Confira esse post sobre o turismo no Uzbequistão, um fabuloso país da Ásia Central.
Turismo no Uzbequistão
Onde fica o Uzbequistão?
O Uzbequistão, um país que poucas pessoas ouviram falar, fica naquele ponto meio obscuro do mapa-múndi, que quase ninguém olha.
Situado na Ásia Central, o Uzbequistão está a meio caminho entre a Europa e o Extremo Oriente.
Essa localização geográfica transformou a região em um ponto extremamente estratégico da Rota da Seda.
Como resultado, no Uzbequistão floresceram os 3 entrepostos mais importantes daquela rota comercial, os quais posteriormente se tornaram as cidades de Khiva, Bukhara e Samarcanda (ou Samarcand).
Caravanas de comerciantes vinham de ambos os lados, ou seja, do ocidente e do oriente, e se encontravam no Uzbequistão, sobretudo em Samarcanda. Os ocidentais traziam da Europa joias e tecidos, ao passo que os orientais traziam seda e especiarias, entre outras mercadorias exóticas.
Em seguida, todos se reuniam nos grandes mercados de rua, para intercambiar esses bens.
Um pouco sobre o Uzbequistão
Alexandre o Grande, no ano 330 antes de Cristo, lançou as primeiras sementes da Rota da Seda, durante suas grandes empreitadas. Seu breve reinado na Ásia Central aumentou o intercâmbio cultural entre leste e oeste e deu início a migrações nômades.
A rota começou a se fixar de forma mais sólida a partir do ano 138 a.C., e ajudou a povoar a região.
Assim, entre os Séculos I e X, os povos turco-persas passaram a habitar aquelas estepes, tanto em tribos nômades, quanto em cidades fixas.
Por outro lado, no Século XIII, praticamente todas as vilas da Ásia Central foram completamente dizimadas pelos mongóis, a comando do brutal Gengis Khan.
Por isso, as construções que vemos hoje em dia no Uzbequistão datam, em regra, dos Séculos XIV e XV, mais precisamente, do reinado do grande guerreiro Emir Timur (ou Amir Timur), fundador da Dinastia Timurida.
Já no Século XIX, o Uzbequistão tornou-se possessão russa e no Século XX, passou a fazer parte da União Soviética, juntamente com mais outros 14 países.
Por fim, em 1991, a União Soviética se dissolveu, com os planos de abertura de Mikhail Gorbatchev, e o Uzbequistão se tornou independente.
Por que viajar a turismo no Uzbequistão?
Em suma, o Uzbequistão já fez parte da Pérsia, já foi invadida pelos gregos, árabes, turcos, seljúcidas, mongóis, timuridas e russos.
E, claro, essa sucessão de trocas no poder fez do país um caldeirão cultural e étnico. Por essa razão, podemos encontrar uzbeques de feições loiras, morenas, turcas, com olhos orientais ou não. Da mesma forma, ali encontramos cristãos, islâmicos e até mesmo zoroastristas e budistas.
Esse caleidoscópio cultural reflete inclusive na arquitetura dos monumentos e edifícios.
Aliás, o Uzbequistão ostenta algumas das mais preciosas joias arquitetônicas do mundo islâmico.
Pontos altos do turismo no Uzbequistão: a arquitetura que fascina pela mistura de estilos, a hospitalidade e doçura do povo, a comida fabulosa e a ausência de hordas de turistas.
Quem são os Uzbeques?
“Stan” significa país. Assim, Uzbekstan significa “país dos uzbeques”.
Os uzbeques são os descendentes islamizados do mongol Gengis Khan, vindos do sul da Sibéria, sua terra natal, em busca de conquistas. No Século XV, se estabeleceram na região e se mesclaram com os turcomenos.
Sua denominação começou com um khan (rei) pertencente à dinastia dos Shaybanidas, chamado Ozbeg (igualmente pronunciado Uzbek). Depois de seu governo, as tribos passaram a se autointitular “uzbeques” e, como resultado, a região passou a ser conhecida como Uzbekstan, ou seja, país dos uzbeques.
Além disso, se, em um primeiro momento, eles eram nômades, por volta do Século XV eles passaram a se assentar em cidades fixas.
Os uzbeques são um povo muito doce.
Os homens usam chapéus típicos, ao passo que as mulheres cobrem os dentes com ouro, para se embelezarem.
Veja, a seguir, as principais atrações de turismo no Uzbequistão:
KHIVA
Khiva é uma cidade medieval, situada nas estepes do Uzbequistão, que teve grande importância na Rota da Seda.
Cercada por muralhas, ela existe desde o Século VIII e foi capital do antigo reino de Khorezm.
Atualmente, é considerada uma “cidade museu” e te transporta diretamente ao passado, sendo um dos principais pontos de turismo no Uzbequistão.
Em Khiva nasceu o matemático Al-Khorezmi, que na Europa era conhecido como “Algorismi”, um dos criadores da álgebra. Nesse sentido, seu livro mais proeminente foi Al-Jebr (ou seja, álgebra), onde descreveu solução para equações lineares e quadráticas. Os termos algoritmo e algarismo derivam, portanto, de seu nome.
Confira, a seguir, as principais atrações de Khiva:
Ichon Qala
“Ichon Qala” é o nome do centro histórico de Khiva.
Todo cercado por muralhas de adobe, que serviam de proteção contra as tribos turcomenas, o Ichon Qala é considerado um museu a céu aberto.
No interior das muralhas, encontramos um labirinto de ruelas, coloridas pelos tecidos pendurados nas tendas do bazar.
Situam-se no Ichon Qala, ainda, diversas mesquitas, madraças e mausoléus.
“Madraças” são escolas islâmicas, destinadas sobretudo a homens, onde há aulas sobre o Corão, caligrafia árabe, entre outras ciências. Algumas permitem alunas mulheres, mas são poucas.
Madraça e Minarete Islom Hoja
A Madraça Islom Hoja data do século XIX e foi nomeada em homenagem ao então vizir do reino.
Islom Hoja era um político liberal que trouxe muito progresso a Khiva, por exemplo, fundando uma escola europeia, trazendo o telégrafo e construindo um hospital.
Como resultado, sua popularidade despertou a inveja do rei, o qual acabou por ordenar seu assassinato.
A Madraça Islom Hoja ostenta, ainda, um colorido minarete, que leva o mesmo nome, ou seja, Minarete Islom Hoja.
Contando com 57 metros de altura, ele é o minarete mais alto do país, além de ser um dos símbolos de Khiva.
Kalta Minor
Kalta Minor é a gorda base de um minarete azulado, cuja construção se iniciou em 1851.
Quando o governante Mohammed Amin Khan deu início à edificação do Minarete Kalta Minor, ele pretendia que fosse o mais alto da Ásia Central. Entretanto, ele faleceu antes de ver sua obra concluída e, na realidade, ninguém jamais deu continuidade a ela.
Ao lado do minarete está a bela madraça Mohamed Amin Khan.
Assim como a base do minarete, ela é toda azulada, em razão dos azulejos de sua fachada.
Kuhna Ark
O Kuhna Ark era o Palácio do Khan, ou seja, do rei. Embora suas primeiras edificações datem do Século XII, os governantes do Século XVII o ampliaram bastante.
Em seu interior, encontramos o harém, a sala do trono, a mesquita de verão e um mirante.
Este último é o mais interessante, pois proporciona uma vista panorâmica da cidade.
A Mesquita de Verão conta com delicados azulejos, pintados à mão.
Era na Mesquita de Verão que as mulheres da corte geralmente oravam.
A Sala do Trono era o lugar a partir de onde o khan proferia julgamentos. Ela conta com uma área interna e um pátio.
A interna é delicadamente ornamentada com pinturas florais sobre madeira, ao passo que o pátio é ricamente decorado com azulejos azuis.
No inverno, eles montavam uma yurta no pátio externo do trono, que era mais fácil de ser aquecida.
“Yurtas” são tendas que até hoje são usadas como moradias móveis na Ásia central, sobretudo pelos nômades.
Em frente ao Palácio Kuhna Ark, há uma praça onde eram levadas a cabo execuções públicas.
Além disso, nesta mesma praça, situa-se a Madraça de Mohammed Rakhim Khan, governante e poeta de codinome Feruz.
Este mesmo governante, no ano 1873, entregou Khiva aos russos.
Juma Mosque
Essa tímida mesquita conta com 218 pilares de madeira, cada qual entalhado de forma distinta, com desenhos que não se repetem.
Alguns desses pilares datam do Século X, quando ocorreu a primeira edificação da mesquita.
Ali encontramos, ainda, o Minarete Juma, que é igualmente um marco na cidade.
Mausoléu de Pahlavon Mahmud
Pahlavon Mahmud ou Sayid Alauddin era um poeta, filósofo e lutador do Século XIII, que se tornou padroeiro da cidade.
Seu mausoléu, em estilo persa, é uma das atrações mais bonitas de Khiva.
O monumento atrai muitos fiéis, que se ajoelham defronte sua tumba, oram, imploram por milagres e choram.
Posteriormente, outras pessoas, sobretudo da realeza, passaram a ser sepultadas no local e o mausoléu acabou sendo reformado.
No local, fica um imam (um religioso), que entoa cânticos de oração, de tempos em tempos.
Assim como em qualquer local sagrado, devemos retirar os sapatos ao entrar.
Tosh Hovli Palace
O Tosh Hovli também era um palácio dos governantes de Khiva, porém, muito mais rico em termos de decoração interna. Foi construído entre 1832 e 1841, a mando do rei Allakuli Khan, contando com nove pátios, um harém e 150 quartos.
O harém é especialmente bonito:
As concubinas e esposas reais viviam nos diversos dormitórios que rodeiam o pátio.
No harém situava-se, ainda, o quarto do khan, para onde ele levava suas concubinas.
Tentaram reproduzir no local a decoração existente àquela época.
Madraça Allakuli Khan e Madraça Mohamed Inoq
A bela Madraça Allakuli Khan, que é toda recoberta de azulejos azuis, funcionava antigamente como escola islâmica.
Atualmente, apenas abriga o Khorezm Art Restaurant, um dos melhores da cidade.
Em frente a ela, situa-se a Madraça Mohamed Inoq, com a fachada principal branca.
Os monumentos, até hoje, estão em constante renovação.
Caravançarais
No Uzbequistão, ou melhor, ao longo de toda a Rota da Seda, encontramos diversos Caravançarais.
“Caravançarais” eram lugares de repouso dos viajantes das caravanas, sendo que lá eles encontravam lugar para dormir, refeições, estábulo para cavalos e camelos, etc. As portas de entrada dos Caravançarais são, em regra, bem altas e largas, para possibilitar a passagem dos camelos.
Atualmente, onde havia Caravançarais, geralmente encontramos mercados de artesanato.
Por vezes, encontramos artistas de rua enquanto perambulamos pelo centro histórico de Khiva e o espetáculo mais comum é o show de marionetes:
Enquanto estiver em Khiva, vale a pena provar o prato típico da cidade, que é macarrão de endro, servido com carne de panela e iogurte temperado:
O restaurante Terrassa é especialmente agradável para saborear a iguaria, pois conta com uma bela vista.
Além disso, o ideal e se hospedar no interior da cidade murada, para uma vivência mais completa da estadia.
E, assim, terminou nossa mágica experiência em Khiva!
BUKHARA
Bukhara é uma das cidades mais importantes (e belas) do Uzbequistão, já tendo sido considerada o centro cultural do Islã.
Por volta do Século VI antes de Cristo, a região era parte do Reino Sogdiana.
A Dinastia Samânida (descendentes dos Sogdiana) floresceu em Bukhara no Século IX e incentivou o desenvolvimento da cultura persa.
Na idade média, Bukhara contava com 113 madraças, onde estudaram grandes personalidades, como Avicenna – Abu Ali ibn-Sina – um dos mais importantes nomes da medicina.
Além disso, Bukhara contava com cerca de 300 mesquitas.
O centro de Bukhara não mudou muito nos últimos 200 anos – o que se nota com facilidade, sobretudo quando se caminha por seus mercados e monumentos. – Por tal razão, é um dos principais pontos de turismo no Uzbequistão.
Veja, a seguir, as atrações de Bukhara.
Mausoléu de Ismail Samani
Ismail Samani foi o fundador da dinastia Samânida e seu mausoléu é um dos monumentos mais antigos de Bukhara, datando do ano 905.
Ele não foi destruído pelos mongóis somente porque foi enterrado pela população local, que pretendia escondê-lo.
Mesquita Bolo-Hauz
Essa mesquita aberta, datada de 1781, era onde o Emir orava.
Repleta de mocárabes coloridos e de pilastras de madeira, ela reflete poeticamente sua imagem na cisterna situada à sua frente.
Por essa razão, ela é chamada de “Mesquita das 40 Pilastras”, ou seja, suas 20 pilastras, mais outras 20 resultantes do reflexo na água.
Em frente à mesquita, situa-se a Ark, residência dos Emires.
Ark
A massiva fortaleza Ark é um dos monumentos mais imponentes de Bukhara, bem como um dos mais antigos.
Foi residência dos Emires de Bukhara, do Século V ao Século XX, até ser destruída pelo Exército Vermelho soviético.
Atualmente, no forte funciona um museu, onde podemos ver o Pátio da Coroação, o Harém, bem como as câmaras de tortura, onde os presos dividiam espaço com escorpiões e outros insetos repugnantes.
Algumas partes de seu interior são ricamente ornamentadas, mas o palácio ainda está sob restauração, que vem sendo realizada paulatinamente pelo governo, como forma de estimular o turismo no Uzbequistão.
Além disso, há interessantes peças em suas salas de exibição.
Minarete e Mesquita Kalon
O Minarete Kalon, com seus 47 metros, foi à sua época a construção mais alta da Ásia Central.
Ele foi construído em 1127, durante a dinastia Karakhanid, e sua beleza impressionou até mesmo o mongl Gengis Khan, que o poupou da destruição.
Aos pés do minarete, situa-se a Mesquita Kalon, datada do Século XVI, que comporta cerca de 10.000 fiéis.
Durante a invasão soviética, ela foi utilizada como depósito.
Sua reabertura para fins religiosos ocorreu apenas em 1991.
Sua decoração externa representa o mais refinado estilo arquitetônico persa.
Madraça Mir-i-Arab
Com seus domos azuis, essa madraça é um dos monumentos mais belos de Bukhara.
Datada do Século XVI, ela foi construída durante a dinastia Shaybanida e homenageia um xeique do Iêmen.
Bazares Cobertos
Os bazares ou mercados cobertos são a marca registrada de Bukhara.
São eles Taki-Sarrafon, Taki-Telpak Furushon e Taki-Zargaron, sendo cada qual especializado em um tipo de mercadoria, como por exemplo especiarias, chás, tapetes, roupas, entre outros.
Ainda nos mercados, encontramos ateliês de artistas, como o Ateliê de Pinturas em Miniatura, arte que ganhou fama na Índia.
Este retrato é de Ibn-Sina, ou Avicenna, nascido perto de Bukhara – um dos nomes mais importantes da medicina, da idade média.
As diversas tendas se espalham em ruelas cobertas por um conjunto de domos, que se prestam a refrescar o ambiente.
Madraça de Ulugbek
Erigida em 1417, ela é uma das madraças mais antigas da Ásia Central.
Trata-se de obra do Emir Ulugbek – o rei astrônomo – e serviu como modelo para a construção de diversas outras madraças, inclusive para a famosa Madraça de Ulugbek de Samarcand.
Madraça de Abdul Aziz Khan
A Madraça de Abdul Aziz Khan, datada do Século XVI, situa-se em frente à Madraça de Ulugbek e contém alguns dos trabalhos mais bonitos de Bukhara.
Sua fachada impressiona pelos mocárabes coloridos, que parecem um favo de mel.
Além disso, o contraste do fundo azul com florais dourados chama a atenção por sua beleza.
Os dormitórios, que antigamente comportavam estudantes, hoje em dia ostentam lojinhas de souvenir.
Praça Lyabi-Hauz
Esse o local mais bonito e icônico de Bukhara.
Trata-se de uma praça, com uma cisterna rodeada por três lindos monumentos.
Aliás, Bukhara contava com diversas cisternas pela cidade, sendo que os russos mandaram drenar a maioria delas, pois suas águas estavam contaminadas.
Entretanto, ainda podemos encontrar algumas, como a cisterna de Lyabi-Hauz.
Ao redor da água, situam-se a Madraça Kukeldach, a Madraça Nadir Divanbegi e a então hospedaria de dervixes, Nadir Divanbegi Khanaka.
Madraça Kukeldach:
Khanaka (hospedaria de dervixes) Nadir Divanbegi:
Os “Dervixes” eram praticantes do sufismo, o lado “exotérico” do islamismo, e viviam uma vida austera. Equivaliam, mais ou menos, a “monges” cristãos.
Madraça de Nadir Divanbegi:
Os islâmicos proíbem a reprodução de imagens de seres vivos, no entanto, há algumas poucas exceções. Por exemplo, na fachada da Madraça Nadir Divanbegi há figuras de fênix e um de sol zoroastrista.
Ainda na praça, há um agradável restaurante, chamado Lyabi-Hauz.
É delicioso saborear um vinho branco às margens da cisterna.
Sitorai Mohi Hosa
Situado fora da zona central de Bukhara, o Sitorai Mohi Hosa foi o palácio de verão do último Emir, Alim Khan, antes da invasão do Uzbequistão pela União Soviética.
Suntuoso, ele mescla os estilos arquitetônicos russo, turco, persa e asiático.
O Emir havia construído esse palácio para impressionar uma nobre russa, com quem ele pretendia se casar.
O harém situava-se do lado externo do palácio, às margens da cisterna, e era um dos lugares mais agradáveis do complexo.
Além disso, o palácio foi o primeiro lugar a contar com luz elétrica na cidade.
Maghok-i-Attar
Esta é provavelmente a mesquita mais antiga da Ásia Central, datando do século IX.
Embora ela tenha sido reformada no século XVI, ali foram encontrados resquícios de um templo Zoroastrista do Século V, bem como resquícios de um templo budista ainda mais antigo.
Um detalhe interessante é que, no Século XVI, os judeus podiam usar a mesquita como sinagoga.
Ou seja, era um templo de adoração bastante eclético e simbolizava a tolerância religiosa que já existiu em Bukhara.
Nos arredores da mesquita, há ruínas de banhos turcos e de caravançarais.
Char minar
Afastada do centro, essa madraça do início do Século XIX conta com quatro minaretes.
Conta, ainda, com um estilo arquitetônico indiano, o que por vezes encontramos nos pontos de turismo no Uzbequistão.
E aqui se acabou nossa estadia em Bukhara, após o que seguimos para Samarcanda!
SAMARCAND – o principal ponto de turismo no Uzbequistão
Samarcanda (ou Samarcand) é o próprio símbolo da Rota da Seda, pois era sua cidade mais importante. Isso porque ela repousa em um ponto estratégico das vias que ligavam China, Índia e Pérsia.
É, ainda, a cidade mais icônica do turismo no Uzbequistão.
Ela começou a surgir no Século VIII antes de Cristo, na época do império Sogdiana.
No ano 329, Alexandre o Grande a invadiu e ele mesmo impressionou-se com sua beleza.
Ao longo do tempo, Samarcand passou pelas mãos dos turcomenos, persas, árabes, samânidas, karakhanidas, seljúcidas, bem como dos mongóis.
Estes últimos, no Século XIII, destruíram completamente a cidade. No entanto, o governante Emir Timur, nos séculos XIV e XV, a reconstruiu e lhe devolveu sua grandeza.
Como resultado, o período do reinado de Timur foi considerado o “Renascimento” de Samarcand, em termos artísticos, arquitetônicos e culturais.
Graças a isso, Samarcand, tornou-se o epicentro cultural e econômico da Ásia Central. Aliás, os monumentos que vemos atualmente são da época de Timur, ou seja, dos Séculos XIV e XV.
Por outro lado, Ulugbek, neto e sucessor de Timur, complementou o legado do avô e transformou Samarcand em um centro intelectual e científico.
Posteriormente, no Século XVIII, Samarcand sofreu uma série de terremotos que deixou seus edifícios em ruínas, retomando sua glória apenas no Século XIX, sob o domínio dos russos.
Além do centro histórico, Samarcand é composta por uma parte moderna, com largas avenidas e grandes edifícios, no mais característico estilo russo.
Confira, a seguir, suas principais atrações:
Gur-e-Amir: Mausoléu de Emir Timur
Este monumento, coroado por uma linda cúpula azul, é o local de sepultamento do grande governante Emir Timur (ou Amir Timur), que morreu de pneumonia, durante uma expedição rumo à China.
Dois de seus filhos e dois de seus netos (inclusive Ulugbek) estão igualmente sepultados neste mausoléu.
O salão que abriga as lápides é ricamente ornamentado:
Uma informação interessante é que a arquitetura deste mausoléu inspirou a construção do Taj Mahal, na Índia, por Shah Jahan, que inclusive é descendente direto de Emir Timur.
Estátua de Emir Timur
É claro que esse grande e destemido governante merecia uma estátua de proporções gigantescas, que toma conta praticamente de uma praça inteira.
Ao mesmo tempo temido e odiado, ele não deixava de ser amado por seus súditos.
Registan
O Registan é a parte mais importante do Centro Histórico de Samarcand, reunindo majestosos monumentos.
Além disso, é considerado o local mais bonito da Ásia Central, tendo sido palco do “movimento renascentista” da região.
Trata-se de uma praça, composta por três madraças equidistantes, ou seja, a Madraça de Ulugbek, a Madraça Sher Dor e a Madraça Tilla-Kari.
Na idade média, era um centro comercial que abrigava bazares, sendo que o nome Registan significa “lugar arenoso”. Na época de Timur, passou a ser um local onde as pessoas se reuniam para ouvir os decretos reais, assistir a desfiles militares, debater assuntos gerais e para presenciar execuções públicas.
A Madraça de Ulugbek foi construída em 1420 por Ulugbek, o qual inclusive chegou a dar aulas de matemática ali.
Outras matérias ensinadas na madraça eram teologia, astronomia e filosofia.
A fachada da madraça é coberta de mosaicos em formato de estrelas.
A Madraça Sher Dor data do ano 1636 e ostenta em sua fachada figuras de felinos, em forma de sol zoroastrista.
Por sua vez, a Madraça Tilla-Kari, do ano 1660, contém um pátio, bem como uma mesquita.
A mesquita, por sua vez, ostenta uma das decorações internas mais belas do Uzbequistão.
Com florais dourados, fundo azul marinho, moçárabes coloridos e afrescos, seu interior é delicadamente ornamentado.
A pintura do teto o faz parece abaulado, o que não passa, todavia, de uma ilusão de ótica:
Todas essas madraças continham dormitórios para seus estudantes, os quais acabaram por se transformar posteriormente em pequenas lojinhas de souvenirs.
Vale a pena retornar ao Registan durante a noite, para ver a praça e os monumentos iluminados.
Ao redor da Praça Registan, há várias opções de restaurantes e lanchonetes para jantar.
Mesquita e Mausoléu de Bibi Khanym
Bibi Khanym, uma bela mulher chinesa, foi a primeira esposa do governante Amir Timur.
Como ela era especial para o guerreiro, ele construiu um mausoléu e uma mesquita em sua homenagem, com os despojos de suas invasões à Índia.
Por outro lado, sua segunda e terceira esposas estão sepultadas no Shah-i-Zinda.
Shah-i-Zinda
O Shah-i-Zinda é um dos pontos mais evocativos de Samarcand.
É, ainda, um dos monumentos mais belos do mundo muçulmano, devido à delicadeza de sua decoração em terracota e azulejos azulados.
Trata-se de um complexo com diversos mausoléus, onde estão sepultadas algumas familiares de Timur, tal qual sua irmã, sobrinha, ama de leite e esposas.
A necrópole começou a ser construída neste local pelo fato de ali ter sido enterrado, no Século XI, um primo do Profeta.
Qusam ibn-Abbas, primo de Maomé, ajudou a difundir o islamismo na Ásia Central, razão pela qual o local tornou-se sagrado para os muçulmanos, além de ser um destino de turismo no Uzbequistão.
Assim, tempos depois, principalmente a partir dos Séculos XIV e XV, outras pessoas da nobreza, além de figuras notáveis, passaram a ser sepultadas no mesmo local.
Chama a atenção, por sua beleza e delicadeza, o mausoléu da sobrinha de Amir Timur:
Os mocárabes foram minuciosamente elaborados em terracota e coloridos em esmalte azul.
Em frente, situa-se o mausoléu da irmã de Timur, com azulejos de um profundo azul:
Seu interior é decorado com figuras em forma de lágrimas, que simbolizam a tristeza por sua morte.
Na parte central do complexo, há diversas tumbas, sendo algumas delas de pessoas desconhecidas.
Mais adiante, de frente um para o outro, estão os mausoléus da segunda e terceira esposas de Amir Timur:
Seu interior é ricamente ornamentado com delicados mocárabes azuis e dourados.
Entre os mausoléus das esposas, situa-se a tumba de Khodja-Ahmad, um poeta e sufi:
O ideal é visitar o lugar bem cedo, para evitar as multidões.
Observatório de Ulugbek
Ulugbek, que foi o último governante da dinastia Timurida, era um famoso astrônomo e construiu esse observatório para se dedicar às ciências.
Ali encontra-se um museu, que expõe algumas de suas obras científicas, bem como seus retratos.
Encontramos, ainda, parte do que foi um grande astrolábio.
O instrumento, embora arcaico, tinha uma precisão muito à frente de seu tempo.
Museu Afrosiab
Neste local, encontram-se os resquícios arqueológicos mais antigos do império Sogdiana, que datam do Século VII, época do rei Varkhuman.
Ali atualmente funciona um museu, que ostenta afrescos daqueles tempos e retratam cenas do cotidiano do rei, como por exemplo ele recebendo dignitários de outros reinos, suas batalhas, entre outros.
Logo na entrada do museu, há um vídeo ilustrativo de como a cidade era antigamente.
Enquanto estiver em Samarcand, vale a pena jantar no contemporâneo restaurante Platán, que serve pratos sofisticados e deliciosos. Afinal de contas, provar a fabulosa culinária faz parte do turismo no Uzbequistão!
TASHKENT
Tashkent, capital do Uzbequistão, é uma cidade cosmopolita, onde o novo e o antigo se misturam.
Largas avenidas comportam restaurantes sofisticados, bares e lojas de grife, ao passo que também aninham museus e monumentos antigos.
Tashkent era, antigamente, um ponto de cruzamento de caravanas.
Posteriormente, nos Séculos XV a XVII, a cidade floresceu sob a dinastia Shaybanida, fundadora do que se tornou o moderno Uzbequistão.
Por outro lado, durante a ocupação soviética, a cidade tornou-se um centro de espionagem dos russos.
Não é propriamente um ponto de turismo no Uzbequistão, mas certamente tem seu charme.
A seguir, algumas de suas atrações:
Khast Imom
Essa praça não é apenas um ponto de turismo no Uzbequistão, mas é também o centro religioso da República. Atualmente, está em construção uma mesquita de proporções gigantescas, no mais tradicional estilo arquitetônico uzbeque.
Na praça situa-se, ainda, o Mausoléu de Abu Bakr Kaffal Shoshi, acadêmico e poeta, do Século XVI.
Por fim, na mesma praça, encontramos a Madraça Barak Khan, igualmente do Século XVI, onde atualmente funciona um centro de artesanato.
Juma Mashid
Não muito distante da Praça Khast Imom, situa-se a principal mesquita de Tashkent, ou seja, a Juma Mashid (mesquita de sexta).
Outras atrações de Tashkent
Algumas largas avenidas se encontram na rotatória de Amir Timur, onde há uma enorme estátua equestre do então governante.
Ao redor, situam-se o edifício do Senado, o Palácio do Governo, entre outros edifícios públicos importantes.
É interessante visitar, ainda, o monumento em homenagem às vítimas do terremoto de 1966, que deixou 300.000 pessoas desabrigadas e matou outras tantas.
Vale a pena, por fim, passear aleatoriamente pelas estações de metrô de Tashkent, que são meticulosamente decoradas com mármore, vidro colorido, painéis que retratam personalidades, como o astronauta Yuri Gagarin. Assim, embora seja um meio de transporte, o metrô de Tashkent acabou por se tornar um ponto de turismo no Uzbequistão.
Não deixe de conferir, ainda, nosso post sobre o Quirguistão, também na Ásia Central.
Sempre que eu via fotos do Uzbequistão eu ficava com muita vontade de conhecer esse país, e agora com esse seu guia eu estou pirando! Quero ir pra lá!!! Apaixonada pela história, arquitetura e cada detalhe dessa viagem. Obrigada por compartilhar
Que bom que gostou, Marcela! É um lugar que vale muito a pena conhecer, por sua riqueza cultural e histórica.
Você me deixou com saudade do Uzbequistão, um dos países mais bonitos que já visitei.
Realmente, é um dos lugares mais exóticos que já vi!
Que país incrível! Quero muito conhecer e o seu post é um roteiro perfeito para a minha viagem. Qual é a melhor época para visitar o Uzbequistão?
Olá Sônia! Que bom que gostou! Eu fui no outono, mas achei muito frio (em média, 7 graus). Por outro lado, ouvi dizer que no verão o calor é insuportável. Então, a melhor época para ir é na primavera de lá (março a junho).
Fiquei impressionada com o que vi aqui sobre o Uzbequistão, nunca imaginei que fosse tão lindo. Mais um destino que entra pra minha lista de lugares para conhecer e claro que experimentar o macarrão de endro :).
Olá Ná! É realmente um lugar impressionante! Se for possível, visite sim, você vai adorar!
Olá, eu adoraria conhecer o Uzbequistão, mas não faço ideia de como chegar no país!! Eu não consigo encontrar onde tem as passagens? Você saiu de onde? Eu sou de Vitória, Espírito Santo – Brasil. Adorei o seu post, beijosss.
Olá, eu adoraria conhecer o Uzbequistão, mas não faço ideia de como chegar no país!! Eu não consigo encontrar onde tem as passagens? Você saiu de onde? Eu sou de Vitória, Espírito Santo – Brasil. Adorei o seu post, beijosss.
Olá querida, a Turkish Airlines opera este trecho entre Brasil e Uzbequistão, parando em Istambul.