e coloridos saris às mulheres do grupo e seu marido igualmente cedeu suas roupas aos homens. Todos nós, então, jantamos à caráter, uma deliciosa refeição no buffet do restaurante do hotel. Além disso, o hotel ficava no topo da muralha e proporcionava uma vista inacreditável, tudo ao som de instrumentos típicos do Rajastão.
Dia 6 – Jaisalmer
Acordamos bem cedo para evitar o calor (a temperatura estava, em média, 42o celsius) e fomos, assim, até o lago da cidade. Para nossa surpresa, havia pessoas tirando fotografias para catálogos de propaganda, então pudemos ver mulheres dançando à beira do lago, enquanto fotógrafos clicavam sem parar.
Caminhamos na beira do lago e em seguida retornamos à fortaleza, contornando as muralhas para visualizá-las de todos os ângulos.
Fort Palace
Depois disso, fomos conhecer parte interna do palácio principal da cidade, o Fort Palace, onde antigamente vivia a realeza, composto pelo Raja-Ka-Mahal (palácio do rei) e Rani-Ka-Mahal (palácio da rainha). Contudo, o interior é bem mais simples e menos impressionante do que a parte exterior. Os pontos mais interessantes do palácio são os aposentos do rei, com pinturas e mosaicos de espelhos coloridos nas paredes e teto; uma galeria de esculturas jainistas, doadas ao palácio; uma sala com os retratos de imperadores Rajput, bem como as sacadas e o topo do palácio, de onde é possível ver a cidade inteira, inclusive as muralhas. Ali nestas muralhas ficavam as rochas a serem lançadas contra os inimigos que tentavam escalar a fortaleza.
Templos Jainistas
Em seguida, visitamos os lindos templos jainistas de Jaisalmer, que são em um total de 7, ligados uns aos outros. A entrada é gratuita, porém, você acaba sendo exortado a pagar para alguém tomar conta de seus sapatos, que devem ser deixados na entrada do templo (assim como itens feitos em couro, como carteiras). Além disso, na parte interior, algumas pessoas com interesse em ser seu guia e, obviamente, ganhar algum dinheiro com isso, te abordam e começam a conversar, explicando sobre o lugar. Caso não tenha interesse, simplesmente diga “não, obrigado”. Se não adiantar, persevere na negativa.
Os templos jainistas datam dos Séculos XV e XVI, em arenito amarelo, e possuem intrincadas esculturas em suas paredes externas e internas, retratando deuses, seres celestiais, animais, dançarinas, bem como algumas imagens eróticas. Além disso, incenso de sândalo é queimado, para perfumar o local.
O Jainismo é uma religião que surgiu no século VI antes de Cristo, como uma reação contra o sistema de castas e rituais impostos pelo hinduísmo. Foi fundado por Mahavira, um contemporâneo de Buda. Eles acreditam que a salvação é atingida através da completa purificação da alma, como resultado de privações e de uma vida austera, com jejum e meditação. Retidão é essencial, bem como a prática da ahimsa (não violência). Isso significa, em outras palavras, não praticar a violência, seja em pensamentos ou em ações, em face de outros seres vivos. Atualmente, apenas 0,4% da população na Índia é jainista.
No final da tarde, novamente caminhamos ao redor do forte, para ver suas nuances de cores, ao pôr-do-sol. A fortaleza e igualmente as casinhas da cidade adquirem uma tonalidade dourada, graças ao arenito amarelo. Perambulamos pelas ruelas, sem rumo certo, observando as pequenas casas, bem como seus moradores, em seus afazeres diários.
Jantar na casa de uma família brâmane
Fomos jantar na casa de uma família brâmane, que é a casta hindu dos religiosos (o sistema de castas foi abolido pelos ingleses, contudo, na prática, continua). O chefe da família nos explicou muitas coisas interessantes a respeito de sua religião, seus hábitos, bem como de sua cultura. Vivenciar a cultura local é algo essencial em um roteiro pela Índia.
Dia 7 – Jodhpur
Apanhamos o trem bem cedo, rumo à cidade de Jodhpur, a cidade azul, dando continuidade, dessa forma, ao nosso roteiro pela Índia. Antigamente, os brâmanes (a casta hindu mais alta) pintavam suas casas de azul, até que pessoas de outras castas passaram a fazer o mesmo, o que, como resultado, deu esta tonalidade azulada à cidade (além disso, acreditavam que a cor azul nas paredes repelia insetos).
A viagem durou cerca de 6 horas. Logo que chegamos, fomos diretamente ao delicioso hotel Jagat Vilas, que era, na realidade, a residência de um dignitário, parente do atual marajá. A casa tem um claustro, com um lindo jardim, onde sentávamos para tomar drinks.
A cidade de Jodhpur começou a surgir antigamente, no século 15, ao redor do forte Mehrangarh, este último construído por Rao Jodha, governante da dinastia Rathore Rajput. O reino dos Rathore Rajput prosperou como resultado do comércio de sândalo, ópio, tâmaras e cobre, e controlava uma área que ficou conhecida como Marwar (terra da morte), que fazia fronteira com Mewar (Udaipur) ao sul, Jaisalmer a nordeste, Jaipur ao leste e Paquistão ao oeste.
Além disso, Jodhpur ficava na rota comercial entre Delhi e Gujarat.
Mehrangarh Fort
À tarde, fomos visitar o majestoso forte Mehrangarh, de onde era possível ter uma ampla e linda vista da cidade azul. O forte é imponente, erguendo-se perpendicularmente sobre rochas e a elas se amalgamando, sendo um dos fortes mais magnificentes da Índia, com muralhas que atingem 36 metros. Foi construído por Rao Jodha, em 1459, ao passo que foi expandido por seus sucessores. Na muralha do portão interno, ainda é possível ver marcas de balas de canhão, resultantes da guerra com a vizinha Jaipur. Além disso, o portão contém lanças horizontais, em ferro, para deter elefantes de guerra. Este forte é definitivamente uma das atrações mais interessantes de um roteiro pela Índia.
Logo após o portão, é possível ver em alto relevo impressões das palmas das mãos da viúva real, a qual era obrigada a se suicidar, atirando-se às chamas da pira funerária de seu marido marajá, quando ele falecia. Essa prática macabra, chamada sati, foi felizmente abolida pelos ingleses.
Vale a pena visitar o museu do forte: um labirinto de pátios e corredores, repletos de sacadas e pórticos, delicadamente esculpidos e ornamentados em pedra, que parecem um bordado. Essas espécies de telas permitiam que as mulheres observassem os acontecimentos dos pátios internos, por outro lado, sem serem vistas. Há no museu, igualmente, coleções de armas, liteiras, berços das crianças da realeza e pinturas.
Visitamos também os aposentos reais, passando pelo “Moti Mahal”, que era usado para encontros oficiais e recepções, decorado com vidros coloridos, bem como pinturas.
Ruelas da cidade azul
Depois que visitamos o forte, descemos pelas ruelas, visualizando as pequenas casinhas azuis e minúsculos templos que as permeavam.
Clock Tower
Quanto mais nos aproximávamos do centro, maior era o caos. Ruas abarrotadas de pessoas, motocicletas, vendedores insistentes e acima de tudo muita poeira. Finalmente, atingimos o coração da cidade, a clock tower, que fica na praça do mercado Sardar. Neste local de comércio intenso, pessoas vendem suas mercadorias em lojas, barracas ou, da mesma forma, no chão. São comercializadas roupas novas e usadas, bijuterias e coloridos saris. Ou seja, é um festival de cores! Em uma das entradas da praça do mercado há uma famosa lanchonete a de lassis (iogurte indiano, batido com frutas, muito popular entre os turistas).
Caminhamos por uma das ruas principais, onde há várias lojas de comidas, inclusive uma grande lanchonete que vende samoosas (iguaria indiana, que parece um pastel, recheada de vegetais).
Retornamos, por fim, ao hotel, tomamos cerveja e pedimos pizza.
Dia 8 – Jodhpur
Palácio Umaid Bhawan
Logo pela manhã, vistamos o Palácio Umaid Bhawan, uma construção do ano 1929, em estilo europeu e que oferece pouco interesse histórico, embora tenha proporções imponentes. Ele é decorado no estilo art deco e abriga uma coleção de obras de arte, relógios exóticos e, igualmente, nada menos que uma coleção de rolls royces. O atual marajá, Gaj Singh II, ainda reside em parte deste imóvel e, por outro lado, uma parte do palácio foi transformada em um hotel de luxo.
Jaswant Thada
Depois que deixamos o palácio real, apanhamos um tuk-tuk que nos levou ao Jaswant Thada, o crematório real, construído no ano de 1899, em memória do marajá Jaswant Singh II. O crematório é todo feito em mármore branco e possui lindas janelas com delicados jalis (telas esculpidas em mármore) e, além disso, proporciona uma bela vista do forte Mehrangarh. .
Por fim, retornamos ao hotel, almoçamos e passamos o resto da tarde descansando no refrescante pátio.
Dia 9 – Udaipur
Um ônibus nos levou de Jodhpur a Udaipur, a cidade dos lagos, um lugar igualmente imperdível em um roteiro pela Índia. Foram 5 horas e meia de viagem, que foi tranquila, exceto pelo adolescente que vomitou dentro do veículo, atingindo, inclusive, uma de nossas companheiras de viagem. Da estação rodoviária, apanhamos imediatamente um tuk-tuk que nos levou ao hotel Haveli Narayan Niwas, bastante aconchegante e limpo e que tinha vista para o lago Pichola.
A cidade é rodeada por lagos (daí seu apelido: cidade dos lagos) e é considerada, nesse sentido, um dos destinos mais românticos em um roteiro pela Índia.
Lago Pichola:
Udaipur foi fundada em 1568 pelo governante (maharana) Udai Singh II e era constantemente invadida pelos imperadores moguls, até que no século 19 foi firmado um tratado entre os britânicos e o maharana de Udaipur para proteção desta região contra invasores, com a manutenção da autonomia dos governantes. Ainda há uma família real, que reside no palácio da cidade.
Depois que almoçamos no restaurante do hotel, fomos visitar algumas lojas de prataria, roupas e pintura em miniatura (sendo esta última a especialidade da cidade).
Gangaur Ghat
Fomos até o Gangaur Ghat, um local com degraus, onde as pessoas descem para se banhar no lago e crianças brincam e mergulham. Lá também está localizado o Bagore-ki-haveli, um belo haveli (prédios delicadamente esculpidos em pedra) do Século XVIII, construído por um ministro.
Fizemos algumas compras nas incontáveis lojinhas do centro turístico, que fica às margens do lago. É preciso barganhar bastante e como resultado você obterá ótimos negócios!
Jantamos no agradável Rainbow Restaurant, que igualmente tem vista para o lago, regados à piña colada. Os palácios e construções estavam iluminados e refletiam lindamente nas águas do lago Pichola.
Dia 10 – Udaipur
Este dia foi dedicado apenas a atividades extras e ao relaxamento.
Primeiramente, às 6h30, fizemos uma aula de Yoga no terraço do hotel, com o professor Dr. Sri Ram.
A vista da aurora à beira do lago era magnífica.
Em seguida, tomamos café da manhã e nos preparamos para a próxima aula: culinária. Os três professores, que tinham uma cozinha muito moderna e bem equipada, nos ensinaram a preparar diversos pratos indianos, inclusive curry. Dessa forma, ajudamos a preparar a refeição indiana, que depois devoramos.
Na parte da tarde, fui fazer uma relaxante massagem ayurvédica no Hemant Massage Parlour (um negócio familiar, pequeno, simples, porém bastante aconchegante). Além disso, aproveitei para fazer uma tatuagem de hena na mão.
Danças típicas do Rajastão
À noite, fomos ao centro cultural/museu Baghore-ki-Haveli, assistir a um espetáculo de danças típicas do Rajastão. Cada microrregião possui uma determinada dança típica, demonstradas, então, nesse show. Houve igualmente uma apresentação de marionetes. Foi muito interessante!
Dia 11 – Udaipur
Palácio das Monções
Depois que tomamos café da manhã no delicioso restaurante Rainbow, apanhamos um tuk-tuk até o Palácio das Monções, Sajjan Garh. Ele fica no topo de uma colina e dessa forma era usado pela família real na época das longas chuvas para fugir das enchentes. A construção em si não oferecer muito interesse, mas, apesar disso, a vista a partir daquele ponto é magnífica.
No caminho, passamos ainda por outros lagos e palácios e vimos elefantes no meio da estrada, embrenhados no meio de outros automóveis e motocicletas, ou seja, como se fossem um meio de transporte qualquer.
Quando retornamos ao centro de Udaipur, descemos perto do arco Gangaur Ghat, onde vimos algumas pessoas se banhando.
Templo Jagdish
Fomos, então, ao interessantíssimo templo hiduísta Jagdish, construído em 1651 pelo governante Hagat Singh, que também fica às margens do lago, no centro turístico. Lá, crianças quiseram tirar fotos conosco. Aliás, em todos os lugares na Índia, muitas pessoas pediam para tirar fotos conosco – e nos sentíamos estrelas de Hollywood. Ou melhor, Bollywood. E isso é inevitável quando você faz um roteiro pela Índia.
City Palace
Em seguida, fomos ao vizinho City Palace. A família real ainda reside atualmente em parte deste palácio.
Descemos as rampas até a beira do lago, passando por um café e por fim chegando até a extremidade da propriedade. Deste ponto, há uma bela vista para o palácio de verão do Marajá, que atualmente funciona como um hotel de luxo e restaurante.
Fizemos mais compras na volta e, além disso, passeamos pelas ruas, que estavam enfeitadas para o festival Diwali.
O jantar foi no restaurante do Hotel Udaigarh, onde gravaram algumas cenas do filme The Best Exotic Marigold Hotel, e que igualmente oferecia uma linda vista para o lago.
Dia 12 – Pushkar
Por volta de 5h00, apanhamos um trem para Ajmed e, em seguida, um táxi para Pushkar. A viagem durou aproximadamente 5 horas e meia.
Pushkar não chega a ser uma cidade imperdível em um roteiro pela Índia, mas, apesar disso, ela tem seus encantos.
Nos acomodamos e almoçamos no Hotel New Park (mediano). Depois que descansamos um pouco, fomos caminhar pelas ruelas, passando pelo infinito bazar, onde as lojas vendem toda sorte de itens, de pós coloridos a espadas. Entre as lojinhas de cacarecos, às vezes, nos deparávamos com pequenos templos, onde havia devotos orando.
Pequeno templo dedicado ao deus-elefante Ganesh, espremido entre as lojas:
Lago sagrado de Pushkar
Fomos, em seguida, ao lago sagrado, que fica no centro da cidade. Ele é margeado por 52 portões de banho (chamados de ghat), onde há escadarias que levam até a água. As cinzas de Mahatma Ghandi aqui repousam. Segundo os hindus, um banho neste lago os purifica de todos os seus pecados. E o curioso é que as mulheres, sempre tão pudicas, banham-se seminuas.
Templo de Brahma
No coração da cidade, encontramos um templo de Brahma, que é um dos poucos templos no mundo dedicado àquele deus hindu.
Não pode cerveja, mas pode maconha?
A cidade de Pushkar é sagrada e tem algumas peculiaridades: o álcool é totalmente proibido, mas, por outro lado, o uso de maconha é tolerado (acreditam que o deus hindu Shiva fumava a erva). Não é a toa que a cidade é repleta de hippies ocidentais.
Do mesmo modo, é um local de peregrinação e todo hindu deve visitar esta cidade ao menos uma vez em vida.
Jantamos no restaurante Out of the Blue, muito animado.
Dia 13 – Pushkar
Templo Savitri
Logo cedo, fomos visitar o templo Savitri, que fica no topo de um morro. Um tuk-tuk nos levou ao pé da colina e depois subimos uma escadaria de aproximadamente 900 degraus. O templo, em si, não oferece muito interesse, mas, em contrapartida, a vista da cidade é linda e os macacos que ali habitam são muito espertos (até abrem torneiras).
Mela Fair
Enquanto estávamos em Pushkar, ocorriam os preparativos para a famosa feira de camelos, ou seja, a Mela Fair. Nela, há competições de camelos (o camelo mais veloz, o camelo mais ornamentado), bem como encantadores de cobras, crianças equilibristas e campeonato do maior bigode.
Assim, pudemos ver as preparações para a grande festa, como trabalhadores montando os brinquedos (roda gigante, barco viking etc.) e algumas famílias acampando com seus camelos, que participariam das competições. Vimos, também, barracas vendendo enfeites de camelos e pós coloridos, usados para pintar tanto os camelos quanto o chão.
No final da tarde, caminhamos pela rua do mercado, passando por mais um templo hindu.
Por fim, paramos em um dos ghats (portões de banho) e observamos as pessoas se banhando.
Fomos jantar em um lugar que tinha uma vista incrível do lago sagrado, chamado Sunset Café. A partir de lá, era possível ver a outra margem do lago, enquanto era realizadas as pujas (rituais sagrados de orações).
Dia 14 – Jaipur
Voltamos de Pushkar para Ajmed de táxi e em seguida apanhamos um ônibus para Jaipur, a cidade rosa, mais um ponto fundamental em um roteiro pela Índia. A viagem durou aproximadamente 2 horas e meia.
Jaipur, igualmente conhecida como “A Cidade Rosa“, é a capital do Estado do Rajastão e também sua maior cidade.
Ela foi fundada em 1727, por Jai Singh II, da linhagem dos Rajputs. Jai Singh II era um guerreiro e astrônomo, que subiu ao poder com apenas 11 anos de idade, depois que seu pai morreu.
Em 1876, o Marajá Ram Singh ordenou que a parte velha da cidade fosse toda pintada de rosa, para dar as boas vindas ao Príncipe de Gales (Rei Eduardo VII).
Como resultado, quando o príncipe chegou ao local, apelidou Jaipur de “A Cidade Rosa“.
Atualmente, a cor rosada não se deve à tinta, mas ao material de construção das casas (terracota).
Caminhamos até o centro histórico, passando, em primeiro lugar, por uma área comercial, com largas avenidas e lojas luxuosas, e após, pelos portões de entrada da cidade antiga, pelo old bazaar. Finalmente, chegamos ao Palácio dos Ventos.
Portão de entrada do centro antigo:
Ruas do centro antigo:
Palácio dos ventos
O Palácio dos Ventos (Wind Palace ou Hawa Mahal) é o mais belo e delicado monumento de Jaipur, lembrando um castelo de conto de fadas. Construído em 1799, ele é, na realidade, apenas uma muralha, com escadas por trás, e servia para as esposas e concubinas do marajá observarem o bazar e o movimento da rua, sem serem vistas (as mulheres casadas não podiam ser vistas em público). Foi a imagem deste belo palácio que havia despertado em mim, de antemão, o desejo de fazer um roteiro pela Índia.
Por outro lado, estava insuportável andar pelas ruas, pois eram os dias que antecediam o Diwali, a festa mais sagrada para os hindus, que equivale, mais ou menos, ao Natal para os cristãos. Ou seja, multidões tomavam conta das ruas e lojas, fazendo compras de presentes, doces, fogos e estalinhos.
Cinema – Filmes de Bollywood
Não podíamos deixar de vivenciar a experiência Bollywoodiana e não há melhor lugar para fazê-lo do que no luxuoso e tradicional cinema Raj Mandir, parte do roteiro turístico de Jaipur e igualmente de um roteiro pela Índia. Assistimos a um filme do tipo comédia pastelão, chamado Judwaa 2, e, embora a língua falada fosse o hindi e não houvesse legendas, pudemos acompanhar a trama com facilidade.
Posteriormente, jantamos no descolado restaurante do hotel Wall Street.
Dia 15 – Jaipur
City Palace
Na parte da manhã, visitamos os monumentos do centro antigo de Jaipur. Primeiramente, fomos ao City Palace, onde a família real de Jaipur continua a residir (na parte fechada ao público). O palácio começou a ser construído por Jai Singh, porém seus sucessores acrescentaram partes consideráveis até o Século XX. É, em suma, uma mistura de estilos rajastani e mogul.
Viendra Pol e Mubarak Mahal
Ao entrarmos pelo “Virendra Pol” (pol significa portão), logo avistamos o “Mubarak Mahal” (palácio de boas vindas), uma construção em arcos que era um centro para receber dignitários. Em seu interior há um pequeno museu, com objetos reais, tal qual a vestimenta dos marajás. Uma peça que chama a atenção é o roupão de Madho Singh I, de proporções gigantescas.
Viendra Pol:
Mubarak Mahal:
Diwan-i-khas
Seguimos, então, ao “Diwan-i-Khas” (hall de audiências privadas), um pátio aberto, de mármore rosa e branca, utilizado pelo Marajá para audiências, com seus ministros. Neste pátio há um recipiente de prata, com 1,6 metros de altura, considerado o maior objeto em prata do mundo, que foi utilizado para enviar águas sagradas do Rio Ganges à Inglaterra, para a coroação do Rei Eduardo VII, em 1902.
Passamos, ainda, pelo “Diwan-i-Am” (hall de audiências públicas), onde há uma galeria de arte, bem como pelo Salão das Armas, que abriga uma das maiores coleções de armas brancas do país.
Pitam Niwas Chowk
Por fim, fomos ao pátio “Pitam Niwas Chowk“, que possui quatro gloriosos portões simbolizando as quatro estações do ano: o portão da rosa simboliza o inverno; o portão verde simboliza a primavera; o portão da flor de lótus simboliza o verão; e o portão do pavão simboliza o outono.
Palácio dos Ventos
Deixamos o City Palace e seguimos caminhando pelas ruas e fomos novamente ao magnífico Palácio dos Ventos.
Jantar Mantar
Visitamos rapidamente o Jantar Mantar, um observatório astronômico, construído pelo rei e astrônomo Jai Singh, onde há diversas engenhocas para observar os corpos celestes.
Porém, para mais informações sobre esse observatório, não deixe de conferir AQUI o post da Sylvia, do blog Lugares de Memória.
Amber Fort
Apanhamos um transporte (chamado helicóptero) até o Amber Fort, um dos pontos mais interessantes da cidade e um belo exemplo da arquitetura Rajput. Fica a 11 km do centro de Jaipur. Amber era a antiga capital do Estado de Jaipur. No ano de 1592, o Marajá Man Singh, da dinastia Kachhwaha Rajput, deu início à construção do forte, que foi posteriormente completado por Jai Singh, antes deste último mudar a capital do Estado para a atual cidade de Jaipur.
Entramos no forte pelo “Suraj Pol” (portão do Sol), que conduz ao pátio principal. De lá, uma escadaria leva ao “Ganesh Pol” (portão do Ganesh).
Depois de cruzar o “Ganesh Pol”, chega-se ao “Jai Mandir” ou “hall of victory” (hall da vitória), com arcos e colunas em mármore, esculpidos em alto relevo e ornamentados com lindos mosaicos em vidro e espelho e incrustados com pedras semipreciosas, em formas florais.
Ao redor dos jardins internos do “Hall of Victory” há painéis em alto e baixo relevo, feitos em mármore.
Da beira da muralha, há uma bela vista do lago “Maota”, que circunda o palácio, bem como dos jardins externos.
Perambulamos pelo labirinto do “Zenana”, aposentos onde as mulheres e concubinas permaneciam reclusas. O projeto destes aposentos permitia que o Marajá pudesse fazer visitas íntimas a cada uma delas, sem que as outras percebessem.
São feitos passeios de elefante no local, mas não são recomendáveis, pois os animais vivem em condições bastante degradantes e sofrem maus tratos.
Palácio dos Lagos
No caminho de volta, passamos pelo Palácio dos Lagos, construído em 1799 por Madho Singh como um resort de verão para a família real, usado, ainda, para a caça de patos.
Minarete Iswari Minar Swarga Sal
O minarete Iswari Minar Swarga Sal, na cidade velha, proporciona uma bela vista panorâmica. A subida se dá por uma rampa estreita e íngreme, em forma de caracol, e pode ser um pouco cansativa.
Havia uma grande dificuldade de locomoção em Jaipur. Muitos motoristas não sabiam o caminho e por vezes era preciso trocar de transporte. Davam enormes voltas para chegar a locais muitas vezes bastante próximos. Ao menos, nos divertimos, porque o motorista emprestou seu auto-riquexá.
Fomos tomar uma cerveja no Henry’s the Pub (que, na realidade, não oferece nada de interessante e é muito caro). Depois, retornamos ao hotel para jantar.
Dia 16 – Abhaneri
Apanhamos um ônibus local de Jaipur para uma pequena cidade chamada Abhaneri. Não é um ponto muito comum em um roteiro pela Índia. Esta jornada de 2h30 foi bem desagradável. Tivemos de transportar as malas em assentos comuns ou sobre nós, pois não havia compartimento de bagagens. Tampouco havia ar condicionado e o calor era intenso. E o ônibus estava lotado, com alguns passageiros inclusive viajando de pé. Apesar disso, foi muito interessante interagir com a população local. Conhecemos uma família simpática que estava retornando de Jaipur, aonde haviam ido para fazer compras para o Diwali.
A chegada à vila de Abhaneri foi reconfortante, pois o Hotel Abhaneri Niwas, onde nos hospedamos, era especial.
Cisterna
Após um almoço delicioso, caminhamos até o principal ponto de interesse da pequena vila, que é a maior cisterna do Rajastão, datada do Séc. VIII. Neste local, foi gravado um dos filmes do Batman.
O guia que nos acompanhou explicava as figuras mitológicas e deuses esculpidos na pedra:
Esta figura, metade homem, metade mulher – simboliza Shiva e Parvati, sua consorte.
Fomos também ao templo localizado ao lado da cisterna, chamado Harshshat Mata.
Jantamos novamente no buffet do hotel, incluído na estadia.
Dia 17 – Agra
Finalmente, chegou o momento de conhecer uma das principais atrações do roteiro pela Índia, ou seja, o Taj Mahal. Uma van nos levou a Agra e a viagem durou cerca de 3 horas. Agra foi a capital do império Mogul por 130 anos, antes de ela ser transferida para Nova Delhi. Deixamos as coisas no hotel Karam Villas, bem confortável, onde nos hospedamos e almoçamos.
À tarde, fomos visitar o mundialmente conhecido Taj Mahal.
O Taj Mahal foi construído pelo imperador mogul Shah Jahan como mausoléu para sua terceira esposa, Mumtaz Mahal, que morreu no ano de 1631, durante o parto do décimo quarto filho do casal. A morte de Mumtaz abalou profundamente o poderoso imperador. Depois de aproximadamente 20 anos de obras e da força de trabalho de mais de 20.000 homens, o Taj Mahal finalmente foi acabado. Pouco depois, o filho de Shah Jahan, Aurengzeb, o depôs e usurpou seu trono, aprisionando o próprio pai no Forte de Agra, até sua morte. Quando faleceu, Shah Jahan também foi enterrado no Taj Mahal, ao lado de sua amada, Mumtaz.
As paredes do templo são feitas em mármore branco, incrustadas com pedras preciosas, em formatos florais e com inscrições do Alcorão – trabalho este denominado “pietradura”, elaborado por arquitetos europeus levados à Índia.
Em 1983, o Taj Mahal foi reconhecido pela Unesco como patrimônio da humanidade e posteriormente foi eleita como uma das 7 Maravilhas do Mundo Moderno.
Um soldado ralhou conosco porque estávamos fazendo posições de yoga na frente do Taj, dizendo que aquilo não era permitido ali. Saímos sem entender o motivo.
Diwali
Este foi um dia muito especial, pois era Diwali. Para celebrar a festa sagrada, jantamos em um restaurante muito animado, com música indiana típica ao vivo. Além disso, uma banda de rua entrou no restaurante e todos dançamos. Após o jantar, fomos ao lado externo para cumprir a tradição desta data, que é soltar fogos. Havia busca-pés, estalinhos, rojões e fogos em geral. As luzes e os ruídos dos fogos tomavam conta da rua. A simbologia por trás deste ato é a vitória da luz e do bem sobre as forças da escuridão e do mal.
Se possível, ao programar seu roteiro pela Índia, tente fazer a data da viagem coincidir com algum festival, tal qual o Diwali, ou então o Holi.
Dia 18 – Agra
Baby Taj
Hoje visitamos um templo chamado Itimad ud Daulah, mais conhecido como Baby Taj. Construído em 1622 e 1628, em mármore branco, com aplicação da técnica da “pietradura”, este monumento é o mausoléu de Mizra Ghiyas Beg, avô de Mumtaz Mahal e está situado às margens do rio Yamuna.
Agra Fort
Seguimos, então, para o Agra Fort, muito parecido, em termos arquitetônicos, com o Red Fort de Delhi. Esse massivo forte de arenito vermelho começou a ser construído em 1565 pelo imperador mogul Akbar e foi paulatinamente incrementado por seu sucessores, principalmente Shah Jahan, seu neto. De início, serviu como um uma estrutura militar, mas Shah Jahan o transformou em um palácio, o qual, após sua deposição e aprisionamento pelo próprio filho, tornou-se sua prisão, até que encontrasse a morte. Posteriormente, os britânicos usaram a fortaleza como um depósito militar.
Dentro do forte, visitamos o salão de audiências públicas e o salão de audiências privadas, em mármore branco.
Em seguida, passamos ao khas mahal, a estrutura em formato octogonal que serviu como prisão ao imperador Shah Jahan por oito anos, até sua morte, depois que seu filho, Aurengzeb, usurpou seu trono. Após falecer, seu corpo foi transportado de barco ao Taj Mahal (ao fundo na foto), onde foi enterrado, juntamente com sua amada Mumtaz.
Passamos, também, pelo salão dos espelhos, que estava fechado para visitação.
O Forte de Agra oferece uma bela vista panorâmica do Taj Mahal, o que significa que, durante o cárcere, Shah Jahan pôde apreciar sua belíssima e mais grandiosa obra arquitetônica.
Por fim, passamos pelo palácio do imperador Jehangir, que também fica dentro do complexo do forte, construído para ele por seu pai, Akbar.
Retornamos ao hotel para almoçar e descansar. Era para termos apanhado um trem noturno para Varanasi, mas ele estava com 17 horas de atraso, pois esta parte da estrada de ferro está em manutenção. Decidimos, então, ir de avião, no dia seguinte.
Festinha de adolescentes
À noite, havia uma música ensurdecedora vinda do salão de festas. Era uma festa de aniversário de uma adolescente de 17 anos. Resolvemos olhar o movimento por detrás da porta, quando fomos vistos e, então, os convidados fizeram questão que descêssemos e dançássemos com eles. Havia DJ e pista de dança e a música era eletrônica, porém indiana. Foi muito divertido dançar com os muito receptivos adolescentes.
Dia 19 – Varanasi
Voamos de Agra para Varanasi, o que foi muito confortável, evitando, assim, o transtorno que é o transporte terrestre na Índia (mas que, por outro lado, é definitivamente fundamental para você se conectar com o país).
Quando cheguei à Varanasi, não sei se a amei ou a odiei. Levei algum tempo para entendê-la. Por fim, percebi que é o lugar mais exótico que estive, neste roteiro pela Índia, e que me proporcionou as impressões e as histórias mais interessantes, embora esteja longe de ser a mais bela das cidades.
Esta cidade já era habitada no ano de 1.200 antes de Cristo e é sagrada para os hindus, sendo um dos lugares de peregrinação mais populares. Ela margeia o rio Ganges e ao longo das margens há degraus que nos conduzem à água, divididos em setores, chamados de ghats, utilizados para banhos. Acredita-se que um banho nas águas sagradas do Ganges redime a pessoa de seus pecados.
Nos hospedamos no Hotel Haifa, o qual, embora bem localizado, deixa a desejar em termos de conforto e higiene.
Aarti Ganga
Por volta das 19h00, têm início as celebrações nos ghats, chamadas de aarti ganga, na qual sacerdotes entoam cânticos, fazem orações, queimam incenso e dançam com fogo, em homenagem ao sagrado rio Ganges (e que é representado pela deusa Ganga). Fomos assistir à cerimônia no Assi Ghat, onde recebemos pétalas de flores e lançamos velas acesas ao rio.
Dia 20 – Varanasi
Pela manhã, caminhamos do Assi Ghat (próximo a nosso hotel) até o Manikarnika Ghat, passando por vários ghats, sendo que neste último são realizadas a maior parte das cremações em Varanasi. Elas acontecem a céu aberto, aos olhos dos passantes. No caminho, passamos também pelo Harichandra Ghat, onde também ocorrem cremações. Lá, parei e permaneci observando o procedimento de cremação. Era possível ver as entranhas do corpo, a partir do momento que este começava a se dissolver nas chamas.
É muito auspicioso para o hinduísta ser cremado em Varanasi, pois, segundo suas crenças, isso os liberta do ciclo de sofrimento do samsara (ciclo de nascimento, morte e reencarnação). Todavia, nem todos podem ser cremados: não podem se sujeitar a esse procedimento as crianças até 6 anos, gestantes, pessoas albinas, homens religiosos e pessoas que morreram picadas por cobras – estes são lançados diretamente no rio.
Ao longo dos ghats, vimos muitas coisas interessantes que caracterizam a marcante cultura indiana e os hábitos dos hinduístas. Pessoas banhavam-se nas águas sagradas do Ganges, acreditando que isso as livraria de seus pecados (muito embora a água seja extremamente poluída). Alguns lavavam roupas, outros lavavam búfalos ou vacas. Uns ghats são mais coloridos e enfeitados, especialmente os construídos pelos governantes do sul.
Ritual da cremação
Caminhamos, também, pelas ruelas da cidade. Nesta ocasião, vimos o início da celebração funerária que culmina com a cremação: o defunto é transportado em uma maca, envolto em um manto cor de abóbora e flores, sendo carregado pelas vielas por familiares que entoam cânticos funerários. Ao chegarem à beira do rio, aspergem o corpo com a água sagrada e depois o colocam sobre o monte de toras de madeira (elas ficam empilhadas ao lado das piras e são pesadas em grandes balanças – o preço é definido pelo peso). O fogo é aceso e constantemente alimentado por uma espécie de serragem misturada com incenso. O processo de queima é demorado, levando muitas horas. No Manikarnika Ghat observamos longamente a cremação, desde seu início.
As lojas de iogurte com frutas (lassi) também são famosas por lá.
Voltamos caminhando e na volta paramos para almoçar na padaria Brown Sugar Bakery.
Passeio de barco no Ganges
Ao por-do-sol, fizemos um passeio de barco pelo Ganges, soltando velas acesas nas águas e fazendo um pedido. O barquinho nos levou até o Dashashwamedh Ghat (o mais colorido ghat), onde estava ocorrendo outra cerimônia aarti ganga, e lá parou para observarmos esta puja. Vivenciar essa experiência é algo essencial em um roteiro pela Índia.
De longe, avistamos mais uma vez as cerimônias de cremação (labareda de fogo nestas fotos).
Jantamos no Hotel Palace, que tem um lindo terraço com música indiana ao vivo. Músicos tocavam cítara, tabla, flauta e violão.
Dia 21 – Retorno para Nova Delhi
Descansamos durante o dia e à noite apanhamos o trem noturno para Nova Delhi. A viagem foi cansativa, mas um pouco melhor do que a primeira, talvez porque já estivéssemos nos acostumando com as particularidades de uma viagem de trem na Índia. Três casais indiano viajaram em nossa cabine, aparentando ser de classe média alta. As mulheres abriam suas tapwares com parathas (uma das espécies de pão indiano) e partiam o alimento para dar aos maridos e filhos. Eles sempre viajavam com uma quantidade imensa de bagagem, que mal cabiam no compartimento. Mais uma vez, meu sono foi custoso e continuamente interrompido pelo bendito vendedor de chá gritando: “chai, chai, chaya…“
Dia 22 – Nova Delhi
Chegamos a Delhi pela manhã e acomodamos as coisas no hotel Perfect, o mesmo do início da viagem. Fomos visitar o templo Akshardam. É um templo relativamente novo, tendo sido construído em 2005, pelo guru Pramukh Swami Maharaj, sucessor de Bhagwan Swaminarayan, um grande líder espiritual, yogui e asceta, que viveu de 1781 a 1830 . O passeio é divertido, embora seja um tanto quanto “Disneylândia”, com apresentações interativas de barco e bonecos mecânicos que contavam a história da Índia (é mais divertido do que possa soar). Não é permitido tirar fotos no interior do complexo.
Jantamos em um restaurante moderno e delicioso no bairro de Karol Bagh.
Despedimo-nos no grupo e, a partir daqui, nosso roteiro pela Índia continuou por nossa conta, ou seja, sem o grupo.
Dia 23 – Amritsar
Pela manhã, apanhamos um voo de Delhi para Amritsar, capital do Estado de Punjab e centro espiritual dos sikhs. A cidade foi fundada em 1577, pelo quarto guru sikh Ram Das. Esta foi igualmente uma das cidades que mais me encantou em meu roteiro pela Índia.
Sikhs
As outras religiões perseguiam muito os sikhs, assim como os imperadores moguls, os britânicos e até mesmo Indira Gandhi, sendo que um dos imperadores moguls, chamado Aurengzeb (filho de Shah Jahan e um dos líderes mais sanguinários), certa vez, convocou o líder sikh para uma reunião e o decapitou, diante dos olhos de seus próprios seguidores. A partir deste evento, os sikhs angariaram fundos para criar uma irmandade e um exército próprios. Todos eles andam armados de faca. Além disso, usam um aro de prata no pulso, não cortam seus cabelos ou barba e usam turbantes coloridos
Fomos direto para o Hotel Abode, extremamente bem localizado. Ele fica em um boulevard, fechado para o trânsito de veículos, todo revitalizado e limpo. O templo dourado, principal atração turística da cidade, fica a apenas 100 metros dele.
Golden Temple
Fomos, então, ao complexo do templo dourado, Golden Temple, e perambulamos por horas ali. Sentamos às margens do lago sagrado (piscina de néctar ou Amrit Sarovar), onde os fiéis se banham para livramento dos pecados. Acredita-se, ainda, que a água tenha poderes curativos. Das 4h00 às 23h00, continuamente, músicos entoam cânticos e tocam instrumentos, com alto-falantes que levam o som a diversos pontos do centro da cidade. A entrada ao complexo é gratuita e os sapatos devem ser deixados ao lado de fora, em um guarda-volumes, também gratuito. Todos que ali entram, devem lavar seus pés e cobrir seus cabelos (mulheres e homens). Há lenços disponíveis na entrada, cujo empréstimo é gratuito.
Os turistas e fiéis indianos que visitavam o lugar nos achavam muito exóticos e pediam para tirar fotos conosco.
As paredes externas do templo são feitas com painéis de ouro e o domo superior e feito de ouro maciço. Há uma longa fila para entrar em seu interior, onde ficam os músicos e o livro sagrado.
As paredes internas são lindamente pintadas e o chão é forrado de tapetes, mas é proibido tirar fotos (a imagem abaixo foi extraída de um cartão postal).
Boulevards de Amritsar
Jantamos no hotel e depois passeamos pelo boulevard.
Retornamos ao Golden Temple, para vê-lo à noite e iluminado pelos holofotes, que lhe dão uma cor ainda mais incrível. Assistimos à celebração da guarda do livro sagrado, que ocorre por volta de 21h40.
Dia 24 – Amritsar
Pela manhã, caminhamos um pouco mais pelo boulevard, finalizando, assim, essa parte norte do roteiro pela Índia.
Seguimos para o Parque e Memorial Jallianwala Bagh, feito em homenagem aos 1500 indianos mortos ou feridos quando um oficial britânico ordenou que seus soltados atirassem contra protestantes desarmados, em 1919. Os buracos das balas ainda são visíveis nas paredes. Agora, no local, há um refrescante parque, com lindas flores e árvores.
Na parte da tarde, retornamos a Delhi e nos hospedando no confortável hotel Udman (aproximadamente U$40,00), que fica próximo ao aeroporto, em um bairro repleto de outlets esportivos.
Dia 25 – Khajuraho
Voamos, então, de Delhi para Khajuraho. Os templos eróticos desta cidade são muito famosos e estão listados pela Unesco como Patrimônio Mundial. É igualmente um lugar imperdível em um roteiro pela Índia.
Há três grupos de templos: oeste, leste e sul.
Estes templos foram erigidos de 950 a 1050, durante a dinastia Chandela. Posteriormente, o local foi abandonado devido à mudança da capital do reinado e os templos permaneceram isolados e preservados contra invasores, até o ano de 1838, quando um oficial britânico descobriu as ruínas.
Dos 85 templos inicialmente erguidos, subsistem apenas 25.
Em estilo arquitetônico indo-ariano, os templos revelam em suas paredes esculturas de reis, rainhas, guerreiros, ninfas, dançarinas e seres mitológicos dançando, se maquiando, fazendo sexo, entre outras coisas do quotidiano.
Segundo a lenda, as esculturas eróticas retratam o livro Kama-sutra, embora não haja consenso entre os historiadores sobre isso.
Complexo oeste
No complexo oeste estão os templos mais famosos e igualmente mais bem preservados da cidade. É o único grupo de templos que cobra a entrada para visitação. Lá, o ideal é contratar um guia local, sem o qual é impossível ver todos os detalhes dos templos.
Visitamos os seguintes templos:
- Varaha Temple: é um pequeno templo que contém uma grande estátua de um javali, datada do Século 9, representando, dessa forma, uma das 10 encarnações do deus Vishnu.
2. Lakshmana: levou 20 anos para ser completado, o que ocorreu apenas no ano de 954.
Ele contém as esculturas mais icônicas dos Templos de Khajuraho.
A mulher arranhando as próprias costas simboliza a masturbação.
Há esculturas, por exemplo, de músicos, orgias sexuais, soldados em guerra, pessoas mantendo relação sexual com animais, entre outros:
Uma das esculturas mais belas é aquela da ninfa envolta em um sári molhado.
Esta escultura do deus Ganesh dançando é igualmente um dos destaques do templo.
3) Kandariya Mahadev: é o maior dos templos. A cúpula é belíssima, tendo sido inspirada no monte Meru, sagrado para os hindus.
Merece destaque, por sua delicadeza, a escultura da mulher tirando um espinho do próprio pé:
Esta escultura do sexo grupal é a mais famosa dos templos eróticos.
4) Devi Jagadamba: lá estão esculturas representando Bayal, ou Sardu, um ser mitológico, que relembra um leão.
5 e 6) Chitragupta e Vishvanath, respectivamente:
Retornamos ao Hotel Syna e em seguida nos sentamos no agradável jardim, onde tomamos uma cerveja.
Dia 26 – Khajuraho – última cidade de nosso roteiro pela Índia
Complexo Leste
Logo pela manhã, visitamos o Complexo Leste de templos.
São eles:
1) Vamana: é dedicado à reencarnação de Vishnu, na forma de um anão.
2) Javari: é da mesma forma um bom exemplo da arquitetura de Khajuraho.
O dragão sobre a porta da entrada confere proteção:
A mulher ninando um bebê contrasta com as esculturas eróticas:
3) Brahma: é um dos mais antigos, datando do ano de 900.
Old village
Ao lado dos templos, há uma vila muito antiga e pitoresca, conhecida como old village. O tuk tuk parou e um simpático guia local veio imediatamente nos oferecer seus serviços. Ele nos conduziu, a pé, pelas estreitas ruelas, salpicadas de pequenas casas brancas com telhados de pedra e pequenos templos de adoração, enquanto nos dava explicações.
Um passeio aqui nos remete diretamente ao passado, sobretudo quando vemos os simpáticos moradores pegando água em poços ou bombas manuais.
Além disso, os moradores enfeitam suas calçadas com muito esmero:
Complexo Jainista
Finalizando nosso roteiro pela Índia, seguimos, então, para os três templos jainistas do complexo leste – Jain enclosure:
1) Shanti Nath:
O interior do templo Shanti Nath é ornamentado com esculturas e pinturas jainistas:
2) Parsvanath: conta com famosas esculturas, tal qual a da ninfa aplicando maquiagem.
3) Adinath: sua bela e intrincada cúpula busca o céu.
Retornamos, portanto, para o hotel, almoçamos e apanhamos o voo de volta para Nova Delhi.
Fim do roteiro pela Índia:
Às 7h00, deixamos então Nova Delhi e voamos para o Nepal.
E aqui terminou nosso lindo roteiro pela Índia, que nos proporcionou experiências inesquecíveis, bem como a certeza de que um dia iremos retornar.
Por fim, para retornar ao Brasil, apanhamos um voo pela cia aérea Emirates, com uma conexão em Dubai, onde permanecemos por 16 horas. Dessa forma, pudemos passear um pouco pela suntuosa cidade, mas apenas fazendo um city tour, naqueles ônibus hop on – hop off.
Para informações sobre o sul da Índia, sobretudo a região de Kerala, não deixe de conferir o post 16 coisas para se fazer em Kerala , do blog de viagens “Fora da Zona de Conforto”.
Que post incrível!! Além de informações importantes, imagens muito lindas!! Que emoção visitar o Taj Mahal!!!
Fico muito feliz que tenha gostado!!!! Obrigada!!!
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