PARIS ALTERNATIVA: DEZ COISAS FORA DO COMUM PARA SE FAZER NA CIDADE LUZ

Antes de mais nada, devo dizer que eu, particularmente, não sou uma pessoa muito comum. Alguns dizem que sou até mesmo excêntrica. Logo, minhas viagens tampouco são “comuns” e explorar uma “Paris Alternativa” me caiu como uma luva.

Eu havia resolvido passar alguns dias em Paris, para fazer um curso de artes na Escola do Louvre. Fiquei, portanto, alguns dias apreciando a Cidade-luz e percorrendo caminhos que poucos turistas conhecem, o que logicamente me proporcionou experiências incríveis.

Assim sendo, vou relatar neste post, um pouco estas experiências visitando lugares “fora do circuito comum” de Paris.

Primeiramente, gostaria de observar, claro, que o viajante que vai a Paris não deve deixar de conhecer os pontos turísticos tradicionais, tais como a bela Torre Eiffel, o Arco do Triunfo, a catedral Notre Dame, dentre tantos outros suntuosos monumentos arquitetônicos.

Porém, Paris tem a oferecer verdadeiras preciosidades para quem está disposto a explorar os recônditos desta cidade fabulosa.

Embora as atrações obviamente extrapolem a quantidade de 10, eu vou relatar aqui apenas os 10 melhores lugares ou experiências fora do comum que vivenciei neste mês que passei lá.

Estadia em Paris

Eu havia alugado, de antemão, um pequeno apartamento em Paris, por intermédio de uma plataforma chamada http://www.pap.fr, um site de aluguel de imóveis por temporada na França.

O apartamento era uma graça, pequeno, porém muito bem decorado. Além disso, contava com uma coleção incrível de LPs de música francesa antiga. Acima de tudo, ele era extremamente bem localizado, pois se situava perto da praça da Bastilha e a 10 minutos de caminhada de uma estação de metrô chamada Sully-Morland.

Além disso, ali perto se situava o Le Village Saint-Paul, uma pequena vila com charmosos boulevards destinados apenas a pedestres, permeados de antiquários, sebos literários e galerias de arte.

Locomoção em Paris

Paris é uma cidade que conta com uma excelente malha ferroviária, ou seja, as linhas de metrô cobrem praticamente todos os pontos importantes. Assim, este era o meu meio de transporte principal. Por outro lado, há também ônibus e taxis e provavelmente meios alternativos, como Uber.

Passemos, então, às atrações:

Dez atrações fora do comum em uma “Paris alternativa”.

1- Passear pela Ilha de St. Louis

A Île St. Louis se trata de uma charmosa ilha fluvial, que repousa no leito do Rio Sena (principal rio que corta Paris). Parece até mesmo outra cidade!

A romântica ilha é entrecortada por ruelas e permeada de aconchegantes bares, restaurantes, sorveterias e lojinhas. Este local, que não passava de um pântano no século XV, passou a ser, na década de 20, o ponto predileto da chamada “Geração Perdida”. Essa turminha era formada por artistas e escritores, tais como Ernest Hemingway, Gertrude Stein, James Joyce, T. S. Eliot, entre outros intelectuais.

Recomendo, definitivamente, que você se sente em um dos cafés da ilha e saboreie um expresso, acompanhado de trufas de chocolate.

A partir dali, é possível, ainda, atravessar a pé para a vizinha Île de la Cité, onde está localizada a belíssima Catedral Notre Dame. 

Estação de metrô mais próxima: Pont Marie (Linha 7).

2- Curtir as festividades da “Fête de la Musique” em Paris.

Todo dia 21 de junho é celebrada na França a “Fête de La Musique”, ou seja, a Festa da Música, para celebrar o solstício de verão no hemisfério norte.

Nesta data, cada cantinho de Paris é prestigiado com música, dos mais variados estilos, desde música clássica, rock, jazz e blues, até música tribal. 

Há apresentações praticamente na cidade inteira, incluindo-se praças, parques, museus, bares, bem como na via pública.

Depois de uma longa fila, conseguimos, finalmente, assistir à apresentação de música clássica que ocorreu no interior do Museu do Louvre, sob a pirâmide de vidro. Passamos, igualmente, pela Praça da Bastilha, onde ocorria um show de rock. Por fim, passamos por um barzinho na rua do apartamento, no qual, para nossa surpresa, havia uma roda de samba! 

3- Caminhar pelas ruelas de Montmartre

Se existe um bairro boêmio em Paris, este bairro definitivamente é Montmartre! E esse atributo não vem de hoje, mas sim, de um par de séculos atrás! Isso porque ali se localizava a maior parte dos cabarés, salões de baile, tavernas, entre outros, no século XIX.

Esses estabelecimentos eram redutos de festas, noitadas, apresentações de dança e muito mais, além de ser o lugar em que a elite artística se reunia. Atualmente, o bairro está um pouco decadente, porém, ainda mantém boa parte de sua atmosfera boêmia. 

A área mais interessante é a parte alta do bairro, próximo à belíssima igreja Sacré Coeur, posto que esta permaneceu um pouco mais alheia à modernização da cidade. Perambular pelas ruelas dali parece uma viagem no tempo!

Ou seja, se você quer vivenciar uma Paris alternativa, o lugar é Montmartre!

Na praça dos artistas, você vai se deparar com um punhado de pintores, com cavalete, papel e aquarela nas mãos, que vão, antes de mais nada, se oferecer para pintar um retrato seu. 

Nas estreitas ruas de Montmartre, ainda é possível ver alguns poucos dos outrora inúmeros moinhos ali existentes. Próximo a um destes moinhos está localizado o restaurante Moulin de la Gallette, no qual, durante a Belle Époque (século XIX), funcionava um popular salão de dança. As estrondosas festas que se passavam ali eram retratadas por artistas como Renoir, Van Gogh e Toulouse Lautrec. 

Aliás, Van Gogh viveu em uma residência nas imediações, que era de seu irmão, Théo, e que existe até hoje.

As estações de metrô ficam um tanto quanto afastadas da igreja, sendo necessário, portanto, caminhar um pouco. Além disso, é preciso subir as escadarias para atingir a parte alta do bairro.

4- Perambular pelas ruas do Quartier Latin e tomar um café no Procope

O bairro leva esse nome sobretudo em razão de algumas ruínas romanas, que remontam à época do grande império (mais especificamente, século III). É um bairro universitário, sendo, portanto, bastante movimentado e animado. 

Nestas redondezas, Pablo Picasso pintou sua mais famosa obra, “Guernica“, ao passo que Dante Alighieri escreveu sua obra prima, “O Inferno“, e James Joyce escreveu “Ulysses“. 

Outra curiosidade é que George Orwell (sim, o escritor da obra que inspirou a criação do programa “Big Brother”!) viveu aqui para fins de, em suas palavras, “experimentar a pobreza”. 

Ainda nas imediações, é possível ver, além dessas ruínas, também o belíssimo Panteón, a Igreja Saint Sévérin, bem como a Faculdade de Direito da Sorbonne.

Já o café Procope, o mais antigo café de Paris, data de 1686 e era anteriormente ponto de encontro de revolucionários e intelectuais, tais como Benjamin Franklin, Lafayette, Jefferson entre outros. 

Não muito distante dali, está a Place de la Contrescarpe, uma agradável praça, repleta de bares, bem como bistrôs.

Estações de metrô mais próximas: Odeón, Cluny-La Sorbonne (linha 10) e igualmente Place Monge (linha 7).

5- Explorar o bairro Montparnasse e subir a Torre de Montparnasse, para uma vista panorâmica dessa Paris Alternativa

Nesse pitoresco bairro está localizada a Torre Montparnasse, com aproximadamente 60 andares, a qual oferece uma vista panorâmica de Paris. É possível subir até o último andar, mediante o pagamento de um ingresso de entrada. 

É infinitamente mais vantajoso subir esta torre, do que subir a Torre Eiffel: primeiramente, porque nesta não há filas quilométricas e, em segundo, porque desta, você tem uma vista privilegiada daquela.

Montparnasse é, além disso, reduto de pintores e artistas, abrigando diversos ateliês de pintura e pequenas galerias de arte. 

Vale a pena, ainda, visitar o lindo restaurante La Coupole, cujas paredes foram pintadas por artistas que não tinham dinheiro para pagar suas refeições e, portanto, pagavam com sua arte.

A partir dali, é possível caminhar até o refrescante jardim do Palácio de Luxemburgo, construído, em 1650, por Luís XIII, em homenagem à sua mãe, Maria de Medici. 

Tive a sorte de chegar exatamente no momento em que acontecia uma apresentação de jazz no coreto dos jardins e me sentei no café ao lado, para apreciar a música.

Por fim, um ponto que os amantes de Dan Brown vão gostar de visitar é a Igreja de Saint Sulpice, um dos cenários da trama do escritor, “O Código da Vinci”. 

A igreja não tem nada de mais, porém, em seu pátio externo, por vezes há uma encantadora feira de artes. Uma das tendas expunha e igualmente vendia vinhos, provenientes de uma vinícola do sul da França. 

Ali tomei uma taça e morri de rir com os vendedores, que logo identificaram que eu era brasileira, por causa do meu sotaque, e me disseram que nosso paladar sul-americano está acostumado aos vinhos “grosseiros” do Chile.

Estações de metrô mais próximas: Montparnasse Vaugirard, Vavin, Edgar Quinet, Luxembourg, e igualmente Saint-Sulpice.

6- Assistir a uma peça de teatro no Comédie-Française e a uma apresentação no Opéra Garnier

O centenário teatro Comédie-Française, construído em 1680, era o principal local de encenação das peças do célebre Molière. Dessa forma, quando eu estive lá, assisti a uma comédia deste conspícuo dramaturgo, a qual tinha um ótimo enredo e um lindo cenário, chamada “Le Malade Imaginaire”.

Estação de metrô mais próxima: Palais-Royal-Musée du Louvre (Linhas 1 e 7).

Já a Opéra Garnier é um dos edifícios mais belos de Paris, construído em 1669 e reconstruído em 1861, no estilo neoclássico, tendo inspirado, nesse sentido, a construção dos Teatros Municipais de São Paulo e do Rio de Janeiro. 

Este estabelecimento é palco de inúmeras apresentações de música clássica e óperas, de compositores das mais diversas nacionalidades. 

Assistir a um espetáculo ali é, portanto, uma experiência imperdível. Porém, é possível apenas fazer a visitação guiada, sem assistir a nenhuma apresentação.

Estação de metrô mais próxima: Opéra (Linhas 3, 7 e 8).

7- Passar uma tarde na região do Les Halles, Bolsa do Comércio e Rua Montorgueil e sorver o melhor da Paris Alternativa

Esse é definitivamente um dos meus passeios favoritos em uma Paris alternativa!

É delicioso passar uma tarde preguiçosa perambulando por esta região, onde se pode apreciar a bela arquitetura dos edifícios e degustar um bom vinho ao ar livre, nos tantos bares que existem ali.

Em primeiro lugar, passa-se pelo Les Halles, uma moderna galeria ao ar livre, situada no mesmo lugar onde funcionava, no século XIX, o mercado municipal da cidade.

Praticamente ao lado, fica o histórico edifício da Bolsa do Comércio. Caminhando-se mais um pouco, chega-se, por fim, à envolvente Rua Montorgueil, repleta de bares e bistrôs. 

Sentei-me em um desses barzinhos ao ar livre e tomei uma cerveja Leffe, aproveitando a ocasião, dessa forma, para botar a minha leitura em dia.

Para mais dicas de uma “Paris alternativa”, confira igualmente o post da Sylvia, do blog “Lugares de memória”, sobre as ruelas e passagens parisienses (você vai adorar!)

8- Visitar os Museus d’Orsay, Orangerie, Marmottan e Pinacoteca de Paris.

A maioria das pessoas que vai a Paris visita o Louvre, que é incrível, claro. Contudo, nem todos visitam os museus menores e que são tão interessantes quanto o Louvre. 

Alguns deles são Orsay, Orangerie, Marmottan, bem como a Pinacoteca de Paris.

Musée d’Orsay

O Musée d’Orsay alberga um exímio acervo de pinturas dos maiores expoentes do Modernismo, tais como Monet, Manet, Degas, Renoir, Van Gogh, Cézanne, Picasso, entre muitos outros. 

Estação de metrô: Solférino (Linha 12). Trem: Musée d’Orsay (Linha C).

Orangerie

Esse pequenino museu fica no Jardins de Tuileries e abriga as famosas Ninféias de Monet, as quais são painéis extensos retratando os jardins da casa do artista. Além disso, o museu conta com algumas obras de Renoir, Cézanne e ainda de Picasso. 

Estações de Metrô: Tuileries (Linha 1) e igualmente Concorde (Linhas 1, 8, 12).

Marmottan

Neste museu, podemos contemplar as belas obras, primordialmente, de Monet, mas também de Sisley, Pisaro e Morisot. Esta última era a principal artista do sexo feminino do Impressionismo.

Estação de metrô mais próxima: Ranelagh (Linha 9).

Pinacoteca de Paris

Além do acervo permanente da pinacoteca, ali frequentemente ocorrem exposições temporárias. Quando fui, estava acontecendo uma exposição de obras provenientes do museu Hermitage (Rússia) e havia obras de Van Dyck, Rembrandt, Ingres, Diego Rivera, entre outros.

Próximo à Pinacoteca, fica a impressionante igreja Madeleine, construída em forma de templo grego, cuja construção foi encomendada por Napoleão Bonaparte.

Estação de metrô mais próxima: Madeleine (Linhas 8, 12 e 14).

9- Fazer um piquenique no gramado do “Les Invalides“

O “Les Invalides” é mais uma suntuosa obra napoleônica, construída para fins de abrigar nada menos que o túmulo do próprio Napoleão Bonaparte. Vale a pena visitar seu interior e ter, dessa forma, um vislumbre do majestoso jazigo.

Além disso, faça como os parisienses, sentando-se, sob o sol, no vasto gramado externo e ali faça um piquenique, preferencialmente, com um bom vinho.

Praticamente em frente ao Les Invalides fica a bela Ponte Alexandre III e, do outro lado do rio, os lindíssimos Grand e Petit Palais, os quais abrigam exposições temporárias.

Estação de metrô mais próxima: Invalides (Linhas 8 e 13).

10- Fazer um curso em Paris

Paris é uma cidade cosmopolita, que contrasta o antigo com o contemporâneo. Ela é rica em cultura e história, ao passo que é, ao mesmo tempo, arrojada e moderna.

Dessa forma, graças à sua diversidade cultural, é possível encontrar cursos dos mais variados.

Recomendo, assim, que você faça um curso, seja de artes, de culinária, de sommelier ou de outra coisa qualquer, para poder vivenciar o dia a dia da cidade.

Eu cursei três módulos distintos sobre História da Arte, na Escola do Louvre, sendo que cada módulo tinha a duração de, em média, uma semana. Os temas foram, respectivamente, Arte Funerária Grega, Modernismo (Japonismo) e Maneirismo, sendo, portanto, uma experiência absolutamente inesquecível!

11- Recomendação bônus: a Paris alternativa LGBTQI+

A maior parte do entretenimento LGBTQI+ está no Marais, um vívido bairro que conta com inúmeros bares, bistrôs e clubes cujo público majoritário, mas não exclusivo, é LGBTQI+.

A noite lá é animadíssima e é essencial, portanto, conhecer essa parte da Paris Alternativa!

A foto acima foi tirada no bistrô “Le Coude Fou“, que fica na Rua Bourg Tibourg, Marais, onde comi um delicioso tartare de pato.

Compras e afins

Quem gosta de passear em lojas não pode deixar de ir às magníficas Galerias Lafayette, cujo prédio, datado do século XIX, por si só, já é uma atração imperdível.

Vale a pena, ainda, conferir as elegantíssimas lojas de grife da Rua Cambon e imediações, tais como Chanel, Dior, entre outras. Mesmo que os produtos não caibam dentro do seu orçamento, respirar o ar desses lugares já é um prazer inenarrável.

Aproveite e dê uma paradinha para poder saborear um chocolate na Ladurée, na Godiva ou na Angelina.

Por outro lado, para lojas mais baratas, a melhor opção é ir a Montmartre, que é repleto de grandes magazines em promoção.

Em resumo, Paris é uma cidade fabulosa, que tem muito a oferecer!

Confira, ainda, a postagem sobre Interior da França e os Castelos do Vale do Loire.

Para mais destinos, veja também nosso roteiro na Europa.

Veja, ainda, nossas dicas sobre New York.

Este post faz parte de uma publicação coletiva, cujo tema é “10 pontos turísticos”, nos mais variados locais.

Não deixe de conferir os demais destinos, que têm excelentes dicas, acessando os seguintes links:

1- De lugar nenhum: 10 pontos turísticos em Barcelona

2- Viaje sem Pacote: 10 pontos turísticos de Fortaleza

3- Review de viagem: O que fazer em Amsterdam

4- Nacionalidade Mundo: O que fazer em Turim