Confira este roteiro na Polônia, que fizemos em meio a uma viagem pela Europa.
Estávamos em uma viagem de carro pela Europa, saindo da França e chegando até a Rússia, quando passamos pela Bélgica, Alemanha, Polônia, Lituânia, Letônia e Estônia.
De todos estes países que visitamos, a Polônia foi um dos que mais nos impressionou.
A nação guarda muitos segredos de um passado sofrido. Ela vivenciou por diversas vezes invasão de seus vizinhos e foi subjugada por Nazistas e Soviéticos. Mas, em outros tempos, usufruiu longas alianças de paz e prosperidade.
Sua história fez, portanto, com que ela se tornasse um grande caldeirão cultural.
Mesmo a Polônia se situando no Leste Europeu, ela integra a União Europeia e, portanto, não há qualquer controle de fronteira para os cidadãos.
Veja, a seguir, nosso Roteiro na Polônia:
1º Dia – Breslávia
A primeira cidade que visitamos na Polônia foi Breslávia (ou Wroclaw), que fica na região da Silésia, ainda perto da fronteira com a Alemanha.
Ao estacionar o carro próximo ao centro histórico, já avistamos os icônicos Anões da Breslávia (Wroclawskie Krasnale), pequenas estatuetas de anões em bronze, espalhadas pela cidade.
Esta coleção, em número superior a 300, além de ter uma função decorativa, simbolizava a “Alternativa Laranja”, um grupo político polonês dissidente da era comunista.
Seguimos, então, para a Praça Principal (Wroclawski Rynek), uma charmosa praça com edifícios elegantes e coloridos, na qual se destaca a Prefeitura (Ratusz).
A Prefeitura se trata de um edifício em parte gótico e em parte renascentista, cuja construção levou quase 200 anos e que ostenta um relógio astronômico.
Caminhamos, ainda, na área verde das margens do Rio Oder, de onde pudemos avistar a Ilha da Catedral (Cathedral Island).
Em seguida, apanhamos o carro e fomos até esta ilha. Trata-se de uma ilha fluvial, que ostenta a imponente Igreja de São João Batista, uma basílica construída entre 1244 e 1590, destruída durante a 2ª Guerra Mundial e posteriormente reconstruída.
Deixamos a Breslávia e apanhamos a estrada em direção à Cracóvia, dormindo em uma cidade chamada Gliwice. Tomamos uma cerveja no pub Hemingway Club e jantamos em um restaurante indiano, chamado Mannat.
2º Dia – Auschwitz
Neste dia de nosso roteiro na Polônia, visitamos um dos locais mais importantes, em termos históricos, do Século XX: o lúgubre Campo de Concentração de Auschwitz.
Para o visitante entrar sozinho nas dependências do campo, há um limite de pessoas e é preciso aguardar um horário que tenha vaga. Ou, então, é possível se encaixar e um dos grupos guiados (há grupos em vários idiomas). Para ir com o grupo guiado, é necessário adquirir um ingresso. Este ingresso fica disponível para venda em Auschwitz I. Depois, para ir a Auschwitz II – Birkenau, apanha-se um ônibus gratuito, pois os dois campos estão separados por cerca de 3 quilômetros.
Recomendo fortemente a ida com o grupo guiado, para aproveitar mais a experiência. Nossa guia nos deu uma explicação muito completa e minuciosa, começando mesmo pela descrição da conferência de Wannsee. Esta conferência, realizada pelos Nazistas, foi a ocasião na qual se decidiu pelo extermínio de judeus que viviam na Europa, dando cabo da vida de aproximadamente 6 milhões deles.
Auschwitz I
Logo que entramos nas dependências de Auschwitz I, nos deparamos com a cínica frase em seu portão de entrada “Arbeit macht frei”, ou seja, “O trabalho liberta”.
Das dezenas de blocos que antigamente abrigavam os prisioneiros, alguns albergam exposições.
O primeiro bloco-museu que visitamos expunha painéis com fotos originais, retratando o sinistro momento da triagem. Trens vindos da Europa inteira chegavam a Auschwitz, lotados de judeus. Nesse momento, formava-se uma grande fila dos recém-chegados e era realizada a triagem.
Os mais idosos, ou muito pequenos, ou quem não pudesse trabalhar já eram encaminhados diretamente às câmaras de gás, para serem aniquilados. Já os aptos ao trabalho eram encaminhados ao campo de concentração.
Neste bloco há, ainda, um pequeno museu, com a exposição de bens pessoais dos judeus que pereceram em Auschwitz, como sapatos, malas, louças e outros pertences, como óculos e próteses.
Os cabelos das mulheres eram cortados, logo após sua morte na câmara de gás. Eles foram armazenados para serem posteriormente vendidos e hoje vemos uma grande montanha de cabelos.
No segundo bloco que visitamos, havia a reprodução dos quartos, com camas do tipo beliche ou mesmo palha no chão, bem como vasos sanitários e lavatórios. Os prisioneiros tinham autorização para usar o banheiro apenas duas vezes no dia.
No terceiro bloco visitado, que era o Bloco n.º 11, visualizamos uma sala, onde funcionava o tribunal sumário da Gestapo, bem como a sala da SS. Neste bloco havia, ainda, as minúsculas solitárias (ou seja, uma prisão dentro da prisão), bem como o paredão de fuzilamento.
A morte em Auschwitz
A morte em Auschwitz podia se dar pelas câmaras de gás, por injeção letal (resultado de experimentos médicos), por fuzilamento e por enforcamento (este último, destinado a quem tentasse fugir).
E, claro, havia também mortes por inanição, falta de cuidados médicos, excesso de trabalho e frio.
Vale dizer que nem todos os prisioneiros de Auschwitz eram judeus. Havia também condenados por crimes políticos, membros da resistência Polonesa, ciganos e prisioneiros de guerra soviéticos. Mas a maioria, sem dúvida, eram judeus. É possível verificar esses sinistros números abaixo:
Visitamos em Auschwitz I, ainda, a primeira câmara de gás do campo.
Porém, como esta câmara de gás passou a ser pequena para os propósitos genocidas dos Nazistas, eles construíram, em Auschwitz II – Birkenau, mais 4 câmaras de gás grandes.
Auschwitz II – Birkenau
Apanhamos um ônibus de um campo para outro.
Auschwitz II – Birkenau é bem maior que Auschwitz I.
Atualmente, as 4 câmaras de gás que ali existiram estão em ruínas, pois foram destruídas pelos Nazistas, quando os Soviéticos invadiram o campo, no final da II Guerra Mundial, para poder encobrir seus crimes de genocídio, morte em massa e outros crimes de guerra.
Ainda nesta ocasião, ou seja, quando da iminente chegada dos Soviéticos a Auschwitz, os Nazistas organizaram a marcha da morte, levando a maior parte dos judeus internos para os confins da Europa. Entre 9.000 e 15.000 pessoas morreram nesta marcha, fosse de cansaço ou por tentar fugir. Os que foram deixados em Auschwitz para morrer, acabaram sendo libertados pelos Soviéticos.
Nesta noite, dormimos em um hotel nos arredores de Cracóvia, repleto de obras de arte, chamado Dwor w Tomaszowicach e jantamos no restaurante do próprio hotel, comida típica polonesa.
3º Dia – Cracóvia e Arredores
Dando continuidade a nosso roteiro na Polônia, neste dia, pela manhã, visitamos as famosas Minas de Sal, em Wieliczka, um dos pontos turísticos mais populares da Polônia.
Minas de sal de Wieliczka
Contando com aproximadamente 300km de extensão, este labirinto subterrâneo de túneis e câmaras possui uma profundidade de 327 metros, divididos em 9 andares, abaixo do solo.
Ela começou a ser explorada em 1253 e encerrou suas atividades em 1996, sendo que ainda possui alguns troncos de contenção, de 500 anos de idade. A exploração de sal era um negócio muito lucrativo, pois antes do advento da eletricidade, os alimentos eram conservados com sal. Por isso esse insumo era chamado de “ouro branco”.
Os pontos que achamos mais interessantes da mina foram a ampla Catedral de São Kinga, inteiramente esculpida em sal (inclusive altar, lustres e estátuas), o salão com o lago subterrâneo e sala de músicas de Frederic Chopin.
Também merece destaque o salão mais alto da mina, onde os Nazistas tentaram construir uma fábrica de aviões.
Aliás, os Nazistas tomaram a mina durante a 2ª Guerra Mundial e a exploravam economicamente. Chegaram até mesmo a tentar construir esta fábrica de aeronaves de guerra, mas os Soviéticos os impediram.
Centro de Cracóvia
Na parte da tarde, visitamos outras atrações da bela cidade de Cracóvia, que foi a capital real da Polônia até 1596.
Começamos pelo centro antigo da cidade, parando no imponente Castelo Wawel (Wawel Royal Castle), em estilo renascentista. Até o Século XVI, esse castelo foi a sede do governo e residência real. Atualmente, ali funciona um museu que abriga, entre outros, as joias da Coroa.
No interior do castelo situa-se a Catedral de Wawel, local onde se realizavam as coroações, funerais e enterros da nobreza polonesa, por séculos a fio. Chama a atenção a Capela de St. Sigismundo, dentro da Catedral, com seu reluzente domo dourado.
Já do lado de fora do castelo, encontramos a estátua do Dragão de Wawel.
Visitamos, ainda em Cracóvia, a Praça Rynek, coração da cidade e uma das maiores praças medievais da Europa.
Ali se encontra a Basílica de Santa Maria, que ostenta duas torres assimétricas e cujo interior é feito em madeira, ricamente pintada.
O centro da praça é dominado pelo Cloth Hall (mercado medieval de tecidos), um edifício longo, datado do Séc. XIV, com uma bela arcada. Atualmente, o mercado abriga diversas barracas de souvenirs.
Ainda na praça, tomamos um cafezinho para esquentar, acompanhado de um doce, e ficamos perambulando um pouco mais, após o anoitecer.
Por fim, jantamos novamente no restaurante do hotel.
4º Dia – Cracóvia e Varsóvia
No dia seguinte, ainda em Cracóvia, visitamos a Fábrica de Schindler (cuja história é tema do famoso filme do Spielberg), e demos uma volta de carro nos bairros Kazimierz e Podgorze, que eram antigos guetos.
Deixamos Cracóvia e seguimos, então, para Varsóvia, capital da Polônia.
Varsóvia
O primeiro local que visitamos foi o curioso Pkin (Palace of Culture and Science), um edifício cuja arquitetura é tipicamente soviética stalinista (há 7 iguais a ele, em Moscou, além de haver outros espalhados pelos países da ex-União Soviética).
Ele foi um “presente” dado pela União Soviética em 1950 e mede 231 metros de altura, sendo o edifício mais alto da Polônia. Atualmente, ali funcionam um teatro, cinema, museu, local de exposições, entre outros.
Seguimos, então, para o coração de Varsóvia, o Old Town (Centro Histórico), que é parcialmente cercado por muralhas.
Ali visitamos o Castelo Real (Zamek Krolewski w Warszawie), bem como a Praça Principal (Rynek Starego Miasta).
O Castelo Real teve suas origens no Séc. XIV e servia como fortaleza para os Duques de Mazovia. Foi remodelado e no Séc. XVII, momento em que chegou no auge de seu esplendor, servindo até mesmo de residência aos czares russos. Quando a Polônia ganhou independência em 1918, ele se tornou a residência presidencial. Porém, ele foi destruído pelos Nazistas durante a 2ª Guerra mundial, tendo sido posteriormente reconstruído.
A graciosa Praça Principal, que também se situa no interior das muralhas, por sua vez, ostenta diversas mansões, variando entre os estilos renascentista, barroco, gótico e neoclássico.
Depois que deixamos o centro antigo, visitamos a Igreja Church of the Holy Cross, onde há uma urna com o coração do Frederic Chopin, o virtuoso compositor que é orgulho nacional da Polônia (há até mesmo uma estação de rádio chamada “Chopin” que só toca suas obras).
Nesta noite, dormimos no Sleep & Fly e jantamos num restaurante italiano muito ruim.
5º Dia – Varsóvia
Ainda em Varsóvia, visitamos o Museu do Chopin, situado em um lindo palácio barroco, o Ostrogski Palace.
No acervo deste museu, encontramos bens pessoais do compositor, até mesmo os pianos que lhe pertenceram, além de bustos dele. No andar inferior, há stands de música, onde o visitante pode ouvir todas as obras do artista e aprender um pouco mais sobre a diferença entre seus estudos, baladas, noturnos, prelúdios e mazurcas.
Retornamos ao centro antigo (Rynek Sarego Miasta), demos uma volta e tomamos um café.
A partir deste ponto, iríamos visitar os Países Bálticos e a Rússia. Dormimos, portanto, em uma cidade chamada Suwalki, perto da fronteira com a Lituânia, e jantamos no hotel do restaurante, filé com vegetais, regados a um Syrah da África do Sul.
6º Dia – Castelo de Malbork e Gdansk
Após visitar os três Países Bálticos, Lituânia, Letônia e Estônia, bem como a Rússia, nós retornamos à Polônia. Seguimos rumo ao norte e passamos por regiões muito bonitas, com muitos lagos.
Paramos, então, no massivo Castelo de Malbork, um castelo medieval que sediava a Ordem Teutônica, uma ordem militar e religiosa de cavaleiros e nobres germânicos que atuou na Europa durante as Cruzadas.
Chegamos no final da tarde em Gdansk, uma cidade litorânea, situada na região da Pomerânia, às margens do Mar Báltico.
Gdansk
Gdansk é uma cidade adorável, toda entrecortada por canais.
Ali, avistamos pontes, elegantes edifícios e igrejas. Além disso, caminhamos por um emaranhado de ruelas e boulevards.
Passamos, também, pelo edifício da Prefeitura e pela vizinha Fonte de Netuno.
Chama a atenção a massiva Basílica de Santa Maria, cujas torres se projetam para o céu, dominando o horizonte da cidade. Ela é uma das maiores igrejas da Europa e sua construção se deu entre 1343 e 1502.
Gdansk foi o palco do movimento sindicalista Solidariedade, encabeçado por Lech Walesa, que, basicamente, lutava pela concessão de direitos sociais aos trabalhadores, porém, sem o emprego de violência, fazendo um contraponto ao comunismo soviético. Desempenhou, portanto, um papel fundamental da derrubada do regime comunista na Polônia, nos anos 80.
Jantamos em um restaurante temático excelente, chamado Gdanska.
7º Dia – Crooked Forest
Saímos de Gdansk rumo a Estetino, ainda na Polônia, para visitar a Crooked Forest, a qual, porém, não é de grande interesse.
Deixamos, por fim, a Polônia e cruzamos novamente a fronteira para a Alemanha.
Breves relatos históricos sobre a Polônia
A fundação do Reino da Polônia se deu em 1025. Em 1569, passou a integrar uma associação política com o Grão-Ducado da Lituânia, que deixou de existir apenas nos anos 1772-1795, quando o território polaco foi dividido entre o Reino da Prússia, o Império Russo e a Áustria. A Polônia recuperou sua independência em 1918. Porém, em 1939, durante a Segunda Guerra Mundial, a Alemanha Nazista e a União Soviética invadiram e partilharam seus territórios (como parte do Pacto Molotov-Ribbentrop). Em 1944, o país se tornou um dos integrantes da Cortina de Ferro, o conjunto de países aliados da União Soviética. Por fim, em 1989, o governo comunista polonês desmoronou e a Polônia tornou-se totalmente independente. Atualmente, ela faz parte da União Europeia. Fonte: Wikipédia.
Veja, ainda, nossos posts sobre a Bélgica, Alemanha, Lituânia, Letônia, Estônia e Rússia, que visitamos nesta mesma viagem.