Roteiro Bolívia – Peru
Esse é um roteiro Bolívia – Peru que fizemos no ano de 2005, eu, Pedro e André (respectivamente, meu namorado e meu melhor amigo), quando tínhamos muito mais colágeno na pele, ou seja, quando éramos jovens (risos). Naquela ocasião, fiz um diário de bordo em papel, que agora transcrevo para este blog.
Iniciamos nosso roteiro Bolívia – Peru no dia 21 de outubro de 2005 e ficamos nesses dois países por aproximadamente 15 dias.
Dia 1 – Começando pela Bolívia
Após algumas horas de voo (com escala em Assunção, no Paraguai), eu e André chegamos a Cochabamba, na Bolívia. A cidade não oferece muitas atrações turísticas, apenas uma igreja e um bonito convento, não aberto para visitação, mas é limpa e ampla.
Paramos, então, em um barzinho na avenida principal e tomamos uma cerveja local, chamada Huari, muito gostosa. Fomos em seguida à rodoviária, para comprar passagens para o dia seguinte. A rodoviária parecia, em suma, um inferno: pessoas gritando por toda a parte, oferecendo passagens para todos os lugares possíveis e não nos davam paz.
Dia 2 – Ida para La Paz
Tivemos que esperar o Pedro por umas boas três horas na rodoviária, pois ele vinha via Santa Cruz de la Sierra. Logo que ele chegou, apanhamos um ônibus até La Paz, a capital da Bolívia. A viagem foi um tanto quanto bizarra. Sete horas de estrada, com apenas uma parada para o banheiro. No ônibus entravam vários vendedores ambulantes, vendendo todo o tipo de bugigangas e até mesmo um elixir milagroso, que, em tese, curava tudo (por exemplo, colesterol, problemas estomacais, úlcera, ácido úrico, vermes, cárie, impotência etc.). Além disso, mulheres, na beira da estrada, vendiam marmitas de comida pronta, entregando pela janela do ônibus.
Finalmente, chegamos a La Paz, a capital mais alta do mundo. A vista da cidade, quando se chega pela estrada, é impressionante. Ficamos deslumbrados com aquela grande cidade, toda em tom terracota, que escorria pelas encostas das montanhas, formando uma espécie de bacia. Nem mesmo a pobreza dos subúrbios prejudicou sua beleza peculiar.
Estávamos a 3.600 metros de altitude e sentimos o tal “soroche”, ou seja, o mal da altitude, que causa pressão na cabeça, dificuldade em respirar e cansaço.
Centrinho de La Paz
Logo que chegamos, fomos dar uma volta na cidade.
Caminhamos até a feirinha, onde havia barraquinhas vendendo artigos peculiares, por exemplo, fetos de lhamas secos, sapos empalhados e amuletos.
Vendiam-se também miniaturas de monólitos, do deus Viracocha, Pachamama (mãe-terra), entre outros souvenires estranhos.
Passamos, igualmente, pela Praça São Francisco, onde se situa a igreja barroca que leva o mesmo nome.
Por fim, jantamos em um charmoso restaurante, tomando a famosa cerveja Pacena (à temperatura ambiente).
Dia 3 – Ruínas de Tiwanaku
Logo pela manhã, apanhamos uma van que nos levou às ruínas de Tiwanaku, um ponto turístico bastante visitado em um Roteiro Bolívia-Peru.
Ao sair do perímetro urbano, avistamos o monte Illimani, uma montanha de 6.400 m de altura e com neve no cume.
Chegamos, então, a Tiwanaku, que significa “pedra do centro”. Acredita-se que o império Tiwanaku foi comparável ao dos Incas, tendo perdurado de 1.500 a.C. a 1.180 d.C.
Em 1.432 os Incas chegaram ao local, mas encontraram apenas ruínas da civilização já extinta.
Origem do povoado
Existem diversas teorias sobre o surgimento e desaparecimento deste povoado, cuja população, os “colas” e os “aimarás”, falava o dialeto “aimará”, ainda usado na região.
Há uma lenda indígena que atribui a construção do povoado a uma raça de gigantes. Na verdade, a altura média da população era 2 metros. Outros acreditam ser a lendária Atlântida. O que se tem certeza, no entanto, é que lá surgiram e se extinguiram cinco cidades, em diferentes períodos.
Foi destruída e saqueada muitas vezes. Suas pedras foram extraídas e utilizadas na construção de novos edifícios.
O que dificulta a investigação sobre essa civilização é a falta de documentação escrita.
Pirâmide e templo semi-subterrâneo
Iniciamos a visita ao complexo arqueológico pela pirâmide. Trata-se de lugar sagrado, para celebração de rituais.
Passamos ao Templo semi-subterrâneo, em cujas paredes foram encrustadas cabeças, representando diferentes povos que os Tiwanaku tiveram contato (conhecidos ou dominados).
Por outro lado, alguns estudiosos entendem que as cabeças de pedra evocavam o culto sanguinário de caça às cabeças, corroborado, ainda, pelos vasos rituais em forma de crânio que foram encontrados no local.
Há mesmo uma cabeça que parece ser a de um extraterrestre.
O espaço era usado para cerimônias e acredita-se que lá eram realizados sacrifícios humanos, em razão dos crânios em formato de taça.
No centro, havia um monolito em granito vermelho representando o deus Viracocha.
A crença é no sentido de que se tratava de um deus branco, barbado, e que teria criado o mundo dos Andes. Teria surgido em Tiwanaku, após uma inundação que perdurou por 60 noites.
Kalasasaya
Seguimos, então, para o Kalasasaya. Os muros são de granito (muro externo) e de basalto (muro interno).
Não há massa entre as pedras, as quais são perfeitamente talhadas. Cada pedra maior simboliza um governante. Esse é o templo principal. Abriga a porta do sol e monólitos como “o Frade” e “o Governante”.
A porta do sol é entalhada em uma só peça (foi partida ao meio por um raio). Servia como calendário e servia para constatar o equinócio e o solstício. No réveillon do povo Tiwanaku, que é em 21 de junho, o Sol nasce ao meio da porta. Nela estão entalhados deuses (puma, condor e serpente e o deus Viracocha). Anteriormente, era toda coberta por ouro.
“O Frade” é um monolito que representa um religioso e um governante (eles se confundiam na mesma pessoa). Segurava um bastão de poder e um vaso. Havia baixo relevo em forma de círculos em suas calças, em um total de 364, representando os dias do ano. O cinto era adornado com pumas e condores.
Museus do complexo
Visitamos Putuni, o cemitério, e seguimos para os museus, sendo que o primeiro deles abrigava crânios propositadamente alongados para trás.
Tratava-se de membros da realeza.
O segundo abrigava um monolito de 7,5 m e 20 ton., representando um governante/religioso de nome Intiapu, muito bonito e detalhado (descoberta do arqueólogo Wendell Bennet).
Um dos maiores mistérios que paira sobre o extinto povoado reside em como o material (as pedras) foram transportadas para o local, já que não havia pedreiras nas imediações. A pedreira mais próxima fica a 95 km do local. A explicação possível é o excesso de mão-de-obra. Almoçamos no complexo. Foi servida uma sopa de quinoa, cereal típico da região (e o qual eu incorporaria definitivamente ao meu cardápio!), além de frango e batatas.
Rumo ao Lago Titicaca
Retornamos a La Paz. A van nos deixou na parte alta da cidade, uma espécie de periferia, com muitos camelôs e lojas. As cores vibrantes das roupas das “cholas” (indígenas) alegravam a paisagem.
As cholas são indígenas, típicas do Peru e da Bolívia (os indígenas compõem mais de 90% da população local). Suas vestes são compostas de duas saias, blusa bordada, xale nos ombros e chapéu coco, sempre muito coloridos.
O ônibus demorou, mas chegou.
A viagem foi agradável, apesar do aperto do ônibus. Fomos beirando a margem do Titicaca, imenso lago navegável (lago mais alto do mundo, que está a 3.800 m de altitude), e que é um ponto imperdível em um Roteiro Bolívia-Peru. Por detrás do lago, avistávamos montanhas nevadas.
O lago Titicaca é o berço lendário dos Incas.
A lenda diz que de suas águas emergiram os fundadores do grande Império Inca: Manco Capac e sua irmã-esposa, Mama Occllo.
Chegamos à noite na pequena vila de Copacabana.
O nome da cidade foi atribuído em homenagem à Nossa Senhora de Copacabana e deu nome à praia, no Rio de Janeiro. A Virgem é a padroeira da Bolívia.
Fomos a um barzinho delicioso, um tanto europeizado, e tomamos umas Pacenas, seguidas de uma boa pizza.
Dia 4 – Lago Titicaca e Ilha do Sol
Logo pela manhã, pegamos um barco rumo à Ilha do Sol, a maior ilha do lago Titicaca e sagrada para os Incas, por ser o berço desta civilização. Segundo a lenda, a partir de um raio de sol, nasceu Manco Capac, o primeiro soberano do império. Ele teria saído caminhando e batendo seu cajado de ouro no solo, para demarcar as fronteiras do território Inca.
Anteriormente, o lago Titicaca contava com a profundidade de 50 metros. Naquela ocasião, havia outras diversas pequenas ilhas, nas quais foram construídas vilas da civilização Tiwanaku. Com o passar dos anos, a água do degelo das montanhas fez com que o nível do lago subisse, atingindo 300 metros e deixando aquelas vilas submersas.
A partir da ponta da Ilha do Sol é possível avistar a localização da cidade submersa Marcapampa, que datava de aproximadamente 1.500 a.C. (fica entre três pequenas ilhas que formam um triângulo). A Ilha do Sol foi palco de culto aos três deuses Incas: Sol, Lua e Mãe Terra (esta última, a “Pachamama”).
Estrada de pedras Inca
Atravessamos a ilha, de uma ponta à outra, caminhando sobre uma estrada de pedras construída ainda no período Inca.
Passamos pelo museu e seguimos para as ruínas, no extremo norte da ilha.
Pedra Sagrada
O primeiro ponto foi a “pedra sagrada”, que simboliza as três leis dos Incas: não roubar, não mentir e não ser preguiçoso.
O ato de roubar implicava na punição de ter seu coração arrancado, enquanto vivo. Quem incorresse em preguiça, era punido pelo trabalho com uma pedra amarrada ao corpo. O mentiroso era punido com sufocamento por folhas de coca.
Rocha Sagrada
Passamos, também, pela “rocha sagrada”, na frente da qual teria nascido Manco Capac. Defronte à rocha, havia uma mesa de sacrifícios, sobre a qual os Tiwanaku sacrificavam animais. Quando a região foi tomada pelos Incas, estes passaram a fazer sacrifícios com humanos, principalmente virgens. Ao redor da mesa, havia 12 bancos de pedra.
No dia 21 de junho (solstício) o Sol incide diretamente sobre a mesa.
Templo Chinkar
Chegamos, então, ao templo principal, o Chinkar, que foi, outrora, habitado por sacerdotes. Trata-se de um labirinto em forma de cruz andina. As ruínas estão bem preservadas.
Como a Ilha do Sol era uma das três forças do mundo andino (juntamente com as pirâmides de Chichen Itza, no México, e a Coricancha em Cusco, no Peru), muitos peregrinos iam visitá-la, principalmente o templo Chinkar.
Seguimos, então, para o outro extremo da ilha, caminhando por aproximadamente três horas.
Ao final, está a fonte da eterna juventude e a escadaria Inca, também datada da época daquele império.
Apanhamos o barco para voltar a Copacabana.
Pela noite, experimentamos a famosa truta do lago Titicaca e, após o jantar, demos uma volta pelas lojinhas de souvenir da cidade.
Mais tarde, fomos a um barzinho tipo lounge, com almofadas no chão.
Dia 5 – Ida para o Peru
Dando continuidade ao nosso Roteiro Bolívia – Peru, partimos, então, rumo à fronteira com o Peru, apanhando um taxi, que estava caindo aos pedaços. Após as formalidades da imigração, cruzamos a fronteira. Apanhamos uma van, superlotada, abafada e malcheirosa, que nos levou até Puno.
Pegamos um bike-taxi da estação até a agência de turismo e, a partir de lá, contratamos um passeio de barco até as Ilhas dos Uros.
Ilhas flutuantes dos Uros
Navegamos durante 25 minutos pelo lago Titicaca, em meio a algas e junco, até chegar às ilhas flutuantes dos índios Uros. Foi uma das coisas mais interessantes que já vi.
Os Uros constroem essas ilhas flutuantes há centenas de anos, onde edificam suas moradas, para poder fugir de seus inimigos vizinhos, mais fortes e poderosos, como os Incas.
Tudo ali, não somente as casas, como também as próprias ilhas, são feitas de totora, uma espécie de junco. A cada ano, seus habitantes fazem uma nova camada, para que a ilha se mantenha. O junco que forma as ilhas é comestível (até comi um pedaço). Ao pisar o chão, ele cedia um pouco e as ondulações da água nele refletiam.
Barcos de junco faziam o transporte entre as ilhas.
Como eu disse, as ocas também eram feitas de totora e, embora fossem bem rudimentares, tinham até mesmo televisão!
O vaso sanitário também era dentro da casa (na verdade, não havia vaso: eles faziam as necessidades no chão, o que causava mal cheiro).
Visitamos duas das ilhas flutuantes: a Pachamama e a Kamisaraki (mas há outras).
A população era igualmente amistosa em ambas.
Voltamos a Puno e fomos à estação de ônibus.
Jantamos na rodoviária e pegamos um expresso para Cusco. A viagem foi bastante sacrificante: muito frio e muita poeira. Chegamos, depois de 6 horas de viagem.
Dia 6 – Cusco – a mais bela cidade do roteiro Bolívia – Peru
Cusco é uma linda cidade, em estilo colonial, e é um ponto absolutamente imperdível em um roteiro Bolívia – Peru.
A vista a partir do nosso hotel era espetacular, embora ele fosse bem simples. Podíamos visualizar toda a cidade, inclusive a praça principal – Praça de Armas.
Cusco se converteu na capital do império Inca.
Era considerada a “casa e moradia dos deuses”. Em quéchua, idioma dos Incas, significava “umbigo do mundo”. Mas antes da chegada dos Incas, já havia povos que habitavam o local. Os Incas dominaram Cusco de 1.438 a 1.532. Em 1.533, com a chegada dos espanhóis, muitas edificações foram destruídas ou serviram de alicerce para outras construções, como templos, igrejas, conventos, mansões etc. Essas novas edificações tinham arquitetura barroca e renascentista, em razão da influência dos estilos que predominavam à época no continente europeu.
Centro de Cusco
Fomos dar uma volta na cidade. A primeira parada foi a Praça de Armas. No centro, havia uma fonte e um lindo jardim. Ao redor, arcadas, com construções que hoje abrigam diversos restaurantes e lojas. No extremo, a igreja. A praça foi palco de diversos acontecimentos: nela, o sanguinário Pizarro proclamou a conquista de Cusco e Tupac Amaru I, chefe da resistência indígena, lá foi morto, em 1.571.
Entramos na faculdade de direito, geminada com a igreja Companhia de Jesus. O pátio era decorado com belos arcos.
A igreja Companhia de Jesus data de 1576. Em seu interior, havia entalhes em madeira e ouro. A pintura era da escola cusquenha.
A escola cusquenha era formada por pintores europeus e teve seu apogeu em Lima. Um de seus maiores expoentes foi Marcos Zapata.
Catedral de Cusco
Seguimos para a Catedral. É constituída por uma igreja central grande e duas menores na lateral: a igreja da Sagrada Família e a igreja do Triunfo.
A Catedral foi construída entre 1560 e 1664, com grandes blocos de granito extraídos da fortaleza Saqsaywaman. No interior, há 11 capelas menores. A parte interna é em madeira, banhada a ouro e pinturas da escola cusquenha. Há um lindo altar de prata, pesando 1250 kg. Vimos uma interessante pintura representando a santa ceia, sendo que Judas foi representado com o rosto de Pizarro. Em uma das capelas, outro altar em prata (este móvel, para procissões), no qual havia a estátua de um pelicano bicando o próprio peito (simboliza o amor materno, pois esse animal, na falta de comida, arranca pedaços da própria carne para alimentar sua cria).
A Catedral foi construída porque a Igreja do Triunfo (que foi a primeira catedral de Cusco, erigida em 1539, sobre o palácio do inca Viracocha) já não comportava tantos fiéis.
Em 1650 houve um terremoto que destruiu boa parte das igrejas.
Ruína Inca de Saqsaywaman
Apanhamos um taxi para ir até as ruínas de Saqsaywaman.
Essa fortaleza inca foi construída com grandes blocos de granito e servia para proteger a cidade contra invasores.
Ali está a famosa pedra de 12 lados.
Quem iniciou a obra foi o imperador Pachacutec, em 1440.
Foi necessário quase um século de trabalho. Por volta de 20 mil homens trabalharam na construção.
Após visitar Saqsaywaman, retornamos a Cusco e sentamos em um bar chamado Los Perros, onde tomamos a famosa cerveja Cusquena e comemos um petisco. Depois, fomos jantar comida mexicana, regada a pisco sour.
Além disso, caminhamos um pouco pela cidade, para ver o movimento. Passamos por outras bonitas igrejas, também em estilo barroco/renascentista.
Na volta, nos deparamos com um desfile de crianças usando vestes folclóricas, muito coloridas, e máscaras.
À noite, fomos a um bar dançante, com banda e músicas típicas.
Dia 7 – Vale Sagrado
Ruínas Incas de Pisac
Partimos de Cusco logo pela manhã. Primeiramente, apanhamos um táxi até as ruínas de Pisac, que ficam a 33 km de Cusco. Pisac é uma das ruínas situadas no exótico Vale Sagrado, definitivamente o auge de um roteiro Bolívia – Peru, cujo ponto final está Machu Picchu.
Do alto das montanhas, é possível avistar o fundo do vale, cortado pelo rio Urubamba, formado por água de degelo.
Pisac possui uma grande varanda natural com eirados em semicírculo, feitos para cultivar a terra, em forma de perdiz (“Pisac” significa perdiz).
É um dos cartões postais do Peru.
Tratava-se de um povoado Inca e também de um observatório.
Ruínas Incas de Ollantaytambo
Seguimos, de ônibus, para Ollantaytambo, cujo significado é “lugar de descanso”.
As ruínas são absolutamente impressionantes.
O povoado, que leva o mesmo nome das ruínas, é adorável.
Na vila, enquanto esperávamos o trem, sentamos em um barzinho bem agradável, com mesinhas na calçada e comemos pizza.
Apanhamos o trem das 20h00, rumo ao povoado de Aguas Calientes. Durante a viagem, que durou 2 horas, conhecemos várias pessoas e fomos jantar todos juntos.
Saiba mais sobre como ir de Lima para Machu Picchu, no post da Iza, do Mundo Viajante, que detalha as várias opções de transporte, por exemplo, ônibus, trem, ou até mesmo a pé!
Aguas Calientes é uma vila lindíssima. Ficamos em um hotel na beira do rio Urubamba. O som das águas caudalosas do rio foi ótimo para embalar nosso sono.
Dia 8 – Machu Picchu: o clímax do roteiro Bolívia – Peru!
Acordamos bem cedinho e apanhamos a trilha que vai à gloriosa Machu Picchu, destino máximo almejado em todo e qualquer roteiro Bolívia-Peru. Caminhamos por aproximadamente duas horas, em um caminho bastante íngreme, com muitos degraus feitos de pedra, em meio a mata. A vista das montanhas era espetacular. Porém, é possível fazer o trajeto de ônibus, pela estrada.
Quando chegamos ao destino e avistamos as ruínas da cidade perdida de Machu Picchu, ficamos maravilhados. É realmente de tirar o fôlego!
Sobre Machu Picchu
Segundo alguns historiadores, a cidade começou a ser construída em 1.300 d.C. e foi habitada até 1.572 d. C. Era a morada das “acllas”, ou virgens do Sol. Essa conclusão encontra fundamento no grande número de ossos de mulheres jovens encontrados nas escavações: dos 135 esqueletos, 109 eram de moças jovens.
As ruínas contam com 500 x 700 metros. Era um centro religioso e um observatório astronômico. Divide-se em dois setores: o agrícola e o urbano, composto por 216 edificações, entre moradias, templos, palácios e oficinas. Está a 2.300 metros de altitude.
Machu Picchu significa “velha montanha”. Por outro lado, o morro que se vê da vila é o Wayna Picchu, que significa jovem montanha.
As ruínas
O local foi descoberto em 1.911, por Hyram Bingham, um explorador inglês. No entanto, acredita-se que quando os espanhóis chegaram ao novo continente, a vila já estava abandonada havia 50 anos.
É considerado um dos três centros energéticos da Terra e é o sítio arqueológico Inca mais intacto que se tem notícia.
No Parque, é possível visualizar os eirados, onde se cultivavam produtos agrícolas, bem como diversas casas.
A praça central é toda gramada, com lhamas correndo soltas.
No lado oeste, está o Intihuatana (que significa “lugar que se amarra o sol”), torre alta que contém um relógio solar de pedra.
Seguimos para a Praça Sagrada, onde há o Templo das três Janelas, que é o templo principal.
Passamos, ainda, pelo Templo do Sol, em formato de semicírculo e pela tumba real.
Retorno para Aguas Calientes
Retornando a Aguas Calientes, almoçamos na beira do trilho do trem, que passou enquanto comíamos.
Depois de almoçar, demos uma volta na vila e fizemos compras na feirinha.
Dia 9 – Retorno para Cusco
A partir deste dia, começamos o caminho de volta em nosso roteiro Bolívia – Peru. Pegamos o trem às 5h40 da manhã até Ollantaytambo. Chegando lá, os nativos saíram correndo e ocuparam todos os ônibus! Não conseguimos embarcar. Foi uma van que nos levou, então, para Cusco.
Fomos resolver algumas coisas, como lavar roupas, acessar a internet etc. e demos uma volta na cidade. De táxi, fomos até o típico bairro San Blas. Fomos ao Museu de arte regional, que expunha obras da escola cusquenha de pintura.
Para fazer hora até a partida do ônibus, fomos a um Pub Irlandês e lá passamos a tarde.
Para um roteiro por Lima, a charmosa capital peruana, não deixe de conferir o blog do Sílvio, clicando aqui: Lima – um passeio pela capital peruana
Dia 10 – Rumo ao Deserto de Sal
Passamos a noite inteira no ônibus, saindo do Peru e retornando, então, à Bolívia. O próximo destino era o fantástico deserto de sal (Salar de Uyuni), próximo à cidade de Uyuni, na Bolívia. Apanhamos o primeiro ônibus de La Paz para Oruro (excelente ônibus, em comparação com o que havíamos visto anteriormente). Em Oruro, por outro lado, apanhamos um ônibus, muito velho, todo amassado, pneu meia vida, extremamente empoeirado, com cadeiras rasgadas e muito sujas. Nesse sentido, a viagem foi muito sofrida, por conta do mal cheiro, frio e poeira. Em outras palavras, foram 9 horas de muita poeira na cara. Àquela, época (2005) era a única forma de chegar a Uyuni, contudo, não sei como está agora.
Chegamos às 3h00 da manhã em Uyuni e tivemos problemas para encontrar hotel, por isso é recomendável reservar um de antemão. Tivemos que rodar de táxi, durante a madrugada, até achar o último quarto vazio da cidade.
Em contrapartida, conhecer o deserto de sal fez todo o sofrimento da viagem valer a pena, pois é ESPETACULAR! É definitivamente um ponto que não pode ser deixado de fora em um roteiro Bolívia-Peru, tendo sido, em nossa opinião, a melhor parte da viagem!
Dia 11 – Salar de Uyuni: o lugar mais exótico do roteiro Bolívia – Peru
Juntamente com a agência “Playa Blanca”, fizemos um tour de 4 dias no Salar de Uyuni, o deserto de sal e lugar considerado como o mais belo da Bolívia. O salar se estende sobre uma área de 12.000 m2 e além disso conta com uma profundidade que varia entre 0,5 e 6 metros.
Hotel de sal
O primeiro local era o hotel de sal (Hotel Playa Blanca), um hotel (e o único à época) no meio da imensidão do salar.
O hotel era inteiramente feito em blocos de sal, inclusive os móveis (bem como as camas).
Por outro lado, não havia água corrente nem eletricidade. Ouvi dizer que este hotel já não existe mais, ou foi interditado, porém não conferi a veracidade da informação.
Foram momentos muito especiais. Fui tomada por uma sensação imensa de paz e relaxamento.
Havia hóspedes de várias partes do mundo e dessa forma conhecemos muitas pessoas. Todos almoçavam juntos, uma refeição preparada na modesta cozinha do hotel.
Fomos caminhar na imensidão branca e não havia nada ali, além de nós.
Assistimos ao pôr do Sol e depois que escureceu, ficamos conversando à luz de velas.
O jantar foi definitivamente especial. Todos os hóspedes se sentaram à grande mesa de sal, enquanto conversávamos em várias línguas diferentes, trocando experiências. Havia dois brasileiros, um casal de poloneses, uma senhora boliviana, bem como um casal de franceses. Saímos, então, para ver o céu estrelado, porém não aguentamos por muito tempo, pois estava abaixo de 0 graus.
Tomamos um vinho chileno no quarto, à luz de velas, e fomos dormir.
Dia 12 – Salar de Uyuni
Isla del Pescado
Ficamos no hotel de sal até às 13h00 e, em seguida, partimos rumo à Isla del Pescado, que é uma ilhota de terra e rochas, no meio do sal, onde crescem enormes cactos.
O guia preparou o almoço em um fogareiro portátil. Depois que almoçamos, viajamos por mais duas horas, no início, sobre a camada de sal, depois, sobre uma estrada quente. Chegamos, então, à pequena vila de San Juan, onde dormimos. Nesse meio tempo, compramos cerveja em uma mercearia e tomamos na hospedaria.
Dia 13 – Salar de Uyuni
Continuamos nosso trajeto, passando, primeiramente, pelo vulcão ativo Iruputuncu.
Em seguida, passamos por lindíssimas lagoas coloridas, rodeadas por vegetação rasteira, lhamas e coloridos flamingos.
Foram elas, na sequência, Canapa, Hedionda, Honda, Charcota, bem como Ramaditas.
Fomos, igualmente, à árvore de pedra, uma formação rochosa em formado de árvore, e por ali lebres e camundongos corriam livremente.
Almoçamos e, por fim, chegamos à lindíssima Laguna Colorada, de cor vermelha, em razão das algas ali presentes. Além disso, lhamas e flamingos corriam soltos.
Dormimos, então, em um abrigo muito simples, em um quarto misto compartilhado, e quase morremos de frio!
Dia 14 – Salar de Uyuni – último dia do roteiro Bolívia – Peru
Acordamos às 4h30 da manhã e ainda estava escuro e muito frio. Paramos, em primeiro lugar, em uma região vulcânica, com vários geyseres e poças de lama que borbulhavam.
Em seguida, fomos para uma região com águas naturalmente aquecidas (pelo vulcão).
Seguimos, depois, para a Lagoa Verde, que tem essa coloração como resultado do alto nível de cobre em suas águas.
Chegamos até a fronteira do Chile, na região do deserto do Atacama.
Retornamos, por fim, para Uyuni. Apanhamos o ônibus das 21h00, que seguiu aos solavancos até Oruro (que era, porém, um veículo melhor do que o da ida). Até agora não sei como o motorista conseguiu nos fazer perder o ônibus seguinte, até Cochabamba. Além disso, na rodoviária, falsários tentaram nos dar um golpe, fingindo serem policiais e exigindo dinheiro. Contudo, fiquei “um pouco brava” com eles e eles desistiram (pois apesar de tudo, não são um povo violento).
Conseguimos, finalmente, pegar outro ônibus e chegamos a Cochabamba pela manhã e retornamos ao Brasil no dia seguinte.
E aqui terminou nosso inesquecível roteiro Bolívia – Peru!
Para mais destinos na América, veja também nossos posts sobre o Panamá, México, Colômbia e Argentina.
Não deixe de conferir, ainda, o post da Joanna, do blog ViajôCaminhando, específico sobre o Salar de Uyuni.
Alexandra, muito legal seu site e com ótimos relatos sobre os lugares. Parabéns
Muito obrigada!!! Fico muitíssimo feliz que tenha gostado!!!
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